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TUDO PODE MELHORAR

Em 2017, após fechar os resultados de uma pesquisa por mim realizada, entrevistei o General Roberto Jungthon. A segurança aparecia como a primeira na lista de preocupações dos hamburguenses. Refiz a pesquisa este ano e o tema perdeu a relevância, o que é muito bom para todos nós.

General Roberto: com o registro de quaisquer ocorrências, as estatísticas podem ser melhor trabalhadas.

“O indicador utilizado para a medição da criminalidade no mundo todo é a taxa de homicídios” informa o General Roberto. Temos melhorado nossos índices neste e em outros indicadores. Ou seja, estão surtindo efeito as ações realizadas ao longo desta gestão. Em comparação com 2019, a queda nos homicídios foi de 45%.

O General faz questão de frisar que os avanços não advêm de um trabalho exclusivo da administração. “Mas são parte do conjunto de ações da municipalidade, que assumiu o tema da segurança e vem atuando com todas as forças que têm sede em Novo Hamburgo. Os resultados numéricos estão aí e são perceptíveis”, diz ele.

O enfrentamento à criminalidade, todos sabemos, pressupõem a existência de pelo menos dois fatores: recursos e pessoas. Temos nos saído bem pelo alinhamento dos atores envolvidos diretamente, otimizando, assim, os recursos financeiros, materiais e imateriais (procedimentos, normas) e tecnológicos. E as pessoas, que fazem a grande diferença.

“A nossa Guarda Municipal, que faz o elo entre ações preventivas e ações repressivas, tem hoje a tecnologia inserida no cotidiano dos seus agentes, melhorando as condições de trabalho e possibilitando a prestação de um serviço mais qualificado para a população.”

Os números publicados pela Secretaria de Segurança do Estado, com base nos registros de ocorrências de Novo Hamburgo, dão conta de que tivemos quedas muito expressivas também nos furtos e roubos às residências. De modo geral, a segurança avançou, comprovando que escolhemos o caminho adequado e que a cidade deve continuar acreditando na articulação dos esforços conjuntos das forças aqui sediadas.

Na entrevista de 2017 o General Roberto Jungthon havia antecipado ações também na prevenção à violência. Questionado agora, ele respondeu que:

“Associado à questão da repressão, houve um investimento considerável neste quesito e aí a parcela do município é maior. Nos últimos 2 anos, o Programa de Desenvolvimento Integrado teve algumas partes mais visíveis: o Parcão, o Centro, a Praça do Imigrante. Mas também fez parte desse programa um projeto dedicado exclusivamente à prevenção da violência, onde tivemos uns 25% da população impactada. Não é um número trivial.”

Fonte: Secretaria de Segurança de Novo Hamburgo.

Será que as pessoas já percebem essa melhoria? Não temos uma régua que meça essa isso, mas há, sim, evidências. Pergunto se é possível que as pessoas que residem em casas de rua sintam-se mais seguras. O General Roberto nos acena positivamente.

“Eu acredito que sim, e esse não é só um parecer fundado na esperança. Por que eu acredito que isso vá acontecer? Porque estamos vivendo um momento de consciência de todos: agentes públicos, cidadãos… Há esse esforço explícito dos órgãos governamentais sendo postos em prática. Existem concursos que estão aumentando o efetivo, tanto aqui no município, que já tem um concurso em andamento – só foi suspenso devido à pandemia -, e há também na Polícia Civil, na Susepe, na Brigada Militar. E o cidadão cada vez mais fazendo sua parte, fazendo um boletim de ocorrência, denunciando, se importando e ajudando.”

Foto: Divulgação

 

UMA VIDA NA FUNERÁRIA

Em 1922 o seu Carlos Krause fundou uma lojinha em frente à Praça Vinte de Setembro para fabricar móveis. 5 anos se passaram e, numa noite, muitos carros cercaram a praça e ligaram seus faróis iluminando-a completamente. Deu-se ali, a reunião que selou a emancipação de Novo Hamburgo. Quem recordava e contava essa história era a avó do Sr. Alberto Franceschetti, o Beto Krause, da funerária. O episódio passou-se em 1927.

Na nova cidade logo ocorreria um óbito. Óbvio! Em não havendo funerária, perguntaram ao seu Carlos se faria um caixão. Ele fez. Morreu mais um. Ele fez outro. E assim a lojinha foi virando funerária. Dna. Adolfina, a esposa, administrava o negócio.

Aqui ficava a loja de móveis que deu origem ao Grupo Krause.

“Eu nasci dentro da funerária. Lembro da vó da minha mãe e da tia Frida dando o acabamento nos caixões, invariavelmente com tecido preto, preso com tachinhas. Eu era um piruzinho, ficava sentado numa escada observando o trabalho delas. Com 12 anos, meu  pai já era o proprietário e comecei a ajudar. Fazia cruz, fita, forro… Aos 14 já puxava enterro, dirigindo sem carteira de habilitação.”

A família não tinha carro, nem dinheiro para comprar um. “O pai era muito amigo do pessoal do Curtume Júlio Adams, que ficava logo acima. Quando morria alguém, pedia emprestada a camionete, fazia o serviço e devolvia ela. Assim foi até conseguir comprar o dele. Meu pai fez o primeiro carro fúnebre de Novo Hamburgo.”

São constantes os encontros da equipe a fim de melhorar seus processos e serviços.

Funério, papa defunto e coveiro foram alguns dos apelidos com os quais teve de conviver. Mas não colaram, o Beto que trabalhava 24 horas por dia, 7 dias por semana, 30 dias por mês, 365 dias por ano falou mais forte. “ Vale lembrar que perdi muita namorada. Elas tinham medo de mim, não gostavam de pegar na minha mão.

Acabou conhecendo a Beth, que sempre foi uma baita companheira e casou-se aos 22 anos. “Minha vida era ali dentro, não podia sair. Trazia a Beth,  de repente tinha que sair para atender um serviço e quando voltava, encontrava ela sentada na frente, atendendo uma outra família.”

Histórias não lhe faltam. Naquela época, conta ele, o jornal NH tinha uma única edição semanal. A forma encontrada pelas funerárias para divulgar os falecimentos era imprimir cartazetes numa gráfica e distribuí-los nos bairros que a família indicava. Geralmente, afixavam nos postes de luz e árvores.

Beto trabalhou auxiliando o pai até este se aposentar. Em março de 1981 assumiu o comando. “Eu tinha um objetivo e isso me fez lutar muito. Me esforçava, aprendi como devia fazer… e foi dando certo. Quando criaram as capelas mortuárias do Regina, percebi que tinha que transferir a funerária para mais perto, com o propósito de dar um melhor atendimento aos meus clientes, pois estávamos na Julio de Castilhos e não existia a comunicação como existe hoje.”

Beto passou o bastão para seu filho, Gilberto Franceschetti.

A sensibilidade de empreendedor foi se aguçando com o tempo. “Muita gente vinha falar comigo para pagar adiantado o enterro de um familiar, mas não podia aceitar, pois poderia não estar mais aqui quando precisassem. Então, em 1998, criamos o Assistencial Krause, cuja sede é, hoje, naquela casa perto da Praça Vinte. E nesta semana, foi inaugurado o Memorial Krause, um cemitério com tecnologia de última geração.

Atualmente, Gilberto Franceschetti, quarta geração da família, é quem comanda o Grupo Krause. Mas as melhores histórias quem conta ainda é o Beto da funerária.

Fotos: Divulgação

PENSAMOS IGUAL, MAS DIFERENTE

Com o propósito de “quanto melhor conhecermos, melhor poderemos fazer um pelo outro”, disparei em abril último uma nova pesquisa.

Como consultor imobiliário, saber o que pensam os moradores hamburguenses sobre a cidade que escolheram para morar e poder compartilhar os resultados é muito bom. Afinal, Somos todos Novo Hamburgo!

Não há receita para um bairro ser bom. Na sua grande maioria diferentes perfis de moradores convivem numa determinada região. E, portanto, não é possível generalizar as percepções de cada um, mas temos alguns indicadores, como localização e conveniência da infraestrutura oferecida, exercerem grande influência sobre a qualidade de vida.

A pesquisa se deu através de 3 perguntas. Vamos lá:

1º COMO AVALIA SEU BAIRRO?

Neste sentido, percebe-se um equilíbrio, com a grande maioria dos participantes classificando o seu bairro como bom e muito bom.

2º O QUE PODERIA MELHORAR?

Das respostas compiladas, 94,20% evidenciaram 7 pontos em comum. A grande maioria, portanto, mostrou que está pensando a cidade sob o mesmo prisma. Ao menos é o que se depreende quando o conjunto de preocupações aponta para os mesmos fundamentos.

3º MORA EM CASA OU APARTAMENTO?

Diferentemente da pesquisa realizada em 2017, a participação apresentou um número significativo de moradores de casas. Penso que esta opção tenha se fortalecido pela melhoria da segurança.

Quero deixar claro que os levantamentos aqui apresentados não têm base num estudo científico, mas refletem as opiniões dos públicos com quem me relaciono na Revista Expansão e no blog, aos quais agradeço de todo coração pela atenção a mim dispensada. E, desde já, quero convidar quem pensa diferente para participar das próximas pesquisas.

Até lá!

 

Ô DE CASA

A campainha era assim, no grito, quando todos os hamburguenses viviam em casas. Se não era no grito, era batendo palmas na frente da residência que as pessoas tentavam chamar a atenção do morador, fosse para pedir emprestada uma ferramenta, algum insumo que faltara na cozinha, para se informar de alguma ocorrência ou saber a opinião do vizinho sobre qualquer assunto.

Retrato de rua já densamente povoada no bairro Hamburgo Velho, quando vizinhos ainda se conheciam pelos nomes.

Essa lembrança me veio quando comecei a disparar um novo questionário para clientes, amigos, leitores e os hamburguenses com quem tenho alguma possibilidade de contato digital. Gastei bons minutos me deliciando com as fotografias mentais daqueles tempos longínquos e me divertindo com o comparativo de épocas. Imagine ir de porta em porta, chamando ou batendo as mãos para ouvir a opinião dos vizinhos hoje.

O nosso modo de vida mudou! Mas é interessante como algumas características originais, por assim dizer, marcam diferentes culturas, cada qual com suas particularidades. Meu estudo, como os anteriores que realizei, não tem caráter científico, obviamente. Colho informações e formulo minhas percepções para orientar meu trabalho de consultoria imobiliária e para inspirar histórias ou compartilhar informações aqui no blog, na Revista Expansão e  no espaço do associado da ACI. Você deve estar se perguntando: mas que particularidade foi essa que se destacou tanto? Eu digo: mantém-se entre nós, um apreço muito grande por viver numa casa.

Recentemente, conversei com a  Jacqueline Schneider, psicóloga, pois queria que ela fizesse uma reflexão sobre a nossa realidade atual, envolvidos por uma pandemia que jamais pensávamos viver. Ali o assunto já se insinuou, mas por outro viés. Palavras dela: “Esse lugar onde eu vivo, ele realmente me representa? Me acolhe? Me satisfaz?

Um contingente significativo de moradores de Novo Hamburgo continua dando valor a residir em casas. Penso que esta opção também tenha se fortalecido novamente, pela melhoria de um indicador importante: a segurança. Houve uma diminuição considerável de citações dos participantes com esta preocupação e um crescimento de menções às residências.

Outro fator que se destacou foi a satisfação de mais de 50% dos respondentes com os bairros em que vivem. Percebia isso nas conversas com empresários para o “Empreendendo nos Bairros”, entrevistas do blog com representantes da nossa economia. Particularmente, considero isso muito positivo, pois este tipo de relação com o ambiente físico faz com que, naturalmente, as pessoas dediquem maior atenção aos passeios públicos, à limpeza, arborização e benfeitorias outras que afetam diretamente o dia a dia de cada morador. Quem gosta, cuida.

A relação com o patrimônio histórico, aos poucos, vai ganhando relevância. Com percentual ainda distante de lembrança, ao menos já aparece alguma preocupação em relação a essa herança tão importante e representativa da nossa sociedade. Poucas cidades têm uma riqueza histórica tão expressiva como a que temos e é fundamental que se preserve e se proteja todo esse legado.

Patrimônio Histórico: parte da nossa identidade está diretamente ligada aos antecessores.

A todas e todos que participaram deste estudo, gostaria de deixar meus sinceros agradecimentos. É muito gratificante encontrar apoio e participação da comunidade da gente numa iniciativa assim, que não tem pretensões além daquelas destacadas lá no início desta matéria. Das respostas compiladas, 94,20% evidenciaram 7 pontos em comum. A grande maioria, portanto, mostrou que está pensando a cidade sob o mesmo prisma. Ao menos é o que se depreende quando o conjunto de preocupações aponta para os mesmos fundamentos. Nas próximas edições vou me dedicar a explorar cada um deles, entrevistando as pessoas que respondem diretamente por cada assunto. Espero ter a sua companhia.

 

SAÚDE PARA TODOS

Todos nós temos sonhos. Nassir Taha, um fronteiriço de Uruguaiana, trouxe para cá os seus. Após concluir a graduação em Educação Física na cidade de Bagé, ele veio de mala e cuia para Novo Hamburgo. Aqui, deu aulas em academias e continuou seus estudos na Universidade Feevale, onde cursou Fisioterapia e, depois, fez MBA em gestão empresarial.

Dr. Caio e Nassir: entre uma consulta e outra, o sonho transformou-se em realidade.

Nassir conta que antes mesmo de conseguir estruturar sua própria clínica de fisioterapia, já acalentava o sonho de poder estender o acesso à saúde aos mais necessitados. “Tinha isso comigo… Andava de um lado para o outro com essa ideia escrita numa pasta: oferecer várias especialidades clinicas para as classes D e E, que estavam longe de poder arcar com os custos de um plano de saúde privado.”

Como trabalhava demais, o sonho foi sendo postergado. Faltava tempo e, também, dinheiro e parceiros com quem pudesse contar plenamente. Através da clínica de fisioterapia, foi formando parcerias com médicos da área de ortopedia, inicialmente, e começou a prestar serviços em clínicas particulares. Conseguiu montar um serviço de fisioterapia para a prefeitura da cidade de Paverama e viajou, semanalmente, durante 7 anos para lá.

Mas foi nesse corre-corre que ele percebeu ainda mais claramente que sua ideia tinha valia. Na prefeitura havia uma demanda reprimida de várias especialidades. O tempo passou, o contrato com a municipalidade encerrou e Nassir conheceu, dentro de uma clínica para a qual prestava serviços, o Dr. Caio.

“Conversei com ele, falei sobre o projeto de criar uma clínica médica com especialidades a um custo acessível para a grande maioria da população. Tenho a satisfação de dizer que meu pensamento de criar uma clínica de baixo custo foi muito anterior a qualquer outra que surgiu em Novo Hamburgo.”

Firmada a sociedade, em 3 meses montaram, num local próximo à antiga rodoviária, a NH Saúde. A proposta era atender as demandas das prefeituras da região e as pessoas que não tinham plano de saúde ou tinham dificuldade para pagar uma consulta particular. Nesse ano, ela completou 10 anos.

NH Saúde: dez anos e com muita história para contar.

O perfil de atendimentos passou para pacientes da classe B e C, situação favorecida pelos preços exacerbados dos planos, que também obrigou as empresas que ofereciam o benefício para seus funcionários e tiveram que  reduzir seus custos. “Um diferencial da nossa clínica é que a grande maioria dos médicos estão conosco há 8/10 anos”, afirma.

A NH Saúde iniciou em 140 m². Atualmente, a sede tem 380 m² e já conta com especialidades na odontologia, serviços laboratoriais, fonoaudiologia, ecografia.” Além disso, montamos um ambulatório equipado para pequenos procedimentos cirúrgicos”, orgulha-se o sonhador e empreendedor Nassir.

Na NH Saúde, diz, existe a consciência de que é necessária a melhoraria constante dos serviços de atendimento ao paciente e qualificação da equipe como um todo. Esta meta deve ser permanente, conclui.

Quanto ao bairro Rio Branco ser um lugar interessante para empreender, as palavras do empresário são: “Sem dúvida, escolhemos o bairro desde o início pela facilidade das pessoas chegarem à clínica, vindos, inclusive, de outras cidades. Além disso, é um bairro de muito comércio, que está apenas a 300 metros do centro.”

Fotos: Divulgação

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O CHEIRO DA MADEIRA O ENCANTAVA

Formado na AFE (Arado, Foice e Enxada), o homem que criou e transformou em referência tecnológica uma fábrica de móveis em Novo Hamburgo me recebeu para falar da sua trajetória pessoal e empresarial. Fundador da Formóveis, marca vendida em todo o país, o senhor Waldir Ludwig fez de tudo um pouco na vida e nos mostra como a persistência é fundamental para alcançar o sucesso.

“Até os 17 anos eu trabalhei na roça. Por um período curto, fui empregado numa fábrica de móveis e aquilo mexeu comigo. Sempre tive alguma coisa com a madeira. Na escola, adorava fazer eram os trabalhos manuais. Tinha uma marcenaria no colégio e quando nos permitiam pegar as madeirinhas que iriam para o lixo, aquilo era tudo para mim. O cheiro da madeira me deixava encantado.”

Júlio, Waldir e Delci: da colônia para a cidade grande, produzindo móveis para todo o Brasil.

Aos 18 anos foi servir ao exército e, por ter o registro de marceneiro na carteira de trabalho, foi encarregado dessa área no regimento e sentiu a importância da profissão. Relembra as amizades que fez com oficiais que nunca teria acesso se não fosse pela marcenaria. “Eu era disputado, estava sempre lotado de coisas para fazer. Afinal, todo mundo tem sempre uma coisinha para arrumar em casa.”

Com 35 anos, resolveu deixar o noroeste do estado. Saiu de Três de Maio, com a mulher Delci e o filho Júlio, para tentar a sorte na cidade grande. Ao chegar em Novo Hamburgo, não buscou colocação no calçado, como todo mundo. Foi procurar emprego numa fábrica de móveis, claro. O proprietário não tinha vaga e sugeriu que ele fizesse artesanato para se manter. Fez porta-cuia e outros artigos que muitas vezes eram moeda de troca por comida nos mercados.

A esposa empregou-se como doméstica e como gostaram dela, a família para a qual trabalhava ofereceu uma casa na Vila Rosa. O jovem casal mudou-se de Canudos e foi no novo bairro que seu Waldir conseguiu o primeiro emprego numa marcenaria, depois de muito tempo fazendo artesanato e bicos.

A Formóveis fabrica móveis para todos os ambientes da casa.

“Nessa empresa, que era de móveis em série, fiquei por um ano. Depois fui trabalhar numa que fazia móveis sob medida, onde fiquei uns 2 anos e, posso dizer, foi lá a minha faculdade, aprendi a lidar com o cliente final entre muitas outras coisas importantes para quem quer ter o seu negócio. Aliás, sonho que eu tinha desde criança.”

Com o dinheiro da rescisão, percebeu que poderia dar entrada numas maquininhas e foi assim que sua história mudou. Teve algumas sociedades, comenta, mas chegou o momento de unir a família em torno do negócio e então começaram Delci, Júlio e ele, a Formóveis. “Todo serviço era feito de forma artesanal, cortando peça por peça. Isso foi durante uns 10 anos e já contávamos com 16 marceneiros.” Delci atuava como financeira e também como pintora.

A vida de trabalho lhe reservara um novo ciclo, mais tecnológico. “Eu estava contratando um novo funcionário e ligou um rapaz. Perguntei se era marceneiro e respondeu que “era quase” e precisava de uma chance. Convidei e ele veio conhecer a fábrica. Olhou para um lado, olhou para o outro e de repente me disse… Seu Waldir, posso lhe dizer uma coisa? O senhor vai me desculpar, mas o senhor está muito errado.. O senhor precisa investir em máquinas, em tecnologia.”

Como esse rapaz tinha vivenciado a transformação de uma outra empresa, que saiu dos móveis sob medida para os planejados, decidiram contratá-lo. O Júlio, filho do seu Waldir, entrou de cabeça na parte tecnológica, buscando softwares e alternativas novas, sempre com o aval da Formóveis. “Foi muito sofrida essa transformação, mas a gente confiou e, graças a Deus, conseguimos unir a tecnologia com minha experiência de marceneiro do passado. O Júlio foi uma peça-chave naquele momento e continua sendo até hoje.

Desde o início das atividades manteve-se na Av. Victor Hugo Kunz, no bairro Canudos.

Hoje a Formóveis é uma loja de fábrica que atende todo o Brasil. O software da empresa é instalado nos computadores dos lojistas, que fazem através do nosso sistema, o projeto e o orçamenta e, depois de aprovado pelo cliente, mandam para a fábrica em Novo Hamburgo produzir as peças.

Pergunto se Canudos é um bom lugar investir. O fundador da Formóveis responde com emoção: Eu amo Canudos. Para mim Canudos e Novo Hamburgo são tudo. Não troco por nada!

 

NOSSO SEGUNDO LAR

Quando perguntam onde eu moro, respondo: em Novo Hamburgo. Acredito que a maioria das pessoas coloca a cidade antes da sua rua ou do bairro, quando confrontadas com esta questão. Não é assim com você também? Residir em Novo Hamburgo, todavia, é uma escolha pessoal. Nem eu e nem você somos obrigados a viver neste ou naquele lugar. Optamos por uma cidade porque nos familiarizamos com ela, com sua cultura, com sua infraestrutura, seus hábitos, oportunidades, sua gente. Nos identificamos tanto que quando voltamos de uma viagem, por exemplo, o sentimento é, literalmente, o de chegar em casa.

Novo Hamburgo de antigamente criou memórias inesquecíveis para as futuras gerações. (Foto: Acervo Felipe Kuhn Braun)

Óbvio que cada um tem preferências, particularidades, necessidades e restrições para optar por se estabelecer numa zona ou outra do município. Famílias há muito estabelecidas têm raízes mais profundas, formam relações de amizades e deixam bens imóveis que, as vezes, passam de geração em geração. Mas se não houvesse intimidade destes com o lugar, certamente os agraciados por uma herança dela se desfariam e mudariam de mala e cuia para onde melhor lhes aprouvesse.

As primeiras grandes cidades desenvolveram-se na Mesopotâmia, mais especificamente, em torno do Rio Eufrates, em torno de 3500 a.C, conta a história. Surgiram como assentamentos onde o comércio, o estoque da produção agrícola e o poder foram centralizados e onde os habitantes passaram a trabalhar em ocupações mais especializadas. Essas sociedades deram origem às civilizações, que através da união em torno de conceitos próprios ou até mesmo apropriados de outros povos, estimularam o desenvolvimento.

Esta breve viagem no tempo serve apenas para estimular aqui uma reflexão: numa vila neolítica ou em uma metrópole contemporânea, continuamos precisando uns dos outros para que boas práticas, boas ideias e soluções possam ser mais abrangentes, melhor resolvidas e ofertadas a todos aqueles que participaram, de uma forma ou de outra, dessa construção social que identificamos como “nossa cidade, minha cidade”. Se estou aqui porque me identifico, porque quero aqui estar, nada mais justo do que colaborar.

O projeto que temos neste sentido – e sobre o qual já havia dado algumas referências, feito alguns comentários – em função do Coronavírus terá que ser, definitivamente, adiado para o próximo ano. É uma proposta absolutamente inclusiva, ampla e democrática, que exige apenas olhar para fora, para o mundo, olhar para nós, para dentro e, então, focar o olhar novamente no futuro. Mas deixemos para depois.

Novo Hamburgo tem história e origem. E a sensação de pertencimento nos leva a cumprir um papel importante para o seu desenvolvimento. (Foto: divulgação)

Somos todos Novo Hamburgo e quando essas nuvens da pandemia se dissiparem precisaremos estar mais convictos do que nunca disso. Afinal, é nosso segundo lar. O primeiro é e sempre será aquele que é só seu e da sua família, mas que ainda assim faz parte de um jeito nosso de ser.

CIDADANIA

Palavra linda esta, que tem sofrido tantos danos que em alguns anos, o desgaste será de tal monta que seu significado poderá perder o verdadeiro sentido: a prática dos direitos e deveres de um indivíduo numa cidade ou estado. Direitos e deveres esses que devem andar sempre juntos, uma vez que o que é facultado a um cidadão implica, necessariamente, numa obrigação de outro.

O direito à vida é o mais importante de todos. E é respeitando a ele que temos dado exemplo. “No enfrentamento desta pandemia, nossos empresários entenderam a importância do momento e, apesar da preocupação e extrema dificuldade surgida para os seus negócios, assumiram uma postura muito responsável perante a situação.” Palavras ditas pelo Secretário do Meio Ambiente Udo Sarlet, também coordenador do setor de fiscalização do município.

Udo Sarlet: algumas atividades foram autorizadas a voltar, mas as pessoas entenderam que não há mais riscos.

É elogiável que empreendedores, muitos dos quais colocaram suas economias, seu esforço, suas horas de lazer na construção de um sonho,  tenham a capacidade moral de priorizar o outro para que o todo se mantenha, se sustente. Temos visto, país afora, um profundo desrespeito de uns com os outros. E aqui, em Novo Hamburgo, podemos ter a esperança de passar pelo ano mais difícil dos últimos tempos, unidos e esperançosos por um novo amanhã.

Há quem possa entender estas linhas como ridiculamente sentimentais. Mas tenho orgulho de ser hamburguense mais uma vez, de ser daqui e saber que tenho ao lado alguém que quer meu bem e não meu mal. Um empresário que quer ver render seu capital, mas olha o social. No contexto geral da pandemia no Brasil, estamos nos saindo relativamente bem. Com o auxílio e compreensão de todos e de toda a comunidade!

O Secretário Udo Sarlet confidenciou que “- Ficamos sensibilizados ao conversar com donos de bares, pubs e restaurantes noturnos, por exemplo, que não sabem como vão manter seus negócios. Essa consciência está também na indústria e nos mais diversos tipos de comércio, mas é importante ressaltar esses pequenos batalhadores. Nosso papel fiscalizador, claro, encontrou situações adversas, mas a grande parte de nossa atuação tem sido a de cientificar. ”

Bancas: o cuidado com o distanciamento social chegou nesta semana com a retirada das mesas e assentos.

Pegar juntos, estar juntos nas dificuldades é o que nos faz sociedade. Somos todos Novo Hamburgo e vamos superar isso. E bem-vindo seja o investimento do Santander, que vai gerar 4.500 empregos aqui. Num momento de tanto lamento, o valor deste coletivo nos recompensa com uma magnífica notícia. E porque escolheram se instalar aqui e não em outro lugar? Talvez a resposta esteja no título.

Fotos: Divulgação

 

 

PELA CIDADE

Foi por aqui que minha vida se sucedeu até agora. Foi nessas ruas, escolas e praças; nas festas de igreja, nos grupos de amigos, nas alegrias e nas tristezas que fazem a gente ser Novo Hamburgo, que eu me criei. Ando por aqui faz 61 anos. Desde que nasci, no bairro Hamburgo Velho. Vi crescer a cidade, florescer os talentos, esmaecer esperanças. Nunca vi, entretanto, esmorecermos diante de dificuldades.

Junto com o desenvolvimento, cresceu a demanda por estrutura para facilitar a vida dos cidadãos.

Outro dia, me peguei pensando: “Nossa cidade vai mudar com a pandemia?”. Creio que sim, essa coisa já mudou os planos de todos nós, mudou a gente. Mas cada um é um pedaço da cidade e é juntos que fazemos a vizinhança, o bairro, as conquistas… Nos desejamos bom dia!, nos fazemos gentilezas, sustentamos nossas vidas. Então, creio que vamos mudar para melhor. De novo, como tantas outras vezes, sob diferentes enfrentamentos, ao cabo somos todos Novo Hamburgo.

Minha crença no futuro foi reforçada no programa da Vale TV, semana passada, sob o comando do Rodrigo Steffen e com a participação da Cinara de Araújo Vila, Procuradora do Município, e do Marciano Fuchs, meu amigo e fundador da Y Ideas. Nossos pensamentos convergem e cada vez mais descubro gente que quer construir, ficar aqui, fazer parte de uma unidade que se orgulha de si própria. Aliás, pude confirmar a qualidade da audiência do Estação Hamburgo pela quantidade de manifestações nas minhas redes sociais, expressando carinho e incentivo para continuar o trabalho que venho desenvolvendo.

Em meio a tantas incertezas que ainda nos cercam, estamos com saudades das festas com os amigos e familiares.

A propósito, meus últimos movimentos foram no sentido de melhorar minhas percepções sobre às expectativas que os hamburguenses têm com relação ao trabalho dos corretores de imóveis. Conhecer os acertos e os erros dos profissionais, o que as pessoas querem, o que elas esperam. O retorno foi muito bom e a contribuição me será muito útil. No momento, estamos voltados novamente para os bairros. Logo, logo vocês terão notícias.

Continuo andando por aí, pesquisando, descobrindo Novo Hamburgo. E sempre que puder desfrutar da sua companhia e sugestões nessa jornada, esse processo só vai melhorar.

Fotos: Divulgação

ESTAÇÃO HAMBURGO

Foi num momento de instabilidade que comecei a pesquisar nossa cidade, hábitos, passado, presente, visando apurar meu olhar e me qualificar no mercado imobiliário. Hoje, quem diria, sou convidado para participar de programa de TV. Sim, gravamos hoje, via Skype, o Estação Hamburgo, que vai ao ar amanhã, sexta-feira, às 21h, pelo canal 14 da Net, mas que também pode ser assistido pelo Facebook e outras plataformas.

A Vale TV foi o primeiro canal de TV de Novo Hamburgo com transmissão regular ao vivo. Inaugurada em maio de 2009, é mais um daqueles tantos motivos que temos para nos orgulhar do lugar em que vivemos. No programa apresentado pelo Rodrigo Steffen, tive a companhia de dois outros apaixonados pela cidade: a Procuradora do Município Cinara de Araújo Vila, e o Marciano Fuchs, sócio-fundador de agência de comunicação hamburguense YIdeas. São novos tempos e repletos de novidades e desafios também.

A tecnologia possibilitou que gravássemos o programa cada um na sua casa, respeitando as regras do distanciamento social, aliás, outro fator do qual podemos nos envaidecer nestes tempos difíceis: a antecipação das ações realizadas pela prefeitura e a aderência da comunidade aos cuidados necessários para evitar a expansão do contágio pelo Coronavírus nos colocou numa posição um pouco mais confortável, se é possível usar esta expressão, diante de uma situação tão dramática de saúde.

A sua trajetória, a minha, a de cada um de nós, são só alguns exemplos do quanto somos competentes para vencer obstáculos, construir pontes, atravessar dificuldades. Sem esquecer que nossa querida cidade também surgiu da dificuldade. Está lá no Google e nos livros de história: a falta de recursos para concluir a estrada de ferro Porto Alegre-Hamburgerberg, em 1876, fez com que os ingleses que a construíam erguessem uma estação onde a obra parou, denominando-a New Hamburg-Novo Hamburgo. O local, até então um descampado, começou a atrair moradores e comércio, dando início à cidade.

Tenhamos paciência, coragem, fé e espírito comunitário. E assim tudo dará certo na nossa Novo Hamburgo. Ao Rodrigo Steffen, um abraço cordial e meu muito obrigado. Para vocês todos que me leem, um ótimo final de semana, com chuva! E assistam o programa na Vale TV.