Em terra de alemão nasceu a África, que depois virou bairro com nome indígena.

Fiquei deveras surpreso quando soube que nossa cidade foi escravagista. Sério, tivemos escravos em Novo Hamburgo e a área que concentrou a maioria deles, na época, chamava-se África. Hoje, conhecemos como bairro Guarani. O nome indígena vem de outro fato inusitado. Havia uma empresa de ônibus chamada Transporte Guarani e o coletivo tinha um cacique estampado na lateral.

Passado e presente coabitam no Casarão dos Friedrich

O pessoal dizia: Vou pegar o Guarani. E, assim, o nome da empresa acabou batizando o bairro onde hoje reside o casal Maurício Martins e Liege Tagliari. Antes da conversa com eles, tive a oportunidade de um bate papo com o Zeca Martins, pai do Maurício, que me contou esses eventos, no mínimo, curiosos.

O Maurício conhecia a história, também através do Zeca.  A Liege,  ficou tão surpresa quanto eu. Nascido e criado no Guarani, Maurício conta que hoje sua rotina é fora do bairro, mas a vida dos dois é aqui. Já sua esposa afirma que tudo que precisa tem: salão de beleza, mercadinhos diversos, restaurantes, pet shop. O Outlet é perto, o acesso a bancos é tranquilo e o centro é um pulinho também. O bairro é bem estruturado em serviços.

Liege Tagliari e Mauricio Martins acreditam que dar bons exemplos incentiva todos a cuidar do que é nosso

Os imóveis valorizaram bem no Guarani. Liege comenta que tem preços que não condizem com a realidade. “Apesar de o bairro ter prosperado, alguns valores estão fora da curva”, diz ela, que nas suas idas e vindas fica pesquisando valores.

Maurício acredita que a valorização é sinal de evolução, de crescimento e afirma que poderia estar melhor ainda se as pessoas cuidassem do patrimônio público, não vandalizassem. “Não me refiro só ao Guarani, acho que nossa sociedade precisa rever conceitos. Precisamos cuidar do que é nosso e isso envolve todos e também contamina, tanto positivamente como negativamente”, diz.

Ele cita o exemplo de um terreno na sua rua que tinha virado depósito de lixo. O dono fez calçada, roçou e pararam de colocar lixo no local. Não é sempre assim, mas é um exemplo positivo, como acontece para os lados de Dois Irmãos, Morro Reuter, Ivoti. Tudo ali para cima é bem cuidado, a população se engaja, comenta.

Também é uma questão de educação, consciência. O governo deve dar o exemplo, claro. Ambos acreditam que o bairro valorizaria ainda mais  com uma padronização das calçadas, por exemplo. A área plana é favorável para que as pessoas caminhem, se apropriem dos espaços de verdade. Mas há muitos desníveis, má conservação dos passeios públicos.

Rua São Luiz Gonzaga: o caminho que leva a todos os lugares do Guarani

Faltam boas lixeiras nas ruas. A infraestrutura de uso social precisa ser aprimorada. Uma poda regular das árvores também ajudaria a deixar o bairro mais bonito e atraente para investir. Aí as pessoas já se animam a cortar sua grama, cuidar do jardim, da praça. Assim, vamos melhorando, finaliza Liege.

Espero que vocês tenham gostado da nossa passagem pelo bairro Guarani. Para mim, foi surpreendente conhecer uma pequena parte da nossa história, mas também foi positivo ver que em todos os cantos da cidade, os cidadãos estão cada vez mais conscientes da importância da ação de cada um para fazer uma Novo Hamburgo melhor.

Fotos: Marcos Quintana

 

 

Empreendendo em nossos bairros – Hamburgo Velho

Quando falamos em mercado imobiliário, vamos muito além de investir em imóveis. Envolve a cidade, a comunidade, o comércio, os pontos positivos e negativos de cada lugar. Por isso, a partir de agora, nosso blog começa uma série de entrevistas com empreendedores de diversos bairros da cidade. Afinal, cada pequeno negócio tem papel fundamental na construção de uma comunidade local.

Nossa primeira série acontece em Hamburgo Velho, bairro histórico da nossa cidade. Onde tudo começou, com a chegada dos alemães em 1824. De lá pra cá, é claro, muita coisa mudou. O que não mudou é a vontade dos hamburguenses de fazer uma cidade cada vez melhor.

E é gente como o Márcio Eduardo Becker, sócio-gerente da Pizzaria Canttone, que faz com que o bairro se torne uma comunidade próxima, com um comércio voltando a ser latente e levando cada vez mais pessoas ao bairro histórico. A pizzaria já existe há 17 anos, e foi em Hamburgo Velho que enxergou novas possibilidades.

Márcio Becker: um jovem que escolheu Novo Hamburgo para empreender

Márcio conta que foi servidor público por 10 anos, quando decidiu aceitar o convite do seu cunhado, que já tinha a pizzaria em Campo Bom. O sócio-gerente conta que ao todo são gerados cerca de 90 empregos diretos e indiretos através das três pizzarias.

Conservando a essência do tradicional, com um sabor caseiro e um preço justo, a Canttone fixou-se em Hamburgo Velho, um local familiar, mas que mistura um público jovem. Márcio destaca que o público é diversificado, em diversos aspectos, e que o bairro também é um local de grande fluxo de pessoas.

Quais são os aspectos que diferenciam Hamburgo Velho dos outros bairros?

“Hamburgo velho está jovem novamente. Há muita coisa começando. Os prédios históricos estão sendo restaurados. Os jovens estão voltando ao bairro. Há novos empreendimentos, pubs, até franquias nacionais. Talvez nem o Centro tenha tantos espaços de convívio como Hamburgo Velho. Isso é bom, pois cada vez mais as pessoas estão se fechando em condomínios.”

Quais as vantagens de Hamburgo Velho para novos empreendedores?

“Mesmo mudando de endereço, vamos nos manter no mesmo bairro, na mesma rua. Vamos melhorar a nossa estrutura, nosso espaço interno e externo, proporcionando um ambiente melhor aos nossos clientes, mas sem deixar Hamburgo Velho.”

A Pizzaria Canttone começou em Campo Bom, mas viu em Novo Hamburgo uma possibilidade de bons negócios

O que pode melhorar para valorizar o bairro?

“Acredito que o poder público. Definir os critérios para impedir a instalação de arranha-céus, por exemplo, ou grandes empresas. Particularmente, acho que isso mudaria a  característica do bairro.

Tem muita gente que se queixa dessas “casas velhas”, dessas coisas que não mudam. Eu acredito que é justamente isso que ainda está conseguindo preservar Hamburgo Velho, diferente dos outros bairros e até de outras cidades. Aqui é possível passar uma quadra inteira sem um edifício alto, sem um grande pavilhão.

Novo Hamburgo tem diversos desses pavilhões abandonados, isso cria uma sensação de insegurança. Hamburgo Velho tem esses pequenos e médios comércios, um ao lado do outro. Se falha um no meio, não causa uma lacuna tão grande.

Outra coisa importante é agilizar as liberações necessárias para quem quer empreender no bairro. Como são prédios históricos, dizem que precisam autorização de Brasília, tudo é bastante burocrático.

O bairro Hamburgo Velho foi escolhido pelas suas características únicas e público diversificado

Fique atento aqui no blog. Em breve tem mais entrevistas com os moradores e empreendedores de Hamburgo Velho!

SIM, SENHORA! VOCÊ TEM TODA RAZÃO

A decisão é a dois, mas a definição é delas

O empoderamento das mulheres se consolida nas mais diferentes atividades. Elas abriram espaços em segmentos e decisões que eram quase que estritamente masculinos, sem tirar o pezinho de onde já tinham colocado o salto. O mercado imobiliário é um perfeito exemplo. E vamos convir: nesta questão em especial, elas decidem com mais pertinência e sabedoria. Cientes disso, os homens não se atrevem a cogitar, sequer pensar em fazer a compra de um imóvel para moradia sem ter a aprovação total da sua cara-metade. A experiência me indica isso há muito tempo, mas as estatísticas vêm transformando a percepção numa claríssima evidência, ano após ano. Há, entretanto, outras sutilezas interessantíssimas nessa relação.

À razão falta um certo “feeling”. Ela não sonha com as cores, luzes e texturas e, muitas vezes, não tem sensibilidade para projetar ambientes acolhedores e agradáveis. Por sua vez, a emoção não consegue sentir-se plena num espaço qualquer, longe de tudo e de todos, só pra economizar um dinheirinho. Ela quer saber onde nasce o sol, se o silêncio virá lhe fazer companhia ao menos em algumas horas do dia, se o lar será um refúgio ou apenas subterfúgio para o extremado corre-corre diário. Resta, assim, chegar a um entendimento. Faço esta introdução para ilustrar o processo decisório da compra de um imóvel. Seja o primeiro apartamento ou um upgrade no padrão de vida, a probabilidade de uma decisão unilateral é praticamente nula. Mas as mulheres vêm, cada vez mais, dando a última palavra.

Como Consultor Imobiliário, tenho assessorado e orientado casais na escolha da melhor alternativa, respeitando sempre as características pessoais, as expectativas dos futuros moradores, o cenário econômico-financeiro e outras variáveis que compõe o processo decisório. Um trabalho que precisa ser executado com extremo cuidado, dedicação e sensibilidade, dada a importância dessa decisão na vida das pessoas.

ELAS SÃO MAIS PRÁTICAS

OBJETIVOS, ELES TAMBÉM QUEREM AGRADAR

Quando duas pessoas decidem morar juntas é porque estão unidas por laços diversos. Têm apreço pelas mesmas coisas, um estilo de vida semelhante, gostam de compartilhar seus momentos livres na companhia do outro. Mas só amor não basta. Mais cedo ou mais tarde, vão querer também um endereço pra chamar de seu. Até aí os dois são pura sintonia. De olhos fechados, tocam a mesma partitura. Mas o que cada sexo prioriza na hora de escolher a moradia?

Geralmente, o homem pensa mais no financiamento, na documentação exigida e em informações mais técnicas. Se ocupa raciocinando se está ou não realizando um bom negócio, analisa descontos e projeção de custos e dá atenção às questões de segurança e de lazer para a família. A mulher, mesmo tendo preocupações semelhantes, vai além.

A mulher se dedica a imaginar o imóvel como a casa que atende aos desejos, onde poderá ter qualidade de vida e constituir um lar. De forma geral, é mais detalhista com os acabamentos, considera as opções que ela terá para closet, quartos ou suítes para as crianças, decoração, se a casa tem espaço verde e jardim, se comporta animais de estimação, se tem área de lazer. Elas sempre se preocupam com a distância do imóvel para o comércio, escolas, supermercados, como é a vizinhança e as alternativas para receber bem familiares e convidados. Normalmente é ela que vai decidir o dia a dia da residência, independente de ser dona de casa ou não e, por isso, sua visão é mais abrangente e origina perguntas que o homem nem tinha pensado. Daí vem seu poder de decisão final, que me atrevo a dizer, chega perto de 80% a favor delas. Já atendi casos de casais que, apesar de todos os pontos favoráveis do imóvel, não fecharam negócio porque a mulher disse que não era isso que tinha sonhado e o marido, na busca por agradá-la, desistiu da aquisição. O homem não compra um imóvel que a mulher não gostou. Porém, é ele quem toma a decisão, na maioria das vezes, de procurar o corretor, informar-se sobre formas de pagamento. Eles se preocupam com a estrutura, o valor da taxa condominial, com o espaço que a família terá. Tamanho da garagem, churrasqueiras e quadras esportivas também são pontos de atenção masculino. A objetividade é natural neles na hora de comprar praticamente tudo, mas no caso dos imóveis há um cuidado especial: uma grande preocupação com a mulher. É uma coisa de carinho mesmo. Eles se preocupam muito com elas, seu bem-estar e da família. É bonito. E quando tudo dá certo pra todos, aí fica bonito de verdade. Trabalhar dentro do entendimento, da igualdade é uma grande conquista. Nessa questão imobiliária há sempre uma conjunção muito positiva, uma energia muito boa, porque mulheres e homens estão buscando um objetivo comum. Se brigam é pra melhorar a escolha. Melhor jogar de igual pra igual. E ter admiração real.

 

Você é uma e é muitas

Tudo que você faz, as vezes ainda lhe parece pouco. Faltam horas no seu dia para tantos compromissos, mas lhe sobra paciência, doçura, amor, alegria, talento, ousadia, força, inteligência e tantos outros atributos e qualidades que só dá pra comparar você com você mesma. 

Parabéns pelo seu dia. Parabéns por ser você.

Receba o meu abraço e a minha admiração!!

Jorge Trenz

 

 

O bairro que se uniu e está colhendo os frutos

A principal referência histórica da cidade de Novo Hamburgo, o bairro Hamburgo Velho, hoje puxa o futuro. Foi aqui que tudo começou e é onde parece se renovar para dar exemplo para todos nós, que somos Novo Hamburgo de coração. Feevale, Hospital Regina, Galeria Scheffel, para ficar em alguns exemplos, nasceram por ali e tornaram-se referência. Mas esse pedacinho da gente tem muito mais pra mostrar e inspirar.

Para entender um pouco  mais o movimento que vem acontecendo há muitos anos no bairro, e achar que poderia dar uma bela matéria para a minha coluna É Negócio, edição de fevereiro/2018 da Revista Expansão RS,  procurei o Deivid Schu, que é o o vice-presidente da Associação de Moradores e Empreendedores de Hamburgo Velho. Espero que você aprecie o bate-papo que tive com ele.

Qual o propósito de existência da Associação?

Como associação representativa, o principal benefício que queremos entregar para comerciantes, empreendedores e moradores é o desenvolvimento do bairro. Temos três eixos primordiais, que são o patrimônio histórico, a sustentabilidade e o empreendedorismo como motor pra isso.

De que forma vocês contribuem para a construção de uma cidade melhor? 

Somos propositivos. Não acreditamos que apenas reclamando conseguiremos construir algo. A partir desta visão desenvolvemos uma série de estudos para propor soluções ao bairro, seja através da indústria criativa, da interferência na mobilidade urbana, na segurança. É assim que a gente tenta contribuir: desenvolvendo ideias, trabalhando as mesmas com a comunidade e, a partir daí, orientando e participando de todo o rito legal, desde a apresentação para a prefeita, seus secretários, a Frente Parlamentar de Patrimônio Histórico e até a participação em audiência pública.

Como tu avalias a evolução das ações da entidade até o presente momento?

No que tange ao empreendedorismo e patrimônio histórico já atingimos a média, diria que um conceito “C +”. Existe know how, colaboradores que podem nos dar suporte dentro de casa nestes dois pontos e a gente abastecer com informações pertinentes os nossos vizinhos, os investidores… A sustentabilidade é o braço menos desenvolvido e carece de maior conhecimento da nossa parte. De ajuda mesmo. Sabemos que é essencial e temos o Parcão dentro dos nossos limites geográficos, uma responsabilidade e tanto.

Quais as principais dificuldades para a entidade, Deivid?

Há uma dificuldade das pessoas participarem das reuniões formais, não podemos negar. Isso torna tudo um pouco mais difícil, mais demorado. Hoje, temos cerca de 2 mil unidades habitacionais no bairro, entre residências e comércio, e não conseguimos atingir a maior parte delas. A percepção de valor sobre um imóvel histórico ainda está longe de ser compreendida e temos um longo caminho a percorrer neste sentido. É sabido que em qualquer lugar do mundo uma área de patrimônio histórico é mais valorizada que outras.

Fotos: Marcos Quintana – acervo pessoal

Novo Hamburgo entre as cidades mais atrativas para investir em imóveis

Para quem pretende negociar imóveis na cidade, esta é uma excelente notícia

Segundo Sindicato de Habitação, Novo Hamburgo tem um dos melhores potenciais do RS

O Sindicato da Habitação do Rio Grande do Sul divulgou os novos índices de atratividade dos municípios para investir em imóveis. São consideradas 15 variáveis socioeconômicas para calcular o indicador, mas o mais importante é que o foco é na demanda, fator essencial para incorporadoras e investidores decidirem ou não tocar um empreendimento.

Novo Hamburgo aparece em destaque no estudo, junto com Caxias do Sul, Canoas, Pelotas, Santa Maria. Os cinco municípios lideram o ranking desta que é a terceira edição do estudo do Secovi-RS.

Porto Alegre está fora desta estatística em particular. Esta situação demonstra claramente que Novo Hamburgo tem um perfil diferenciado. É uma cidade que reage rapidamente e desponta nas primeiras colocações entre os municípios do RS em diferentes tópicos.

Minha percepção é que o mercado já se deu conta disso, pelo sensível aumento na procura por imóveis de diferentes padrões, sejam eles para moradia ou para investimento.

Reprodução: Secovi RS

Surpreendeu: Canudos como o bairro mais procurado pelos hamburguenses

Canudos é uma mini-cidade dentro de Novo Hamburgo e que tem evoluído a passos largos nas últimas décadas. Indústrias, bancos, serviços, escolas, enfim, tudo que é necessário para estabelecer as condições de vida e convivência social floresce ali com uma força rara. Por isso, não fiquei tão impressionado com o resultado do ranking apresentado no último post. Mas muitas pessoas, após tomarem conhecimento do relatório publicado aqui no blog, me questionaram e eu achei isso super legal. É uma prova clara de que já não estou falando sozinho aqui. Portanto, vou tentar esclarecer um pouco melhor a situação e as razões plausíveis para tal resultado.

Primeiro, devemos considerar que, nos últimos anos, a atividade econômica manteve-se presa a um cenário de incertezas. O fantasma do desemprego nas mais diversas categorias e os generalizados escândalos na politica empurraram a maior parte da população ladeira abaixo e as exigências para se obter crédito imobiliário aumentaram. Segundo ponto: moradia é uma necessidade básica e, mesmo com recursos menores, as pessoas continuaram precisando ter um teto para morar. Temos aí, duas razões claras que ajudam a explicar o “momento” e o próprio resultado que, para alguns, foi surpreedente. Os dados para estruturar o ranqueamento dos bairros deu-se pela oferta e demanda, distribuídos em três pilares fundamentais: maior oferta de imóveis compatíveis ao poder de compra da maioria dos interessados; tipologia do imóvel e, por fim, localização, o que resultou num maior tráfego no bairro Canudos. Importante ressaltar que na análise não foram considerados as características específicas dos bairros, se um é melhor do que o outro. Pode ter sido essa a grande surpresa. Continuem participando, enviando comentários e sugestões. Receberei sempre com grande prazer e profundo interesse  todas as manifestações.

Os bairros mais procurados pelos hamburguenses nos últimos meses

Imóveis não sobem e descem de cotação como ações na bolsa de valores, mas também são sensíveis às mudanças que o mercado determina. As variações acontecem muito  mais por áreas geográficas e a análise de dados que podem embasar uma decisão de investir ou não em determinado bairro precisa ser acompanhada por leituras que levem em conta o plano diretor da cidade, as percepções da população em com relação às condições de trabalho, segurança, saúde e educação daquele zoneamento, perspectivas industriais e comerciais, entre outros. Ou seja, como qualquer investimento precisa ser estudado, comparado e amparado nas orientações de um profissional  especializado na área imobiliária. Isso vale na aquisição de moradia, ponto de comércio, indústria, serviço ou aposta financeira mesmo.  Na Jorge Trenz Negócios Imobiliários utilizamos, entre outras ferramentas, os dados coletados (*) através de alguns dos maiores portais imobiliários do Brasil, mas, com um olhar particular para Novo Hamburgo.

*últimos 12 meses.

Quando todos estão bem, inspirados e confiantes, é melhor para Novo Hamburgo

O que podemos esperar? Quais as perspectivas? Teremos mudanças que nos levem ao desenvolvimento ou estamos fadados a ir de reboque num estado falido? Quis ouvir nossa prefeita, Fatima Daudt, que gentilmente abriu espaço na sua atribulada agenda para esta entrevista e, de quebra, me deu um título carregado de boas vibrações e de esperança.

O que inspira a senhora como cidadã, como arquiteta urbanista e prefeita?

O que me inspira é a própria cidade. O senso comunitário está no DNA da comunidade hamburguense e quero contribuir para a construção de um lugar melhor, mais inclusivo e moderno. Acho que quando todos estão bem, todo mundo ganha. Então, essa é a intenção. Muitas coisas criadas aqui foram através das práticas comunitárias. A Fenac, a Universidade Feevale e outras tantas iniciativas nasceram de reuniões em clubes, em associações de bairros e fizeram a diferença nas nossas vidas. Depois se perdeu isso, mas tenho certeza de que esse espírito não morreu. Está aí, pronto para aflorar de novo, nos encantar outra vez, nos mover e fazer crescer.

A sociedade brasileira está num momento em que desacredita de tudo. Novo Hamburgo não está diferente.

A comunidade precisa se inspirar para inspirar a cidade. Precisamos projetar o futuro, botar a casa em ordem e perseguir nossos sonhos, nos apropriando daquilo que é nosso outra vez. Quando há união e propósito, os caminhos se abrem. Olha o exemplo do Parcão. A comunidade assumiu o Parcão e em alguns finais de semana chegamos a ter 5 mil pessoas lá. Os espaços públicos são locais de socialização. Quando a cidade não tem esses espaços ela acaba perdendo a alma, ela acaba perdendo o convívio e é no conviver que começamos a criar grupos e ações que podem ser positivos para a cidade. Esta visão está no meu plano de governo e nós já avançamos em alguns pontos. O Parque Floresta Imperial, no bairro industrial, está todo revitalizado, com segurança, e a população está utilizando aquele local novamente. O Parque do Trabalhador também já está com início de obras e todas as praças terão nossa atenção. Durante os quatro anos de administração trabalharemos no sentido de trazer de volta esta possibilidade do convívio em várias frentes.

O que deve inspirar Novo Hamburgo para que tenhamos um futuro promissor?

Ações positivas. A gente tem que pensar positivo e atuar neste sentido. O que nós estamos vendo nesses últimos anos são episódios negativos que se sobrepõem e fazem com que, no dia a dia, se fale demais em coisas ruins no Brasil inteiro. Eu acredito que as situações contrárias existem para nos ensinar, não para nos prender. Então, o que vai fazer com que as coisas mudem é o próprio cidadão. Eu andei vendo umas frases muito legais ultimamente: #boratrabalhar; #chegadefalar. Acho que é por aí mesmo. As pessoas ficam muito no discurso, se pegando no desconstruir e não no construir. Hoje é muito fácil bater, falar mal, mas é difícil ver grupos de pessoas que fazem, agem e constroem alguma coisa boa.

 O que orgulha a senhora nas ações concretizadas até o presente momento?

A prefeitura é um trabalho difícil, árduo, não tem hora, não tem dia, é direto. A cidade não para 365 dias por ano. E precisamos apresentar resultados. Uma coisa que eu dizia durante a campanha era: ” – Eu não aguento mais ver as pessoas irem a Campo Bom tirar fotos na praça (risos)”. Hoje eu fico feliz da vida, acompanhando nas redes sociais, o pessoal vindo de fora tirar fotos no Parcão. É o primeiro ano de governo e ter este tipo de resposta é muito gratificante.

A senhora imaginava que fosse um trabalho duro assim?

 Eu imaginava que sim, porque na ACI eu trabalhava com três prefeituras. Eram três prefeitos, três Câmaras de Vereadores, então eu já tinha uma ideia do que seria. O que eu não imaginava, mas fui alertada pelo  Dr Ruy Noronha, que participou de várias administrações, é o desmanche que nós encontramos na prefeitura. Isso eu não esperava. Meu esforço e de todos os secretários durante este ano foi imenso. E aí surge a importância da nossa escolha ter sido técnica, porque só assim pra conseguir colocar as secretarias em funcionamento e nos eixos. Tem muita coisa ainda pra fazer, só neste sentido, de organizar a casa. Imagina o resto. Mas chegaremos lá.

Lá, onde, prefeita?

Novo Hamburgo é uma cidade de ponta, precisa reassumir seu protagonismo. Até agora, nós estamos trabalhando para fechar o ano com o orçamento que recebemos. Assumimos tendo que fazer tudo ao mesmo tempo. Enquanto estávamos nos organizando eu estava tentando, também, recuperar o recurso do BID, que estava perdido. E muitas questões explodindo pela cidade toda. Existem muitos problemas e as pessoas querem respostas. Respostas imediatas, mesmo para situações relegadas a décadas, como os alagamentos, o asfalto que está completamente envelhecido. A gente tapa mil buracos, aí chove e abre dois mil.

A administração está atrelada ao orçamento da gestão passada?

Exatamente. A maioria das pessoas não têm consciência disso. O mesmo se dá quando a Cultura, por exemplo, aplica 30 mil num evento e o pessoal reclama: “Ah, mas com tanto buraco na cidade vai investir nisso?”. São verbas vinculadas, portanto, atreladas aquela pasta. Eu não posso pegar o dinheiro que está numa secretaria e botar no asfalto porque eu quero. Existem regras e leis que precisam ser observadas. Mas daqui pra frente, o trabalho começa a ser diferente.

O que há de novo pela frente?

Deixamos várias licitações prontas em dezembro para que, já nesse inicio de exercício, possamos dar sequência aos trabalhos e não perder meses para organizar as licitações e colocar o processo em marcha. Fizemos um planejamento pra isso. Também é necessário que o município tenha um aumento de receita. Durante muito tempo nós perdemos empresas e a nossa receita precisa ser ampliada para que possamos suprir as necessidades e ter recursos para investir no desenvolvimento. Isto já está acontecendo com os movimentos que fizemos para atrair novas empresas e com um novo modelo econômico. O CIT, que é o Centro de Inovação Tecnológica, será construído no próximo ano e tenho certeza, vai contribuir.

Sobre o Centro da nossa cidade, como  se dará a revitalização?

Através dos recursos do BID que havíamos perdido. Em 8 anos, tínhamos executado apenas 7% do projeto e isso fez com que o Banco rescindisse o contrato. Tivemos quatro meses de trabalho para recuperá-lo e foi o primeiro caso do banco na sua história. Por isso, fui convidada para palestrar em Washington, no Fórum de Prefeitos da América Latina, o que me deixou muito satisfeita. Se não tivéssemos conseguido reverter isso, Novo Hamburgo estaria na lista negra do Banco Interamericano de Desenvolvimento e não conseguiríamos mais recursos através dele. Sem falar que isso se espalha entre outros bancos internacionais, então, veja a dificuldade que estaríamos criando para nós no futuro.

Quando começa a revitalização?

Nossa intenção é tocar este processo  já a partir desse mês e iniciar as obras até o meio do ano. Tudo vai depender do andamento das coisas, mas este é o nosso cronograma. Queremos fazer tudo o mais rápido possível, porque a intervenção é grande e temos ali uma área de comércio. Então, quando começarmos os trabalhos, é importante que haja o entendimento sobre a sua importância. Vai ser muito bom para os comerciantes, porque o centro vai ficar bonito, toda a praça do Imigrante será revitalizada, as vias do entorno, a parte das calçadas, o calçadão, o paradão, a parte elétrica. Tudo isso vai ser feito novo. Teremos um café, as bancas serão melhoradas, a praça vai ganhar um chafariz. Onde fica o terminal turístico hoje, teremos um ponto da Guarda Municipal, melhorando a segurança do centro. A otimização da rede elétrica vai acabar com a poluição visual que se percebe hoje.

A revitalização contempla todas as vias do entorno da praça?

Sim. Todas as calçadas serão trocadas e padronizadas com a linguagem universal de acessibilidade. Vai ter o piso tátil para deficientes visuais, acessibilidade para deficientes físicos, sinaleiras com alerta sonoro, sinalização para os pedestres fazerem o cruzamento das vias.

Sua trajetória profissional tem ajudado no trabalho à frente da prefeitura?

O fato de ter sido presidente da Associação Comercial e Industrial por cinco anos e a formação como arquiteta e urbanista têm auxiliado bastante. E meu amor pela cidade também, pois eu nasci e cresci aqui. À frente da ACI, desenvolvi um pouco mais o aspecto da gestão. Ao mesmo tempo, minha visão de arquiteta e urbanista cria possibilidade de ver a cidade no todo. Não só a infraestrutura, mas as questões sociais também, as necessidades mais banais e até situações relativas à valorização imobiliária, por exemplo, que é a tua área. Acho que isto é crucial.

 

 

 

Bombeiros Voluntários

Uma ação que reaproxima Novo Hamburgo das suas raízes de cooperar para se desenvolver.

Na entrevista que fiz com a prefeita Fatima Daudt para a coluna É Negócio? da edição de final de ano da revista Expansão, um dos seus comentários foi sobre o caráter associativo que sempre diferenciou a comunidade hamburguense e ajudou a cidade a crescer. Pois mais uma destas experiências transformadoras está incubada e em franca expansão, agora dentro do Corpo de Bombeiros. A ideia tem tudo para vingar e contribuir na segurança coletiva, na prestação de serviços da instituição e no estímulo para que mais pessoas se envolvam e busquem soluções resolutivas para nossa cidade. Se somos Novo Hamburgo, queremos um lugar melhor para viver e criar nossos filhos, precisamos nos envolver e fazer que isso aconteça. Conversei com o Capitão Sório, que é o Comandante da Segunda Cia do 2º Batalhão de Bombeiros Militar, sobre esta iniciativa.

Capitão Sório, explique qual é a ideia do bombeiro voluntário. É um movimento do Corpo de Bombeiros?

É um projeto da corporação local. É um plano piloto para que nosso comandante regional possa perceber virtudes na iniciativa e comprar a ideia. Tem algumas regiões no estado onde se aceita muito bem a colaboração voluntária. Aqui no Vale do Sinos nós temos isso. Pessoas que se dispõe a trabalhar nos seus horários de folga e se envolver em projetos que visam o bem coletivo.

Mas de que forma os voluntários podem ajudar? 

O voluntário não vai substituir o bombeiro militar, claro. Ele não tem preparo, nem o poder delegado pelo governo para executar certas tarefas, fiscalizar. Não tem o conhecimento técnico para fazer ou assinar um PPCI, por exemplo. Mas precisamos de pessoal para controle, que não esteja na frente de combate com uma mangueira na mão. É fundamental ter alguém avaliando o cenário, para certificar que não vai cair uma viga em cima do bombeiro, verificar se o fogo não está se alastrando para a construção ao lado, se o ataque de água está sendo suficiente, se é necessário usar espuma. Por isso, quanto mais pessoas eu tenho na guarnição, mais segurança nós teremos e mais eficiência nas ações.

O senhor comentou que algumas cidades vizinhas já contam com esse reforço, certo?

Campo Bom, Estância Velha, Ivoti e Dois Irmãos já têm voluntários e estamos querendo trazer para Novo Hamburgo essa experiência. Importante que se diga que não fomos buscar voluntários de forma aleatória, não colocamos na imprensa, porque é uma responsabilidade grande e é o nome da corporação que está em jogo também. Procuramos grandes empresas e explicamos o porquê da importância de uma parceria. É bom para empresa, que vai ter um bombeiro trabalhando lá, com curso de bombeiro, que conhece nossa operação, tem a nossa doutrina. Além de trabalhar como técnico de segurança saberá como agir em situações de emergência, o que é crucial. Para o funcionário a relação também é valiosa, porque ele se torna uma peça estratégica para a empresa. E para nós, porque temos um voluntário mais qualificado, pela proximidade que tem das situações que irá enfrentar. E caso a referida empresa tenha uma emergência, ele saberá onde estão os equipamentos, os geradores, o abastecimento hidráulico, com que tipo de químicos a empresa trabalha e o que precisa fazer… O tempo de resposta reduz muito, aumentando as chances de sucesso da operação.

E verba para essa empreitada, vocês têm? Porque no nosso outro encontro o senhor falou das dificuldades, que não são poucas.

É verdade, e mesmo sendo serviço voluntário, existem custos. Tudo tem custo. Então, estamos conversando com ACI, CDL, Sindilojas, Sinduscom e outros parceiros para pagar a alimentação, o EPI, a farda cinza… Nós estamos nos preparando para um próximo curso, que está programado para março e para toda a região, não apenas Novo Hamburgo, onde também serão aceitos cadeirantes, para nos auxiliar na sala de operações. Por telefone, eles darão dicas de como desafogar uma criança que está engasgada, como fazer uma massagem cardíaca. Muitas vezes não dá tempo da viatura chegar, precisamos agilidade total para salvar uma vida. Eles farão ainda o despacho de viaturas, se informarão sobre produtos perigosos do local de atendimento para chamar os apoios adequados, enfim, vão trabalhar no cérebro da corporação.

Como será feita a seleção?

Com muito critério, pois é o nome da corporação que está em jogo. E também não adianta eu ter alguém aqui pra ajudar, mas presta um mau atendimento telefônico, ou que não seja idôneo. Então, primeiro será feita uma seleção de nomes ilibados. A segunda fase é para avaliação física, com testes de corrida, abdominais e os exames médicos para esforço físico. Os que passarem nesta peneira estarão aptas ao curso, que terá duração de três finais de semana, de sexta a domingo.

E o Natal Solidário. Como foi esta ação?

Montamos um ponto de coleta aqui na corporação e recebemos uma quantidade de produtos como brinquedos, balas, chocolates, panetones, fraldas geriátricas e encaminhamos para as entidades assistenciais com o propósito de melhorar o Natal de pessoas que precisam do olhar do outro, do nosso olhar e do nosso carinho. A gente foi até essas entidades, organizamos uma palestra sobre cuidados diversos com a preservação da vida e depois distribuímos os presentes. São ações sociais que têm sempre uma ótima receptividade e nos deixam, também, muito felizes. Fizemos atividades no Lar São Vicente, na LEME e APAE/NH e, também, ações no bairro Santo Afonso e na Vila Palmeira.