Lembranças de um Natal que faz ponte com o futuro

A algazarra das crianças fazia trepidar a casa ao entrarem correndo e gritando pela porta dos fundos e, zunindo, saltarem pela janela da sala para o pátio.

O último a chegar é mulher do padre! Aquele circuito era refeito dez mil vezes a cada dia nas brincadeiras de pega-pega, esconde-esconde ou numa atividade enérgica que fizesse o mundo girar mais rápido e o tempo passar mais depressa.

Quanta expectativa. Quanta demora! A árvore, até ficar pronta, levava dias. Tinha-se que transportá-la até a casa, instalá-la, enfeitá-la com cuidado e harmonia. E o presépio, então, requeria muita atenção. Tudo tinha o seu lugar: a manjedoura com o menino Jesus; Maria e José ao seu lado. Os reis magos um pouquinho mais distantes. Ovelhas esparsas. Lembro que um pedaço de espelho se passava por um lago e sobre ele colocava-se uma pontezinha feita com galhos, cipós e um naco de madeira. À frente era o espaço reservado aos presentes.

Naqueles dezembros antigos, a cozinha ficava envolta em nuvens aromáticas que se elevavam das panelas da vovó, das fornadas de doces recortados em forma de estrelinhas, cachorrinhos e pinheirinhos que, depois, eram pintados de neve, enfeitados com açúcares coloridos e protegidos para secarem sob alvíssimos panos de prato.

E o Papai Noel, quando vem, mamãe? Falta muito para o Natal chegar?

Nas semanas do Advento, se espalhavam o cheiro e o espirito natalino pelo ar. O mundo ficava contaminado de amor, os vizinhos se aproximavam mais e os pequenos  se ouriçavam de tal forma que era impossível acalmá- los, senão, com singelas pagas como um doce recém pintado, uma guloseima ou até uma promessa de algo bom pra outro dia.

Cada família preparava o seu lar com o que tinha de melhor, tanto por dentro, como por fora. Assim, a rua toda se enfeitava. O bairro todo se encantava. A cidade inteira se tranformava. Que alegria era rever os primos, as primas, os tios, as tias. No entanto, os anos se passaram, os parentes se afastaram, os pais se ausentaram para sempre.  A vida mudou, o tempo também.

Trago essas lembranças não só para ilustrar alguns bons momentos de criança. Trago essas lembranças para falar que tudo mudou e nada mudou. Continuamos humanos. Precisamos uns dos outros. Crescemos quando estamos juntos. Encolhemos quando estamos sós. Formamos famílias, construímos lares, nos transformamos em comunidades para nos desenvolvermos. Para nos elevarmos. Para nos educarmos. Para nos sentirmos gente. Sem esquecer, jamais, que viver continua sendo o magnifico presente que o Natal vem nos lembrar: viva a vida!

O tempo feliz tem que ser agora.

Feliz Natal!

Obrigado pela sua companhia. E que estejamos juntos no novo ano.

 

 

 

A leva de imigrantes que ajudou a impulsionar a economia do município com sua força de trabalho

Nos áureos tempos do calçado Novo Hamburgo atraiu, pode-se dizer, uma segunda leva de imigrantes. Eram trabalhadores de diferentes pontos do estado, que vinham pra cá em busca de emprego e melhor qualidade de vida. Entre eles, os Fuchs de Arroio do Meio. Desembarcaram de um caminhão de mudanças, primeiro, os familiares do seu Ido, que trouxe a mulher e 3 filhos, entre eles o Marciano.

Frederico Linck tem comércio movimentado e faz divisa entre o Rio Branco e Ideal

Depois veio o tio Miro, fundador do King’s Kão e do Kachurrasco. Marciano Fuchs é publicitário, me incentivou a criar o blog e, através desta iniciativa, comecei a entrar mais fundo nos meandros e diferentes aspectos da nossa bela cidade. Pois chegou a hora dele falar um pouco sobre o que pensa daqui para o nosso blog.

“Eu tinha 10 anos quando chegamos, cheios de expectativas. Mas me decepcionei já no desembarque. A casa era pequena e ficava atrás de duas outras num mesmo terreno. Fiquei chocado, imaginava um mundo melhor do que aquele em que vivíamos e era muito pior. Eu não tinha noção (risos). Meu pai trabalhava em curtume e, lá fora, meus avós moravam em casas grandes e terras vastas. E nós morávamos com eles.”

Para o seu Ido e a dona Andreza, entretanto, aquele era o verdadeiro início da família deles. Estavam felizes e logo o preconceito do Marciano com a nova morada desanuviou-se, conta ele. “Acho que ali tive a primeira lição sobre batalhar pelo que se quer. Depois, isso se aprofundou em mim porque Novo Hamburgo era assim. Terra de trabalhadores, batalhadores. Virei hamburguense.”

Morando há 30 anos no bairro, publicitário acompanhou o crescimento

A família estabeleceu-se na rua Jahú, no bairro Pátria Nova. A primeira ida ao centro, a pé, foi no mesmo dia da chegada. Precisavam comprar móveis pra cozinha, alguns utensílios e o pai, orgulhoso, queria apresentar a cidade grande. Na época, relembra o Marciano, a Pedro Adams Filho tinha calçamento de paralelepípedo irregular. A Primeiro de Março nem calçamento tinha. E uma vala com esgoto a céu aberto era a característica mais marcante da avenida.

Há mais de 35 anos, Marciano reside num apartamento na Frederico Linck, próximo à BR 116n no bairro  Rio Branco. Ele cita a facilidade de ir e vir como um dos pontos que valoriza bastante. Sua mãe mora no Ideal, há 5 minutos, afirma. Sua agência de comunicação fica no centro e, pela BR ou pela rua lateral a rodovia, ele chega rapidamente ao trabalho. “Tem muito lugar bacana e muitos bairros que eu moraria sem pestanejar. Mas não me vejo mudando para outro lugar.”

Algumas vias e locais do bairro, diz ele, têm movimento intenso, mas considera isso positivo. Sente-se mais seguro. “Como a Frederico é um acesso importante, volta e meia tem barreira policial. À noite já é necessário ter mais atenção, mas isso é em qualquer lugar.” Quando pergunto o que poderia valorizar a área ele fala de um sonho que também gostaria de ver em outros pontos. ” A rede elétrica enterrada, terminando com esta poluição visual e este desrespeito, com cabos soltos por todos os lados. E encerra: calçadas padronizadas, ruas floridas e limpas são manifestações que eu li em outras entrevistas do blog e sou mais um que adoraria ver isso em nossa cidade.”

 

A luta que fez um empreendedor local tornar-se um vencedor no comércio online

Lauro José Martins Neto, o Neto, é um lutador tão apaixonado que fez do seu esporte preferido também o seu negócio. Faixa preta em Jiu-jitsu, o nosso entrevistado para o “Empreendendo nos bairros” é o fundador da Casa do Kimono, uma loja top no comércio virtual de artigos para os praticantes desta arte milenar, com sede no bairro Guarani, em Novo Hamburgo.

O Guarani é uma localização estratégica para a Casa do Kimono

“A gente pode dizer que foi a primeira loja no Brasil especializada em Jiu-jitsu”, afirma Neto. Formado em administração de empresas, ele percebeu que o mercado era muito informal, totalmente diferente do judô, por exemplo. E viu aí a oportunidade de usar a tecnologia para vender produtos de primeira linha para os amantes do esporte.“O Jiu-jitsu é uma arte que nasceu no Japão e, no início do século XX, veio para o Brasil”, explica. “Os Gracie a levaram para o Rio de Janeiro e, a partir dali, ela acabou ganhando o mundo. Hoje existem diversas academias espalhadas pelo Brasil e muitas pessoas vivendo do Jiu-jitsu. Professores, coordenadores, existe uma comunidade muito grande por trás. Somos, inclusive, o principal exportador de professores e instrutores para outros países.”

A primeira loja especializada em artigos para Jiu-jitsu

A Casa do Kimono foi lançada como um e-commerce em 2013. “Depois de 2 anos a gente resolveu abrir uma loja física, porque as pessoas ainda preferem ver o produto, tocar e, para a região de Novo Hamburgo, foi bem importante. Existe bastante demanda na área metropolitana e na serra, e os clientes acabam vindo para conhecer os produtos”.

Apto 1 dormitório
Jorge Trenz
 A loja física foi aberta no centro de Novo Hamburgo, mas em menos de três anos o espaço ficou pequeno e a localização inadequada. “Pesquisamos vários pontos comerciais, diferentes bairros e decidimos mudar para o Guarani. Um dos motivos foi por estar familiarizado. Passei minha infância toda aqui. Mas o fator  principal foi localização. Como boa parte dos nossos clientes vêm de outros municípios é importante ter um endereço estratégico, de fácil acesso.”

O empreendedor transformou sua paixão em um negócio

Esta análise geográfica feita pelo Neto, gostaria de frisar, é fundamental tanto do ponto de vista comercial como do residencial quando se vai fazer um investimento imobiliário. Tem que saber o que se quer para fazer um bom negócio.

Como sempre tenho feito nas entrevistas, perguntei ao nosso mestre do Guarani se ele recomendaria investir no bairro. “A gente está perto da Universidade Feevale, o que para nós é excelente e percebo que ainda têm algumas áreas a serem ocupadas. Estão vindo empreendimentos imobiliários e, sem dúvidas, o bairro vai continuar se valorizando.”

PONTO DE VISTA: Sim, é uma boa hora para começar a pensar no mercado imobiliário

Nunca deixei de acreditar no potencial de negócios do mercado local. Senão, já teria mudado de profissão. A retração, não é novidade nem para o asfalto carcomido e esburacado da nossa cidade, deu-se por motivos outros, que afetaram muito além da compra e venda de imóveis que, é bom dizer, retraíram, não pararam completamente.

Você está se perguntando se eu vejo luz no horizonte? A resposta é sim. Cada vez mais clara. E duas ou três sinalizações corroboram minha percepção. A primeira delas já havia abordado na coluna É Negócio? que escrevo na revista Expansão: a retomada dos movimentos em torno de um grande investimento do Grupo Zaffari no bairro Primavera, o Boulevard Germânia.

O empreendimento é um bairro planejado que deve ocupar uma área de 280 hectares, poderá receber 25 mil novos habitantes de classes A/B, ter um shopping Bourbon com área de solo de mais ou menos 10 hectares. Bom sinal, não acha? Mas tem mais.

Apto 3 dormitórios
Jorge Trenz
 Na última semana os vereadores aprovaram projeto de lei que garante isenção e regras especiais de apuração do IPTU e isenções do ITBI – Imposto de Transmissão de Bens Imóveis. Tais benefícios fiscais são voltados ao fomento de loteamentos com área igual ou superior a 10 hectares em Novo Hamburgo.

Um outro ponto que vai ajudar, mesmo que num primeiro momento não pareça, é a aprovação pela Câmara de Vereadores da contratação de financiamento junto ao Banco do Brasil pela prefeitura para recuperação da malha viária. São 20 milhões que poderão representar uma melhora substancial em termos de mobilidade urbana.

Pra encerrar este pensamento positivo, penso que o governo eleito assumiu responsabilidades claras com a retomada do crescimento do país. Quando um conjunto de fatores se alinha negativamente, já se sabe o que esperar. Quando se alinha positivamente, melhor começar a planejar seus próximos passos. Para frente!

Chega ao fim uma jornada que passou pela África, Morro dos Cabritos e outros bairros de Novo Hamburgo

Surpreso e feliz. É assim que me sinto com os resultados e os frutos advindos desta experiência que tive o prazer de dividir com cada um de vocês. O projeto  “Bairros de Novo Hamburgo: jogando a favor do seu patrimônio”, nasceu de uma semente que havia sido plantada em função das dificuldades apresentadas pelo mercado imobiliário há 4 anos atrás.

Bairro Guarani: passado e presente coabitam no Casarão dos Friedrich Foto: Marcos Quintana

Naquela época, iniciei uma pesquisa para radiografar o município e buscar oportunidades de negócios. As percepções e o caldo cultural que começaram a brotar dessa incursão foram me estimulando a ir mais fundo. Passei a querer saber mais, descobrir mais. E mais admiração e curiosidade a cidade foi despertando em mim. Acabei me dando conta que somos todos Novo Hamburgo.

Lançamento
Jorge Trenz
 Disso resultou a coluna “É Negócio?” que assino na revista Expansão, com o olhar sempre voltado para a nossa cidade. Se a gente não valorizar o que é nosso, quem vai valorizar?  As entrevistas foram revelando preocupações, ações, ideias, atitudes e uma riqueza infindável de assuntos que dizem respeito a todos nós. Quando não mais couberam apenas no espaço das páginas da revista, nasceu o blog.

Bairro Jardim Mauá: os belos canteiros centrais chamam a atenção

A aceitação foi excelente e além de muita informação sobre os meandros, as nuances, as sutilezas dos nossos recantos, das nossas histórias e da nossa população, esta conjunção de revista, blog e redes sociais têm me possibilitado fazer novas amizades e resgatar antigas. E quero, desde já, agradecer a você que está comigo outra vez. Porque é disso mesmo que estou falando. De andar juntos, fazer juntos, evoluir juntos e valorizar o que é nosso.

Bairro Boa Vista: a praça do Boa Vista é um espetáculo a parte para os moradores

Há muito que desvendar nessa seara que adentramos: nossa cidade.  Encerraremos esta primeira parte da exploração NH falando do bairro Centro, na revista Expansão de dezembro. A entrevista, imperdível, é com o empresário e ex-presidente da ACI, Marcelo Clark Alves. E ai, #PartiuTrenz2019. No ano que vem, nosso olhar recairá sobre outro tema interessantíssimo da nossa história. Aguarde.

Os bairros visitados nessa primeira fase

Bairro Rio Branco

http://blog.jorgetrenzimoveis.com.br/2018/11/08/mistura-todo-mundo-conhece-esse-bairro-que-era-tratado-com-desdem-pelas-elites-do-centro-ate-1940/

Bairro Guarani

http://blog.jorgetrenzimoveis.com.br/2018/10/11/em-terra-de-alemao-nasceu-africa-que-depois-virou-bairro-com-nome-indigena/

Bairro Boa Vista

http://blog.jorgetrenzimoveis.com.br/2018/09/21/morro-dos-cabritos-pois-assim-chamavam-um-importante-bairro-da-nossa-cidade/

Bairro Jardim Mauá

http://blog.jorgetrenzimoveis.com.br/2018/08/23/um-nome-bonito-um-bairro-encantador/

Bairro Primavera

http://blog.jorgetrenzimoveis.com.br/2018/08/09/de-deposito-de-penicos-da-cidade-bairro-de-alto-padrao/

Bairro Boa Saúde

http://blog.jorgetrenzimoveis.com.br/2018/07/12/luta-de-um-bairro-para-fazer-parte-de-novo-hamburgo/

O projeto

http://blog.jorgetrenzimoveis.com.br/2018/05/24/projeto-bairros-de-novo-hamburgo-jogando-favor-do-seu-patrimonio/

 

 

Saio por volta de 5 e meia da manhã para correr pelas ruas do “meu bairro”

Das janelas do seu prédio, Rafael Reis vislumbra mais casas do que espigões. Isso faz com que disponha de um cenário aprazível, sem poluição visual ou prédios que o impeçam de espichar o olhar até o infinito e libertar a mente para vagar numa paisagem quase bucólica. E o melhor: perto de tudo, inclusive do barulho, se este lhe faltar.

Ruas largas contrastam a antiga com a atual pavimentação

Empresário de profissão, ele é proprietário de um apartamento no Boa Vista há 5 anos. Está feliz com a moradia e com o bairro. “Estou próximo do centro, próximo de uma região valorizada, que é o entorno da Av Maurício Cardoso e eu, aqui, faço uma coisa que não tinha o hábito de fazer: ando muito a pé. Para jantar, marcamos com os amigos e vamos caminhando até a rótula da Maurício com a Marcílio Dias, onde formou-se um grupo de restaurantes muito legal.”

Apto 3 dormitórios
Jorge Trenz
Uma coisa que Rafael tem notado no bairro é o aumento do policiamento. E diz que isto tem  que ser noticiado, pois é muito positivo. “Seguidamente, vejo o carro da Brigada Militar. Pessoas caminhando, comércio funcionando… Esta é uma região em que tem havido poucos incidentes”, afirma. “Saio do meu apartamento por volta de 5h30  da manhã e faço uma corrida de mais ou menos 5km pelos arredores, com absoluta tranquilidade. Não estamos 100% seguros, mas que melhorou, melhorou”.

Rafael encontrou no Boa Vista um jeito diferente de viver

Ele percebe que muitas casas estão sendo vendidas, mas muitas delas estão se transformando em pontos comerciais. “Mantém-se a identidade arquitetônica, o clima de bairro, mas ocupam-se os espaços, popula-se a área e qualifica-se a vizinhança.” Aumenta a civilidade quando há essa conjunção de fatores. E é nosso interesse que assim seja em toda a cidade de Novo Hamburgo.

Para que todo mundo possa viver num lugar legal, cada um tem que fazer a sua parte, afirma Rafael. “A conscientização é importante. Em países onde neva, por exemplo, é de responsabilidade do proprietário ou inquilino retirá-la. Se não fizer é multado. Como nosso bairro é bem arborizado, quando há vento ficam galhos e muitas folhas na rua. Nosso prédio executa a limpeza,  mas a responsabilidade é de todos os outros também. Está na frente da tua casa, limpa, não fica esperando só pela prefeitura.”

Quis saber, obviamente, como ele percebe o mercado imobiliário no Boa Vista. “Estar perto desse fervo, desse lugar badalado que virou a Mauricio valoriza os imóveis. E o interesse cresce por conta da arborização, da conservação, da segurança. Rafael coloca ainda como diferencial do bairro a facilidade de locomoção. “Tu consegues ir até o centro a pé e sair de Novo Hamburgo por vários caminhos para Campo Bom, Gramado/Canela…

Para melhorar ainda mais, Rafael cita a Praça do Boa Vista, que desfrutava desde que era criança, quando vinha ao bairro visitar um coleguinha e brincar. “Estão mantendo bem limpa, a prefeitura está cuidando, tem uma guarita privada que ajuda. O que eu acho que poderia ser  feito ali é algumas revitalizações como fizeram no Parcão. Novo Hamburgo é muito carente de parques, lugares para quem mora em apartamento brincar com as crianças, os cachorros… ”

Revitalizar a praça seria uma grande sacada para dar um “Up” no bairro

Alguns eventos poderiam ser trazidos para aquele local, para mais pessoas conhecerem e usarem aquela praça. A área está ali, disponível. Promover eventos com Food truck, eventos pet, temos pessoas com experiência nesse mercado que poderiam pensar nisso, porque é uma área que está perto de toda a badalação de Novo Hamburgo, e isso seria bom para o bairro e para o município de um modo geral.  Aquela praça seria uma grande  sacada pra dar um UP no bairro.

 

 

Mistura? Todo mundo conhece esse bairro que era tratado com desdém pelas “Elites do Centro” até 1940

Foi da mistura que se originou um dos bairros mais diversificados da cidade: o Rio Branco. O apelido desdenhoso veio em função da diversidade da população que ali habitava à época. Na área haviam famílias tradicionais de brancos e pretos vivendo em harmonia e com solidariedade. Hoje, uma das moradores de lá é a Íris Foscarini. Ela foi minha entrevistada para a edição de outubro da revista Expansão, na série de reportagens sobre os bairros de Novo Hamburgo.

Comércio forte, trem e serviços diversificados são atrativos do Rio Branco

O pai da Íris vive no Rio Branco há mais de três décadas. Com 90 anos, mora sozinho numa casa com quintal, vizinhos que compartilham coisas tipo ameixas, receitas e amizades… E tem o movimento para se distrair. Ainda existem ali, muitas casas entre as edificações comerciais e residenciais e, certamente, resquícios do ambiente que forjou a cultura local.

Casa assobradada
Jorge Trenz
Ela mudou-se em 2011, para ficar por perto e assistí-lo melhor nas suas necessidades. Mas só depois de visitar outros 9 endereços, em bairros distintos, afirma. “Não havia uma preferência explícita, estava atrás de um bom negócio e acabei por encontrá-lo no mesmo bairro”, conta.

O Rio Branco tem características que agradam muito à moradora. Um comércio forte, o trem, laboratórios e serviços médicos, por exemplo. “E eu moro há dois minutos da casa do meu pai. Faço academia no bairro, compro na fruteira do bairro, não dependo dos serviços do centro. E, se quiser ou precisar ir ao centro, tenho a opção de ir ou não a pé”, salienta.

Sempre há consultas sobre alguma oportunidade no meu prédio ou no bairro, diz Íris

“Uma característica superlegal é que, além da força do comércio, de ter a Frederico Linck como um dos principais acessos, de ter o Bourbon Shopping, uma agremiação fantástica como a Sociedade Ginástica e ótimas padarias, existe aqui um clima comunitário.”

Iris acredita que este seja um dos destaques da região. “Esta coexistência é que faz com que nossas ruas largas se mantenham arborizadas e bem conservadas, com calçadas limpas pelos moradores e comerciantes. Não podemos esquecer que somos donos da nossa área, do nosso bairro. E este aqui é, de verdade, o nosso bairro. Gosto muito de viver aqui.”

“O bairro é um excelente investimento por toda essa diversidade de negócios, serviços e atrativos. Os moradores ressentem-se, entretanto, da falta de mais farmácias. Há uma concentração delas no centro, perto da Pedro Adams, e aqui sente-se falta, até para tornar a competição mais forte e melhorar as opções de preços”, afirma.

Praça do Triângulo foi o acesso principal e dava boas-vindas a quem chegava em outros tempos

Fotos: Marcos Quintana

PONTO DE VISTA: E agora, vai? Não vai? O que esperar do mercado imobiliário em 2019

Podemos voltar a acreditar em uma nova fase de crescimento para o mercado imobiliário a partir de 2019. Definida a eleição, o novo governo precisa agir rápido e com acerto. Obteve o aval nas urnas para implementar as medidas necessárias e coibir o caos financeiro e político que praticamente parou o país. Como está, não pode ficar.

Com taxa básica de juros em torno de 8% ao ano e inflação estabilizada no patamar de 3% a 4%, melhoram as perspectivas de termos crédito mais barato para a construção e aquisição de imóveis. Já é um alento e, sempre é bom ressaltar, a construção civil está entre os primeiros segmentos a reagirem a um pequeno sorriso da economia.

A Caixa já vinha acenando com sinais positivos para o mercado. Levou a taxa de juros de 10,25% para 9%, o que melhora o poder de compra da casa própria. Além disso, a porcentagem do que pode ser financiado no preço do imóvel aumentou de 50% para 70%. Também voltou a aceitar transferência de financiamentos que estavam sendo feitos em outros bancos, dando uma enorme contribuição para o aquecimento do ramo.

De acordo com levantamento da CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção), se a economia reagir com firmeza em 2019, poderão faltar imóveis para venda no país. O que construtoras e incorporadoras estão conseguindo negociar no cenário de crise são seus estoques, afirma o estudo. Mesmo com um crescimento moderado, o estoque atual pode se esgotar em 12 meses.

O Brasil já viveu cenário semelhante em 2010, quando o país saiu de um crescimento negativo do PIB em 2009 (-0,1%) para 7,5% no ano seguinte. Isso ocasionou o consumo muito rápido das disponibilidades das construtoras e impactou nos preços dos lançamentos, que cresceram de 35% a 40% em centros urbanos com maior população.

Em Novo Hamburgo não é diferente. Há, sim, uma quantidade de imóveis prontos para morar, outra leva sendo construída, para atender uma grande parcela de compradores, que aguardam pela segurança econômica e politica para, enfim, decidirem a troca de endereço.

Nas conversas com engenheiros e arquitetos da cidade, tenho ouvido que a queda nas  contratações de novos projetos pelas incorporadoras se manteve nos últimos 4 anos. Com estoque baixo, poucos lançamentos e uma demanda reprimida, o mercado imobiliário voltará a respirar mais tranquilo. Mas  fique atento… os preços já não serão mais os mesmos.

Um jovem sessentão apaixonado por carros e pela vida

Ernani Osvaldo Waschburger, o Nani, da Auto Mecânica batizada com seu apelido, é daqueles empreendedores que cresceu na base do trabalho e do talento próprio. Seu sonho de criança era ser médico-cirurgião, queria consertar gente. Mas não havia condições financeiras em casa para bancar este propósito e a vida foi lhe guiando por outros caminhos. Acabou operando no segmento dos automóveis.

Nas competições de rali, sempre andou no pelotão da frente

Como quase todo guri dos anos 60 e 70, o Nani tinha uma outra paixão além da medicina: os automóveis. No caso dele, mais especificamente a mecânica de automóveis. Como precisava trabalhar para ajudar em casa, foi guiando sua busca de emprego neste sentido. “Trabalhei em algumas mecânicas em Novo Hamburgo e assim que deu, parti pro meu próprio negócio”.

A primeira oficina ele montou na rua Ícaro, no bairro Canudos, onde nasceu e cresceu. “ A Artecola comprou sua primeira frota de carros e me deu a oportunidade de fazer a manutenção. Foi ali que comecei minha trajetória”, conta com orgulho. “Éramos eu e um sócio, num galpãozinho pequeno de madeira. Infelizmente, depois de mais de dez anos juntos ele faleceu e eu mudei a empresa pra BR116.

Mudou porque a vida lhe reservara outra surpresa: o Grupo Sinos entregou a ele a manutenção de toda frota. Lá foi o Nani de mala e ferramental trabalhar no prédio deles. Passaram-se uns 15 anos até o Grupo Sinos vender o prédio. Foi quando nosso empreendedor levou a oficina para a rua Tupi e, mais tarde, para o bairro Boa Vista. “Eu tive a oportunidade de vir para um lugar mais tranquilo. Estava buscando uma localização melhor e surgiu a proposta desse prédio”, conta.

Admiração pelo bairro e clientela fidelizada

No Boa Vista ele se deparou com um outro perfil de cliente. “Senti um pouco no começo, eram pessoas mais reservadas, mas graças a Deus deu certo, porque o pessoal começou a pegar confiança.” Abriu-se o leque para trabalhar com carro importado, além de toda linha nacional que já atendia. O mercado se ampliou para ele. Mas a crise veio para todos e os últimos anos também lhe exigiram um esforço redobrado. Nada que pudesse abatê-lo, entretanto.

O Nani reside, na verdade, no Ouro Branco, a dois quilômetros da oficina. Mas considera o Boa Vista um bairro extremamente diferenciado. “É um lugar alto, tranquilo, silencioso e de pouco movimento, principalmente nesta rua. Quando eu vim pra cá fiquei até um pouco assustado, mas já não dependia mais de exposição para meu trabalho aparecer. Agendava clientes para duas semanas à frente, então, fechou todas. É um lugar maravilhoso para trabalhar e, claro, para morar.”

– E qual o plano para o futuro? pergunto. “Depois de quase 40 anos de estrada, ainda quero mais. Agora, em novembro, eu faço 60 anos. Penso que ainda tenho muito a dar. Me sinto bem, acho que sou bastante competente, busco estar sempre atualizado, tenho uma carteira de clientes fidelizados, pratico esportes… É arregaçar as mangas e tocar em frente, certo?”

Quando mudo um pouco a direção da nossa conversa os olhos do Nani brilham. “Fui muito envolvido em competições de rali. Comecei em 78, numa brincadeira, a preparar os carros para o Marcos Schwan, hamburguense, já falecido, que foi tetracampeão brasileiro e tricampeão gaúcho no rali de regularidade. Depois surgiu a equipe Olimpikus Meridional e preparei carros da própria Toyota, que mandava os carros zero e eu desmontava e fazia a preparação para rali de regularidade.”

15 anos como navegador em competições nacionais

Depois disso o homem resolveu ele mesmo entrar em competições de rali de velocidade, como navegador. Participou do campeonato brasileiro pela Peugeot, onde correu 15 anos como navegador. “Sempre andei entre os 5 primeiros do Brasil, tá na veia”, conta sorrindo.

 

Os 3 Mosqueteiros do Mauá. Eles vieram de fora para conquistar seu espaço aqui.

Novo Hamburgo tem alguns traços cosmopolitas. Entre eles, a boa receptividade às pessoas que vêm de fora para trabalhar ou investir. Quem traz energia, inovação ou tem espírito empreendedor é recebido de braços abertos. Foi assim com os 3 sócios da Requinte e Sabor. Neste bate-papo com o Giovani Guarnieri, você vai acompanhar um pouco da trajetória deles na cidade e saber como vêem o Jardim Mauá.

Produção própria. Só de olhar a gente fica com água na boca

Giovani é nascido em Porto Alegre, tem raízes em Bento Gonçalves e mora em Cachoeirinha. Os outros sócios são Rudy Silva, de Alvorada, e Cesar Reis, de Canoas. Ele vem todos os dias a Novo Hamburgo e, com certeza, não vai demorar muito pra ser mais um hamburguense. Ainda não se mudou pra cá de vez porque tem a rotina escolar dos filhos influenciando a decisão, mas a esposa já está adorando a ideia de morar aqui.

Nosso empreendedor trabalhou como gerente de um dos segmentos atendidos por um grande grupo empresarial por 20 anos. Entre as atividades desse grupo estava o segmento de combustíveis, com seus postos de gasolina e suas lojas de conveniência. Foi o primeiro contato dele com o ramo da alimentação. O negócio de hoje e o de ontem são muito diferentes, claro, mas foi por aí que os 3 Mosqueteiros se uniram e compraram a Requinte e Sabor.

César, Giovani e Rudy. 3 empreendedores unidos por um negócio em nossa cidade

Os antigos proprietários haviam expandido o projeto e não obtiveram o sucesso esperado. Acabaram encerrando aquela iniciativa e resolveram vender, também, a loja que deu início a tudo. Um negócio que já era “point” no Jardim Mauá, mas, poderia estar com a marca chamuscada, arranhada. Seria necessário atenção, cuidados redobrados e luta. Muita luta!

A Requinte e Sabor, sob novo comando, manteve e ampliou seu público. A marca tem 12 anos, os sócios atuais estão à frente dela há 2 anos. E já sonham com ampliação, pois têm clientela fidelizada, apesar de muito exigente, produção de qualidade e atendimento alinhado com o que se espera de um ponto gastronômico. Além de uma localização privilegiada, na esquina da Gomes Portinho com a rua Carioca.

As características do bairro encantam o Giovani. Tranquilidade, segurança, arborização, boa iluminação, proximidade do centro, charme para morar e para empreender. “Esse conjunto de fatores é muito atrativo e faz a região se valorizar” afirma ele. ” E sempre vi Novo Hamburgo como uma cidade de oportunidades.”

Depois do almoço, que também é servido, ninguém resiste a uma sobremesa dessas

A satisfação de atender bem, ofertar variedade, seduzir pelo paladar são as armas do Giovani para manter e conquistar clientes. 40 pessoas assessoram ele nesta luta diária pelo encantamento ao público, que inicia às 4 horas da manhã. “Tudo, tudo, tudo é feito por nós. Pães, panetones, cucas, bolos, biscoitos, merendinha.” Ele acredita que tendo as pessoas certas nos lugares certos, o negócio só vai evoluir. E eu também acredito que cada um é fundamental para construir o todo.