MEZZO QUENTE, MEZZO CONGELADA

Ele tem sobrenome alemão, nasceu no interior de Guaporé e tem os dois pés na cozinha italiana. Edemir Kronhardt e o irmão Clóvis – falecido há 2 anos – chegaram a Novo Hamburgo em 1979. O sobrenome e o negócio que eles montaram todo o Vale do Sinos conhece: a Pizzaria Kronhardt. Mas até o reconhecimento e a fama da marca própria, houve sol e trovoadas, e muitas histórias que pavimentaram a trajetória, que segue agora na companhia do sobrinho Douglas.

Para Edemir, manter sempre um pedaço de pizza no prato do cliente, impulsionou o negócio.

“Para estudar, caminhava 3 km para ir e 3km para voltar, com chuva e barro ou sol e pó. Era meio dia de estudo e meio dia na roça.” Formado nas intempéries, acostumado com as distâncias que separam o ponto de partida do ponto de chegada, cedo aventurou-se Brasil afora. Em 1976, com 16 anos, foi convidado para trabalhar com um tio numa churrascaria em Curitiba. E lá foi ele.

Passado algum tempo, já mais experiente, aceitou uma proposta para ser gerente de churrascaria em Campinas (SP), na Via Anhanguera. “Foram mais três anos e meio de aprendizado no ramo da alimentação e lá comecei a conhecer outras coisas, entre elas, comer uma boa pizza.”

Em 1979 conheceu Novo Hamburgo. Como milhares de outros hamburguenses de fora, gostou da cidade e resolveu ficar. “A expansão do calçado era linda, maravilhoso de se ver. Então eu, meu irmão e um primo começamos a idealizar um projeto próprio: abrir alguma coisa que não tinha na cidade. Numa troca de ideias com amigos de Campinas, surgiu o rodizio de pizzas. Por capricho do destino, um parente que também era sobrinho do presidente do Grêmio dos Funcionários Municipais da época, nos convidou para assumir a economia do local, no bairro histórico de Hamburgo Velho, no Antigo Aliança. Foi onde tudo começou. ”

Edemir lembra que não havia rodízio de pizzas em Novo Hamburgo e nem no Estado. “Fomos os pioneiros aqui. Depois começaram a abrir outras, o que é natural em qualquer tipo de empreendimento”, afirma. Como também é natural ter pedras e espinhos no caminho. “Cidade nova, falta de conhecimento,  pouco dinheiro. Mas tínhamos uma coisa em comum com os hamburguenses: fibra e capacidade de trabalhar, de inovar. Aos poucos fomos sendo aceitos e nos encaixando.”

Ele, o irmão Clóvis, a mãe e a irmã buscaram locais para concretizar o sonho. “Tive o grande prazer de conhecer um senhor chamado Júlio Weissheimer, que acreditou no nosso projeto e me ajudou muito até concluir o estabelecimento para começar a trabalhar. No restaurante, recebíamos muitos importadores, ao meio-dia com almoço e à noite, com pizza.”

A divulgação foi acontecendo no boca a boca. Priorizando o atendimento, os Kronhardt foram ouvindo os clientes, muitos deles de companhias de exportação, gente que viajava o mundo, trazia ideias, sugeria adaptações, incentivava a criatividade.

“De repente, chegava o pessoal de São Paulo, da Bahia e perguntavam por que chocolate no rodízio de pizzas salgadas? Também fomos pioneiros nisso. Embora já existissem pizzas doces, a maneira como nós introduzimos, com vários sabores, foi inovadora.”

Sempre cuidadosa com a qualidade, a Kronhardt levou a Rodapizza para São Leopoldo e logo foi obrigada a investir numa fábrica própria de laticínios em Glorinha, para produzir seu próprio queijo. “Comprávamos de uma única empresa. Um dia quando cheguei para carregar, o diretor de vendas  disse que não tinha queijo para aquele dia e não sabia quando teria para nós. Foi o que nos levou a tomar aquela decisão.”

Atualmente, a Kronhardt mantém uma unidade com pizza quente em São Leopoldo e, em Novo Hamburgo, remodelou-se e virou uma indústria de pizzas congeladas. Mas, em breve, revela Edemir, teremos novidade na cidade.

 

 

 

 

 

 

 

 

SEM AGLOMERAÇÃO

No último mês de outubro a coluna “É Negócio?” completou 5 anos de presença ininterrupta nas páginas da Revista Expansão. Muitos que me acompanham no blog já me prestigiavam antes com sua audiência na revista e quero comemorar agradecendo a você, leitor, em primeiro lugar. Aos meus parceiros internos e externos. Ao Sérgio e a Ana – Diretores da Expansão – que tão gentilmente me receberam. Fundamentalmente, àqueles que abriram suas agendas, seus lares e escritórios para contar histórias, falar dos seus projetos e sobre nosso futuro.

A África, quem diria, já foi aqui (Revista Expansão setembro/2018).

Nascido e criado em Novo Hamburgo, conheço lugares, pessoas, fatos acontecidos, desde muitos anos. Antes da Casa de Chá, do Bar dos Podres – no topo da Maurício, que virou área imobiliária valorizadíssima – eu já corria por essas ruas, por estes bairros, fazendo amigos, vendo e curtindo a transformação de tudo. Através de uma história fui descobrindo outras. Com a oportunidade surgida na revista comecei a contar algumas. Criamos, então, o projeto Bairros de Novo Hamburgo. 

Depois lançamos o MAC – Meio Ambiente Cultural – também na revista, com assuntos inusitados, como cemitérios, mas também educação, industrialização, construção social, sempre com ótimos entrevistados. Para ter espaço para falar das tantas coisas que fizemos, temos ou sonhamos, foi necessário o Blog e com ele chegou a vez do projeto Empreendendo nos Bairros. “Tua profissão é Consultor Imobiliário, mas tua marca é ser hamburguense”, diz um amigo Marciano que eu tenho.

Hamburgo Velho – Vida Nova (Revista Expansão fevereiro/2018).

Já se passaram 5 anos! Fomos gerando interesse, formando uma audiência respeitosa, participativa, que vem dando alegrias e incentivos que não poderia sequer imaginar. E me reaproximando da cidade de uma maneira espetacular, pois me aproximo das opiniões por trás da porta da casa, da rua, do bairro, da vizinhança. Isto também diferencia o meu trabalho, qualifica meu olhar, embasa minha avaliação.

Motivos para festejar, temos um melhor do que o outro. Mas não dá para reunir sequer os entrevistados, imagina fazer uma aglomeração como naquelas festas maravilhosas da Revista Expansão. Mas vale é a oportunidade que fazemos e não a que não temos. Obrigado por estar comigo.

Fotos: Marcos Quintana

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

NÃO TE INTERESSA

O Julião, do Deglut’s, conquista a clientela na qualidade dos lanches que faz, no bom humor e na risada franca e poderosa. “Meu pai sempre dizia: teu cartão de visitas é o teu sorriso. Se tiveres dentes bonitos é meio caminho andado. Era um jeito dele incentivar a gente a cuidar bem dos dentes, que valorizava muito.” A voz grave de locutor de rádio e o porte avantajado escondem um ser humano doce, batalhador e que a criançada adora. O Tio Júlio é um sucesso entre os pequenos e faz amigos entre os grandes como ninguém.

“Já fiz entregas até para o nordeste brasileiro, por avião.”

“Iniciei meu negócio com 23 anos e agora, no dia 27 de outubro, o Deglut’s comemora 31 anos.” Foi em sociedade com o pai e a mãe que o Júlio começou a construir um nome que muitos clientes reputam como o melhor xis de Novo Hamburgo. Ele não tem uma localização privilegiada dentro do bairro Ideal, mas atrai pessoas de todos os cantos da cidade, de municípios vizinhos, da capital e já fez entregas até para apreciadores no nordeste brasileiro, por avião.

“Os pais de um ex-cliente estavam indo visitá-lo na Bahia e tivemos que montar uma operação complexa para poderem levar o xis. Foi até a maionese, acondicionada numa embalagem com gelo, para ele poder montar tudo direitinho lá e matar a vontade de comer um Deglut’s. Parece mentira? Mas já foi entrega pra Florianópolis, para Brasília… Isso nos orgulha muito, nossa clientela é top, é fiel, e a gente acaba estabelecendo muitas relações que viram amizades verdadeiras.”

O pai do Júlio, seu Ido Fuchs – falecido – era irmão de outro personagem famoso na cidade pelos lanches que fazia: o tio Miro, do Kig’s Kão. Seu Ido, inicialmente, pensava abrir um bar. Dona Andreza não comprou a ideia, não queria bagunça e bebedeiras perto da sua casa. “Nós estávamos naquela conversação, de fazer o quê? Optamos pela lancheria e aí tivemos uma boa ajuda do tio Miro. Buscamos algumas receitas com ele, pois não sabíamos nada. Eu até havia trabalhado no King’s, mas não no preparo. Ele nos deu todos os subsídios para podermos iniciar. No dia 27 de outubro de 1989, às 17 horas, a casa começou a funcionar, neste mesmo lugar, num espaço bem menor.”

Como a maioria dos empreendedores que já participaram do blog, o Julião também não teve vida fácil, nem ganhou nada de mão beijada. “Cansei de fechar aqui às 22 horas, sentar na frente de casa e esperar até 1 hora da manhã, quando encostava um Mercedinho azul do Expresso Rio Grande-São Paulo. O cara me pegava em casa, me trazia para cá e eu produzia 30/40 lanches na madrugada. Mas foi um período muito bom para nós. Ali saiu a casa do pai, consegui fazer a minha casa também, ampliamos nosso espaço de atendimento. Sempre prezando pela qualidade do lanche, qualidade do atendimento e a limpeza do ambiente.”

“Meu primeiro emprego foi como operador de máquina injetora, aos 14 anos. Depois fui office-boy até o período de ir para o quartel. Retornei para a empresa, já como auxiliar contábil.” Natural de Arroio do Meio, ele veio com a família para Novo Hamburgo com 6 anos e é mais um hambuguense de coração. “Adoro Novo Hambrgo, não me vejo morando em outro lugar. A cidade nos acolheu muito bem. E também sempre gostei do bairro Ideal. É um bairro bom de morar, é um lugar bom para trabalhar, é bastante movimentado, tem vida própria, variedade de comércio, gente na rua. E é onde estamos estabelecidos. Nós não tínhamos um ponto comercial, precisamos fazer, respeitando horários, sabendo fidelizar o cliente. Sonho abrir outra loja no futuro, talvez, mas aqui é minha vida.”

Você deve estar se perguntando o que o título desta matéria tem a ver com todo o resto, não é mesmo? Pois bem, é o lado humorista do Julião que está retratado ali. Naoteinteressa é a senha do wi-fi. Quando perguntam, a resposta é essa: naoteinteressa. Tudo junto ele frisa, soltando uma boa gargalhada.

 

 

 

CHAVE DE FENDA E MARTELO ERAM SEUS BRINQUEDOS

Os carrinhos que ganhava de presente ele logo desmontava, para descobrir como eram feitos. Curioso desde guri, Renan Rodrigues Lima, da Installux, veio de Camaquã quando o pai, bancário, foi transferido para uma agência do Vale dos Sinos. Contava 10 anos de idade, mas já era um apaixonado pelos trabalhos técnicos.

A segurança no trabalho realizado, faz a Installux ser reconhecida no mercado.

“Minhas brincadeiras eram com chave de fenda, martelo… Nós tínhamos uma oficina em casa com equipamentos diversos, compressor, furadeira, e eu passei toda a minha infância brincando com isso. Eu consertava as minhas bicicletas, ia no ferro velho buscar rolamento, enquanto o meu irmão mais velho ficava lendo e assistindo televisão.”

Antes da família desembarcar em Novo Hamburgo, moraram em Estância Velha. Foi lá que o irrequieto Renan conheceu, através de um colega de escotismo, os encantos da eletrônica. “Nós comprávamos revistas nas bancas e ali a gente ia aprendendo eletrônica. Eu comprava as peças e montava os dispositivos. As vezes não funcionava, daí tinha que escrever uma carta, mandar para o departamento técnico da revista em São Paulo, esperar 2, 3 meses até vir a resposta.”

A eletrônica, conta Renan, sempre foi muito latente nele, e com os experimentos que fazia, foi aprendendo e se qualificando. Conseguiu ingressar na Escola Técnica Liberato e formou-se lá em 1989, na primeira turma. Ele lembra com orgulho: “Fui o primeiro aluno da Liberato a fazer estágio na VARIG.” Mais tarde, voltou a trabalhar lá, ganhando 4 vezes menos do que ganhava numa empresa de equipamentos eletrônicos de Campo Bom. “Queria ter a experiência de trabalhar numa empresa de porte internacional, conhecer os métodos empregados, como eram os equipamentos. Já cursava inglês e tinha vontade de dar um passo à frente.”

Quando o Polo Petroquímico abriu um processo seletivo ele se inscreveu. “Eram 2.125 candidatos para 17 vagas, o processo durou 5 meses e, na etapa final, estava eu entre os 17.” Depois de deixar o Polo, iniciou a faculdade de Licenciatura Plena em Eletrônica, claro.  O curso estava começando na Unisinos e ele queria voltar a estudar e por a prova o conhecimento acumulado.

“Eu já conhecia o Alexandre, meu sócio. Como o curso era noturno, resolvemos empreender e montar a Installux. Muitos colegas criticaram: – Bah, tu fez curso técnico, estás te formando na faculdade para ficar aí subindo escada, fazendo instalações? Mas sabíamos que poderíamos fazer um trabalho diferenciado.”

Renan diverte-se com lembranças da época. “As pessoas que faziam as instalações elétricas eram os práticos, tinham um nível de escolaridade baixa e iam aprendendo de forma empírica. Tínhamos que corrigir expressões como descascar fio. A gente retrucava: fio não tem casca, tem capa. Um diferencial que a gente aplicou foi o uso das soldas nas ligações elétricas. Até então, todo mundo emendava os fios de qualquer jeito, passava uma fita isolante e essa era a instalação elétrica.”

O objetivo dos sócios era oferecer um serviço que ninguém fazia. Como Renan tinha conhecido um nível diferenciado de equipamentos nas empresas pelas quais passara, sabia onde encontrá-los. Não tinha internet. “Eu lembro que queria comprar uma escada que não tinha aqui. Precisei ir lá na Companhia Telefônica CRT, que ficava no Calçadão, buscar a empresa nas Páginas Amarelas, descobrir o telefone e ligar para lá. Os caras mandavam um fax com o modelo do equipamento, eu fazia uma transferência bancária, enviava também por fax e esperava a transportadora. Isso foi ali, em 1992.”

“Fomos trabalhando com o propósito de dar segurança naquilo que era realizado e isso fez com que a Installux se tornasse reconhecida pelo mercado. No dia 12 de setembro completamos 30 anos, sempre no bairro Centro. Hoje vivenciamos uma situação muito gratificante. Vários clientes que começaram a contratar nossos serviços no início da empresa, casaram os filhos e estes tornaram-se nossos clientes também. Temos algumas famílias que nós atendemos o avô, o pai e os filhos.”

 

 

 

 

POR QUE A GENTE É ASSIM?

Com 9 anos ela já participava das reuniões com os preservacionistas do bairro Hamburgo Velho junto com a mãe, que é historiadora. Andréa Martins Schütz, arquiteta e urbanista, percebeu desde cedo o valor do patrimônio histórico para uma comunidade. Por isso, tem um olhar muito positivo sobre preservação.

“Vejo o patrimônio histórico de uma forma extremamente afetiva, ele está dentro da minha pessoa. Tive a felicidade de ter nascido numa família que sempre teve consciência de que nós, em Novo Hamburgo, fomos agraciados com um sítio histórico que foi tombado em nível federal por ser um registro de memória fortíssimo da imigração alemã dentro do nosso país.” Preservar esses espaços, afirma, é o que nos dá identidade.

Patrimônio histórico: é necessário que a população seja ouvida.

Conhecer suas raízes, o contexto da sua formulação cultural, é importante para as gerações futuras poderem se conectar com o lugar, sentirem-se parte dele. “Uma população não pode apagar sua história ou de onde ela vem, porque dificilmente poderia seguir seu rumo construtivo. Alguns jardins que ainda mantém características da imigração alemã, lugares que produzem alimentos que vêm do conhecimento culinário daqueles primeiros imigrantes; alguns tipos de fazeres e saberes que lembram os nossos avós, as nossas bisavós, ajudam a manter essa história viva e fazem a gente compreender por que somos quem somos, porque hoje Novo Hamburgo é desse jeito, dessa forma. Pessoas que viveram em tempos passados deixaram seus registros no tecido urbano”, ensina.

Se olharmos par trás, veremos total coerência nesta linha de raciocínio. Afinal, este sistema de construção social foi o que possibilitou nossa ascensão econômica no passado. Não podemos esquecer, sob hipótese alguma, que o sapato foi a força motriz da cidade, que a indústria calçadista levou Novo Hamburgo a ser conhecida no mundo inteiro pela sua fabricação de sapatos, fortemente influenciada pelos imigrantes.

“Então, são esses aspectos que nos fazem ter amor pelo lugar, querer preservar o lugar. Temos casas, edificações, uma estrutura urbana consolidada e isso é muito importante. Mas não é só o patrimônio das edificações que precisa ser valorizado, mas o patrimônio cultural e natural, que inclui a paisagem. Nosso sítio histórico tem muito valor porque ainda abriga um contexto de paisagem preservada.”

Andrea aponta para a multidisciplinaridade como forma de conjugar com equilíbrio o lado da preservação e do progresso. “O grande segredo para ir adiante é dar as mãos e construir resultados positivos”, diz. “Por isso, também, é muito importante a população poder entender esse processo, termos discussões públicas sobre o assunto patrimônio histórico. Minha educação foi no sentido de valorar o patrimônio, não ver essa riqueza como uma coisa velha, decadente, que não vai ter valor para mim. É o contrário”, explica. 

Sou partidário desta linha de raciocínio, porque as próprias questões estruturais exigem esse realinhamento. É impossível manter uma estrutura com cem por cento da sua originalidade. Temos que abrir frentes para adequá-las à questão da acessibilidade, das exigências sanitárias, de segurança, de dados… “O ideal é ter uma arquitetura moderna conversando com a antiga, sabendo que elas foram feitas em momentos diferentes, porém, se adequando ao progresso que a humanidade vai tendo ao longo do tempo”, conclui.

Comento que os jovens hamburguense têm feito muito lazer no bairro histórico de Hamburgo Velho. “Isso é ótimo, porque eles também trazem uma visão diferente de mundo, ligada à sustentabilidade, à questão de poluir menos, de poder usar uma ciclovia, um sonho, aliás, que acalento há muito tempo naquele local. Eu acho que Novo Hamburgo tem um potencial significativo de levar adiante sua história e está mais que na hora de nós, como cidadãos dessa cidade, nos abrirmos para isso e construirmos juntos esse resultado.”

 

 

 

 

 

 

CÉU, SOL, SUL, TERRA E COR

Uma das músicas mais conhecidas e cantadas pelos gaúchos foi recebida em primeira mão por ele, o então Pastor Hilmar Kannenberg, da IECLB, numa segunda-feira de manhã, quando chegava ao escritório da Secretaria de Comunicação. Mas a história do Pastor Hilmar começa muitos anos antes, tem capítulos na Alemanha, envolve música e, talvez, uma benção especial para quem nasceu num domingo de Pentecostes.

Quando criança, Hilmar apreciava percorrer três quilômetros para ir à escola no interior de Santa Rosa, todos os dias. Os sons da natureza, as cores do caminho, entretiam o menino. A família, depois, voltou de mala e cuia para Ati Açu, uma vila embrenhada em Sarandi, onde ele havia nascido. Fez ali até o quarto ano do primário e depois foi morar com parentes em Carazinho para concluir o quinto ano e a admissão para o ginásio. Com o apoio do Pastor local, foi estudar em São Leopoldo em 1955 como bolsista de uma das melhores escolas de línguas do sul do Brasil, o Instituto Pré-Teológico, hoje Centro Diretivo da Faculdades EST.

Hilmar diz que sua vida está marcada pelo “SIM”.

No IPT, aprendeu alemão clássico, latim, grego e um pouco de espanhol – e isso acabaria influenciando seu futuro. Em 1959, enquanto trabalhava como vendedor numa loja em Venâncio Aires, eis que entra um senhor bem apessoado e com voz grave diz:

– Vim falar com o Kannemberg.

– Sou eu – respondeu acanhado.

– Disseram-me que falas o alemão!? Preciso que faças o programa em alemão na rádio. O responsável está acamado. Te mostro e ensino tudo.

Assim começou, em 1961, uma trajetória profissional que apoiou e influenciou muita gente. No programa, usava discos de sucessos alemães emprestados por amigos. Ao final do bacharelado em Teologia seu professor de Antigo Testamento, alemão muito sério e exigente o chamou. “ – Ouço teu programa no rádio. É bem ruizinho. Mas, sei que vais ganhar uma bolsa para o exterior e tenho um cunhado na Rádio de Frankfurt. Se queres aprender mais …”

Já na Alemanha, o jovem Kannenberg estagiou nas rádios de Frankfurt, Berlim (na Universidade Livre), Munique, na BBC de Londres, na WACC (Associação Cristã Mundial para a Comunicação) e na Holanda. Retornou ao Brasil e, em 1967, casou-se com Martha Ingeborg Pommer e foi ser Pastor em Tuparendi, na barranca do Uruguai. Em setembro do mesmo ano saiu em viagem de 100 dias pelo país com um enviado da Igreja e da TV alemã para fotografar e filmar instituições educativas, sociais e de saúde apoiadas pela agência “Pão para o Mundo”.

Com toda sua bagagem, Hilmar foi procurado e atendeu ao chamado para participar do preparo da Assembléia Luterana Mundial, para criar a Secretaria de Comunicação e, sobretudo, da criação de uma estúdio profissional para gravação de programas radiofônicos e música, a ISAEC – Gravações e Produções. “Foi a primeira gravadora que abriu o estúdio para produção de discos. Houve aí a explosão da música nativista”, relembra. Para quem não sabe, a ISAEC teve uma contribuição ímpar para a cultura gaúcha.

“O objetivo do estúdio era prestar serviço às bases da Igreja Luterana, suas comunidades e público em geral. Mas, tinha que ser autossustentável e isso se fez pela gravação e promoção da música gaúcha, da música coral, da nossa música e de comerciais/jingles. E naquela segunda-feira, bate na porta um sujeito e diz: ‘Pastor, bom dia! Trouxe uma composição de presente para ti, em reconhecimento ao que estão fazendo pela música gaúcha’. Era o Leonardo – já falecido – na sua simplicidade, apresentando-me uma obra-prima, conhecida e cantada com orgulho por todos os gaúchos.

“Depois de ouvir, emocionado eu disse: – Considero essa música tão boa que tu não vais me dar de presente. Vamos registrá-la, como registramos todas as músicas inéditas gravadas aqui, e vais ganhar pelos direitos autorais, dinheiro, merecido, com tua obra”.

Hilmar Kannenberg, que se considera uma pessoa feliz, liderou o movimento que, em 6 de março de 1980, resultou na abertura da Rádio União FM, em Novo Hamburgo, Rio Grande do Sul – Céu, Sol, Sul, Terra e Cor.

 

 

 

DOUTORES & EMPREENDEDORES

Estamos assistindo em nossa cidade a uma revolução silenciosa, num segmento cada vez mais estratégico no mundo: a saúde. E de onde veio a ideia de investir num ativo tão promissor? Atrevo-me a dizer que ela vem se formulando daquilo que somos feitos e que faz a nossa história. Não foi de ontem para hoje, certamente, que construi-se este cenário promissor para implementação de um polo de saúde em Novo Hamburgo. Exemplo disso é a trajetória dos doutores Jurandi Bettio, Eduardo Rota e Cyrio Nácul do Centro de Diagnóstico Regina.

A parceria com o Hospital Regina começou a partir de uma necessidade. À convite da instituição, estes profissionais iniciaram, há 25 anos, um serviço de excelência nos setores de ecografia, densitometria e mamografia, aos quais, logo após, associaram-se os doutores Carlos Gustavo Hauschild na área de radiologia, Gustavo Bresolin, na área de ultrassom em gineco-obstetrícia e doutor Álvaro Borba na área de mamografia, prestando suas expertises. Alguns anos mais tarde, também atendendo ao padrão de qualidade da instituição e visando atender as áreas de tomografia computadorizada, ressonância magnética e PET-CT, os doutores Rodrigo Müller e Marcelo Abreu, somaram-se à equipe, complementando, assim, o mix dos serviços de imagem e diagnóstico do hospital.

São muitas especialidades reunidas para garantir que o paciente tenha o melhor diagnóstico.

Esse complexo de CNPJ’s e CRM’s aliado ao nome Regina, leia-se “irmãs Santa Catarina” é o Diagnóstico Regina. O grupo soma hoje mais de 20 médicos – e outra centena de profissionais e dispõe de estrutura e equipamentos de referência internacional.

A área de diagnóstico por imagem mistura a técnica – a formação do médico – com a empresarial. A associação estas expertises é crucial para o sucesso.

“Há 25 anos, começamos com um aparelho de ultrassonografia portátil e quatro pacientes”, comenta o Dr. Cyrio. E o prazer de trabalhar com colegas competentes e ainda poder formar parceria com uma instituição já renomada como o Hospital Regina, tem-se como certo um futuro promissor.

O Dr. Rodrigo salienta; “na área de radiologia são dois os clientes, o paciente e o médico. É uma área complementar, de assistência. Portanto, não basta ter a confiança dos pacientes, tem que ser respeitado também pelo corpo clínico”.

A maioria das pessoas, assim como eu, não fazem ideia de tudo que envolve esse empreendimento, muito menos os compromissos, pois eles embasam os procedimentos que serão adotados pelos profissionais da saúde de um lado e a instituição do outro.

O Dr. Cyrio informa que os empreendimentos, complexos em sua operacionalidade, são geridos, na sua quase totalidade, pelo hospital, e o que conta em primeiro lugar é o fator humano na prestação do serviço, visando o paciente como o bem em si.

O Dr. Rodrigo ressalta mais um importante avanço na área de saúde da região, o curso de medicina da universidade Feevale e sua parceria com as instituições de saúde, entre ela o hospital e centro clínico Regina, acreditando que ampliará o escopo na área da saúde, com ampliações das estruturas já estabelecidas e a construção de outras.

“A população está ficando mais longeva e mais preocupada com a saúde. O aumento pela demanda dos serviços de saúde está relacionado com o aumento destas expectativas, isto resultando em muitos avanços e valorização nas áreas de diagnóstico e tratamento.” E Novo Hamburgo é o palco desta nova fase

 

 

 

 

PRONTOS PARA ACELERAR

À frente de uma pasta de fundamental importância, Roberta Gomes de Oliveira, Secretária de Desenvolvimento Urbano e Habitação de Novo Hamburgo, acredita que a cidade evoluiu e está melhor preparada e posicionada para retomar seu histórico de desenvolvimento. Nossa conversa se deu a partir dos resultados da pesquisa que refiz este ano sobre nossa cidade. A primeira foi em 2017.

Roberta Gomes de Oliveira.

De lá para cá, afirma, muita coisa mudou. “Quando conversamos da última vez a prefeita havia conseguido resgatar o recurso do BID. Estávamos finalizando os projetos para iniciar as obras. Foi uma situação de muito trabalho, tumulto, insegurança. Desde o final do ano, temos o centro todo revitalizado, as pessoas elogiando o resultado, sentindo-se orgulhosas outra vez.”

Na consulta realizada – sem caráter científico – a segurança apareceu numa situação menos preocupante para os respondentes e chamou minha atenção. A secretária acredita que as ações realizadas influenciaram diretamente esta percepção. “Este conjunto de medidas está atraindo novos negócios, a cidade fica mais convidativa e isto trouxe bons resultados até para a segurança”, afirma.

O plano de trabalho, recorda, tinha como prioridade a retenção dos negócios no município para, aí sim, atuar na atração. “Somos permanentemente abordados, tanto aqui na secretaria do Planejamento como também na Diretoria de Desenvolvimento Urbano, por empresas fazendo questão de permanecer na cidade, ou então, buscando a cidade por ser um polo interessante de investimento.”

Em alguns aspectos, Novo hamburgo realmente vem mostrando-se mais competitiva. Tem coisas importantes para acontecendo, projetos em andamento ou por começar, como o Toque e Fale, do Santander, que vai trazer 4.000 empregos para o município. A Havan, novas unidades da Doctor Clin, ampliação do Hospital Regina, finalização do Hospital da Unimed, entre outras.

“Dá para perceber claramente que a cidade está pulsando, atraindo novas empresas de construção com projetos de padrão médio e com uma quantidade significativa de unidades habitacionais. Acaba em geração de empregos, renda, moradias. Logo a roda volta a girar e teremos muito para comemorar.”

Perguntei o que a secretária considera muito relevante na sua pasta e ela citou a Lei da Regularização das Edificações, o SigNH, as realizações concluídas. “Temos muitos motivos para olhar para nossa secretaria e ter a sensação de um dever bem cumprido até o momento. Esta Lei das Edificações facilita a regularização dos imóveis. Durante muitos anos e por diversas conjunturas, esse processo era complexo, burocrático, estressante. Impactava a economia diretamente. Uma empresa que tinha necessidade de ampliar suas instalações não conseguia aprovar o novo projeto sem estar com as edificações anteriores regularizadas e aí trancava tudo, o pessoal desistia, não acontecia.”

O SigNH é , para ela, motivo de grande satisfação! Trata-se de um portal de acesso do cidadão, criado pela equipe interna da Secretaria de Desenvolvimento Urbano com a parceria da Diretoria de Tecnologia do município. Reúne um conjunto de informações georeferenciadas do mapa da cidade, que está disponível a todos. “É uma ferramenta poderosa, que ajuda e agiliza as atividades de diversos profissionais e também da equipe interna da prefeitura”, conclui.

 

 

74 PAÍSES NA BAGAGEM

Este sim, é um homem que pode se dizer viajado. Armindo Robinson, fundador da Socaltur Turismo, tem milhas e milhas internacionais na sua bagagem de vida. Seu roteiro como empreendedor iniciou quando o pai comprou parte da empresa de ônibus do senhor Heinz, que vinha a ser sogro de Armindo. Além do grau de parentesco já estabelecido, tornaram-se sócios.

A empresa, sediada em Ivoti, tinha 4 ônibus. Precisava se desenvolver, mas naquele local não havia espaço para aumentar a frota e, em contrapartida, estava faltando serviço para ocupar a mão de obra contratada. Seu Armindo ressalta que é um homem do interior, não cursou faculdade, mas esteve sempre próximo de amigos e pessoas inteligentes. E foi por essas relações que acabou encontrando uma estratégia de desenvolvimento para o negócio.

Maica Feronato segue os ensinamentos do seu Armindo há 19 anos e, atualmente, é a gerente de operações da empresa.

“Tinha um amigo chamado Urbano Kehl, professor da PUC na época, que começou a contratar nossos melhores ônibus para viagens à Foz do Iguaçu, aliás, meu primeiro destino turístico na vida. Ele disse pra mim:

– Armindo por que tu não vai para Porto Alegre? Abre lá uma agência de turismo, por que é o futuro.” Mas naqueles anos, a capital estava muito distante. Só que a ideia era boa e seu Armindo, praticante de bolão e torcedor do Floriano de Novo Hamburgo, viu aqui o lugar para se estabelecer.

Próxima de Ivoti e de Porto Alegre, a cidade tinha o setor calçadista se projetando, pessoas trabalhando muito, mas ganhando dinheiro e podendo viajar. Havia demanda e, em 1978, alugaram uma pequena sala para receber a Socaltur Viagens. “Compramos um ônibus de turismo e começamos a desenvolver. Meu problema, então, foi a falta de profissionais. Arrumei alguns professores do interior e conseguimos que a Feevale abrisse um curso para guias turísticos.”

Seu Armindo relembra dos tempos que trabalhava 20 horas por dia, do final de semana que partiram 11 ônibus da companhia levando turistas para o Salto de Sete Quedas, maravilha natural inundada por um lago artificial, da compra de 8 ônibus novos de uma só vez, da aquisição da sede da Socaltur e do nome da dona Ilse Wigels, uma senhora de Canoas que procurou a empresa porque queria fazer um roteiro pela Alemanha.

A Alemanha é um país que o fundador da Socaltur conhece como a palma da sua mão.

“Éramos vistos como os alemãezinhos do interior, então, fizemos o primeiro grupo com 70 pessoas para a Alemanha. Cheguei lá me sentindo em casa. Eu, quando jovem, lia a bíblia em alemão. Essa viagem virou notícia, saiu no jornal e promoveu o nome da Socaltur. Aí, fiz curso de guia internacional.  Foram emitidas 20 carteiras de guia internacional no Brasil e fui o único representante entre os estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná.

“Viajei e estudei toda a Alemanha. Fiquei sabendo de tudo o que aconteceu na II Guerra Mundial, isso me machucou muito, pois viajava para esses lugares e tinha que saber. Como tinha que saber dos outros também. Me virava falando quatro idiomas e percorri 74 países. Por isso, sempre fui muito amigo dos livros. A América do Sul , fiz toda ela dirigindo ônibus”.

 

 

 

 

TIC-TAC, TIC-TAC

Criador do relógio no sentido anti-horário, hamburguense nascido em Rolante, colono-relojoeiro, Remi Scheffler, representante da terceira geração da joalheria batizada com o sobrenome da família, além dos títulos inusitados, é formado com excelência pela Escola Suíça de Relógios e em administração de empresas.

“Meu avô era um colono em Rolante e reparava tudo. Ele tinha esse dom de consertar. Era funileiro, relojoeiro, arrumava guarda-chuva e o que mais aparecesse. Com o passar do tempo, envelhecido, foi tendo dificuldade para enxergar. Como via talento no meu pai, que o acompanhava sempre, apelou para que o ajudasse na montagem de coisas mais delicadas.”

Muita paciência e conhecimento fazem do relojoeiro uma profissão mágica.

Em 1953, Waldo Scheffler, pai do Remi, e o irmão dele, resolveram empreender e constituíram a empresa. O negócio deu muito certo em Rolante e os dois, então, vislumbraram a possibilidade de crescimento, desde que tivesse um mercado maior e mais atraente para conserto e venda de relógios e joias. Foi assim que vieram parar em Novo Hamburgo e foi assim que Remi tornou-se hamburguense de coração. “ Isso foi em 12 de abril de 1962”, recorda. Até hoje, a Joalheria Scheffler está no mesmo endereço, na Rua Bento Gonçalves, 2236.

O tic-tac dos ponteiros pontuam a vida deste relojoeiro desde a barriga da progenitora. “Minha mãe atendia o balcão enquanto o pai consertava os relógios e joias.” O guri cresceu dentro da loja. Via os relógios chegarem esfacelados e ficarem novos em folha depois de passarem pelas mãos talentosas, pela paciência e conhecimento do pai e aquilo o encantava. “Isso tudo eu achava uma coisa muito mágica.”

O certificado de relojoeiro de excelência no estado do Rio Grande do Sul, pela Escola Suíça de Relógios, é um dos orgulhos do Remi. Eram poucos alunos que podiam participar, pois o curso, na época, tinha o custo de um Fusca. Foi ministrado em Porto Alegre por uma equipe vinda da Suíça, somente para quem já era relojoeiro, e teve a duração de meio ano. Era um curso para afinar, lapidar o conhecimento.

O relógio anti-horário? “Certa vez, em 1985, sentado numa barbearia, pensei: – Vou inventar um relógio que, se tu colocar contra o espelho, ele vai andar certo. O cara achou engraçado. E eu me dediquei e fiz.. Lógico, hoje se tornou de domínio público, tudo mundo faz, mas em 85 eu fiz esse relógio. Esse relógio girou o mundo. Fez muito sucesso. Eu vendi muito para tudo que é lugar. Até uma matéria ao vivo saiu na TV Record, em rede nacional. Um hamburguense que é o criador do relógio anti-horário.

Pai e filha: um trabalho sincronizado visando oferecer o melhor para seus clientes.

Remi ainda vê muito futuro para a Joalheria Scheffler. A filha, Aline, não conserta relógios, brinca. Mas é uma empreendedora. “Temos muitos projetos pela frente. Em breve devemos apresentar uma surpresa para a comunidade de Novo Hamburgo, audaciosa, diferenciada. Além disso, um dos meus projetos é ministrar cursos para relojoeiros.”

Atenção, rapaziada! Relojoeiro, por parecer uma profissão em extinção, ficou muito valorizada. O empresário me confidenciou que quando procura um profissional encontra dificuldades. Os que existem estão empregados, são muito bem pagos e não saem do seu emprego. E a maioria dos jovens não têm se interessado. Fiquem de olho, portanto, porque Remi Scheffler deve lançar, em breve, um curso de relojoaria em Novo Hamburgo.

Pergunto se empreender no centro é negócio. “Eu incentivo todas as pessoas que pensam em empreender, em abrir seu próprio negócio, que se animem e façam. No centro ou onde julgarem melhor em Novo Hamburgo. Hoje 62% da arrecadação de tributos do município vem do comércio varejista. O que mais precisamos fazer é a economia girar.”

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