André Schmitz lidera o negócio criado pelo seu pai, Victor Schmitz, há 55 anos atrás e que transformou o sobrenome da família numa marca reconhecida por diferentes gerações hamburguenses: a Mecânica Schmitão.
Seu Víctor, hoje com 83 anos, começou como mecânico de bicicletas. Competente, logo virou sócio do cunhado. Algum tempo depois, já demonstrando seu espírito empreendedor, adquiriu uma oficina de lambretas.
A cidade estava crescendo e o fundador da Mecânica Schmitão percebeu que os clientes estavam rareando. Um movimento inverso. André conta que o pai logo detectou a causa. As pessoas passaram a comprar seu primeiro carro, o Fusca. “Era uma aquisição viável na época e de tanto ser questionado se não mexia em Fusca, trocou de ramo. Em 1966, mudou-se para onde estamos até hoje, na rua Salgado Filho, 141 e começou a trabalhar com mecânica de automóveis Volkswagem..
Volkswagem, Ford e GM eram as 3 marcas fortes no Brasil e cada oficina podia ser especializada em apenas uma.
André Schmitz: somos uma oficina de Novo Hamburgo, temos o maior orgulho de ser daqui.
André entrou em 1989, com 17 anos, e atuou em todos os setores da empresa. “Meu pai sempre foi muito aberto e, aos poucos, pude ir apresentando e implementando algumas ideias novas. Em 1994, com a entrada dos carros importados no Brasil, fomos uma das primeiras oficinas especializadas a virar multimarcas. Nunca esquecerei da frase do pai: “Vou te dar um voto de confiança”.
“A partir deste movimento, fui levando o trabalho para o lado da pintura, que sempre gostei mais. Como haviam poucas opções de carros, a personalização foi ganhando adeptos e entramos forte nesta área. Eram alterações simples, mas que faziam toda a diferença. Pegávamos o carro original, mudávamos as rodas, tirávamos um friso, trocávamos alguns acessórios…”
Em 2003/2004 veio a febre do filme Velozes e Furiosos e a Schmitão passou a ser reconhecida no Brasil. Passou a confeccionar peças exclusivas em fibra e criar um diferencial que foi logo percebido pelo mercado.
“Em 2006 teve um evento grande em Porto Alegre. Um concorrente da capital não conseguiu fazer o carro como queria e mandou fazer em São Paulo. Descobri que trariam uma pintura especial. Fui para lá, busquei a mesma tinta e acrescentei ao nosso projeto. Ainda coloquei uma faixa bem grande: Carro feito em Novo Hamburgo, pintado em Novo Hamburgo”.
Depois disso, vários projetos acabaram estampando capas de revistas nacionais. Com a expansão da indústria automobilística e a multiplicação de modelos, a personalização foi perdendo espaço e a empresa se adequou novamente ao mercado. Atualmente, grande parte do negócio é dedicado a atender carros sinistrados de seguradora. “Somos parceiros comerciais de várias seguradoras”, informa.
“Somos uma oficina de Novo Hamburgo, temos o maior orgulho de ser daqui”.
Sobre a localização, diz que o bairro Centro possibilita à empresa estar próxima de tudo e facilita o acesso de pessoas de outras cidades chegarem até eles. “Além disso, temos muitos clientes que trabalham no Centro. Fica mais fácil deixar aqui”.
O empoderamento das mulheres se consolidou nas mais diferentes atividades. Elas abriram espaços em segmentos e decisões que eram quase que estritamente masculinos, sem tirar o pezinho de onde já tinham colocado o salto. O mercado imobiliário é um perfeito exemplo. E vamos convir: nesta questão em especial, elas decidem com mais pertinência e sabedoria. Cientes disso, os homens não se atrevem a cogitar, sequer pensar em fazer a compra de um imóvel para moradia sem ter a aprovação total da sua cara-metade. A experiência me indica isso há muito tempo, mas as estatísticas vêm transformando a percepção numa claríssima evidência, ano após ano. Há, entretanto, outras sutilezas interessantíssimas nessa relação.
À razão falta um certo “feeling”. Ela não sonha com as cores, luzes e texturas e, muitas vezes, não tem sensibilidade para projetar ambientes acolhedores e agradáveis. Por sua vez, a emoção não consegue sentir-se plena num espaço qualquer, longe de tudo e de todos, só pra economizar um dinheirinho. Ela quer saber onde nasce o sol, se o silêncio virá lhe fazer companhia ao menos em algumas horas do dia, se o lar será um refúgio ou apenas subterfúgio para o extremado corre-corre diário. Resta, assim, chegar a um entendimento.
Como Consultor Imobiliário, tenho assessorado e orientado casais na escolha da melhor alternativa, respeitando sempre as características pessoais, as expectativas dos futuros moradores, o cenário econômico-financeiro e outras variáveis que compõe o processo decisório. Um trabalho que precisa ser executado com extremo cuidado, dedicação e sensibilidade, dada a importância dessa decisão na vida das pessoas.
ELAS SÃO MAIS PRÁTICAS
OBJETIVOS, ELES TAMBÉM QUEREM AGRADAR
Quando duas pessoas decidem morar juntas é porque estão unidas por laços diversos. Têm apreço pelas mesmas coisas, um estilo de vida semelhante, gostam de compartilhar seus momentos livres na companhia do outro. Mas só amor não basta. Mais cedo ou mais tarde, vão querer também um endereço pra chamar de seu. Até aí os dois são pura sintonia. De olhos fechados, tocam a mesma partitura. Mas o que cada sexo prioriza na hora de escolher a moradia?
Geralmente, o homem pensa mais no financiamento, na documentação exigida e em informações mais técnicas. Se ocupa raciocinando se está ou não realizando um bom negócio, analisa descontos e projeção de custos e dá atenção às questões de segurança e de lazer para a família. A mulher, mesmo tendo preocupações semelhantes, vai além.
A mulher se dedica a imaginar o imóvel como a casa que atende aos desejos, onde poderá ter qualidade de vida e constituir um lar. De forma geral, é mais detalhista com os acabamentos, considera as opções que ela terá para closet, quartos ou suítes para as crianças, decoração, se a casa tem espaço verde e jardim, se comporta animais de estimação, se tem área de lazer. Elas sempre se preocupam com a distância do imóvel para o comércio, escolas, supermercados, como é a vizinhança e as alternativas para receber bem familiares e convidados. Normalmente é ela que vai decidir o dia a dia da residência, independente de ser dona de casa ou não e, por isso, sua visão é mais abrangente e origina perguntas que o homem nem tinha pensado. Daí vem seu poder de decisão final, que me atrevo a dizer, chega perto de 80% a favor delas. Já atendi casos de casais que, apesar de todos os pontos favoráveis do imóvel, não fecharam negócio porque a mulher disse que não era isso que tinha sonhado.
O homem não compra um imóvel que a mulher não gostou. Porém, é ele quem toma a decisão, na maioria das vezes, de procurar o corretor, informar-se sobre formas de pagamento. Eles se preocupam com a estrutura, o valor da taxa condominial, com o espaço que a família terá. Tamanho da garagem, churrasqueiras e quadras esportivas também são pontos de atenção masculino. A objetividade é natural neles na hora de comprar praticamente tudo, mas no caso dos imóveis há um cuidado especial: uma grande preocupação com a mulher. É uma coisa de carinho mesmo. Eles se preocupam muito com elas, seu bem-estar e da família. É bonito. E quando tudo dá certo pra todos, aí fica bonito de verdade.
Trabalhar dentro do entendimento, da igualdade é uma grande conquista. Nessa questão imobiliária há sempre uma conjunção muito positiva, uma energia muito boa, porque mulheres e homens estão buscando um objetivo comum.
Estilo, planos futuros, modo de vida, capacidade financeira entre tantos outros aspectos, definem o nosso morar. Afinal, nem todo mundo pode viver num palácio ou numa cobertura cinematográfica. Além do mais, dá pra reproduzir algumas destas sensações com o auxílio de bons profissionais e das boas ideias disponíveis no mercado, mesmo em ambientes bem mais comedidos. Conforto, tecnologia e design estão hoje muito mais acessíveis e ajudam a tornar lares, escritórios e empresas em locais amigáveis e prazerosos de viver e conviver. Neste contexto, uma parte fundamental é o mobiliário, que transforma 4 paredes em “Lar Doce Lar”.
Vilson Rorato, da Visani Móveis e a arquiteta Jaque Zapelini, da Idelli, me guiaram numa visita ao universo dos móveis sob medida e planejados. Qual é mais negócio pra você? No final, você decide.
Por que escolher o móvel Planejado ou o Sob medida?
Jaque Zapelini
– No planejado você tem a praticidade, modernidade, as últimas tendências internacionais de texturas, acabamentos. Há muitas razões, mas esta escolha, na verdade, é uma decisão individual, em que o cliente considera aspectos econômicos, subjetivos, influências, projeções! É uma compra para durar alguns bons anos, então, a pessoa e o seu profissional arquiteto ou decorador vão definir, primeiramente, por um estilo. Aí começa a se determinar também se é um ou outro. Ou a composição dos dois. Porque ambos têm suas qualidades.
Vilson Rorato
– No sob medida o cliente faz do jeito que ele quer. Não tem limitações. Tenho uma cartela com centenas de possibilidades de cores e acabamentos. Acrescente um design de qualidade, de bom gosto e a vida muda. É impressionante a capacidade de transformação que o mobiliário tem sobre os ambientes do nosso dia a dia. Então, pra isso, tem que ser do jeito que você quer. Do seu jeito. O sob medida tem essa diferença.
Sob medida ou planejado: decidir é a resposta certa para as suas necessidades.
O que difere o consumidor das duas propostas?
Vilson Rorato
– O investimento no sob medida é maior, com certeza. Claro, estamos falando de exclusividade. É uma coisa que, praticamente, só você tem. Ao menos daquele jeito, naquele tom, com aquela curvatura. O cliente normalmente trabalha com um arquiteto, que traz ideias e propostas diferenciadas. Só a marcenaria pode acompanhar isso. Mas sempre há maneiras de atender a necessidade do cliente, temos que conversar bastante e fazer o melhor projeto.
Jaque Zapelini
– Aqui na Idelli nós trabalhamos com painéis editáveis, que eu faço do tamanho que eu quiser. Fica, para bem dizer, um móvel sob medida com tecnologia. A gente quer proporcionar satisfação, alegria de viver num ambiente confortável, contemporâneo, onde a praticidade se alie à estética. Aposto neste tipo de personalidade de clientes.
Um é mais negócio que o outro?
Jaque Zapelini
– O planejado é mais competitivo. Dependendo do ambiente a diferença é substancial. E são padronagens modernas, criadas a partir de pesquisas internacionais. Além disso, há a possibilidade de remodular ou mudar partes sem ter que mexer num conjunto maior. Acho essa mobilidade importante. As vezes você muda alguns elementos e muda tudo. O sob medida tem um apelo mais pessoalizado, mais exclusivo. Depende muito do que a pessoa espera do tipo de mobiliário que ela está escolhendo.
Vilson Rorato
– O planejado sempre tem uma margem maior de negociação, pelos volumes com que trabalha, pelo que bota em cima no fator marca, por exemplo. Mas cada pessoa é um universo e constrói seu habitat a partir da sua personalidade, da sua vivência, dos seus traços… Cada cliente meu é uma história e a gente acaba entrando na intimidade dele. Ele nos entrega não só o sonho, mas a chave da casa. Isso é um negócio muito sério, que envolve muita confiança da parte dele e da minha, incluindo meus colaboradores. A nossa conexão é direta: cliente, designer, produção, tudo tem que se integrar, um tem que compreender o outro pra que, no final, o cliente fique feliz com aquilo que definiu, adquiriu. Fica a marca do cliente no móvel dele.
Dá pra evitar o stress na hora de mobiliar e decorar?
Jaque Zapelini
– Quem não teve ou não conhece alguém que se estressou, hein? Acontece nos dois lados, sempre há espaço para alguma inconformidade, é normal, principalmente quando a obra é grande, envolve profissionais diferentes… Encanador, eletricista, móveis, decoração. O importante é estar bem assessorado, conversar bastante e supervisionar tudo. Do lado de cá da mesa a gente também enfrenta coisas que, olha!!!…. Mas no final tudo dá certo. Senão, como diz a sabedoria popular, ainda não terminou.
Vilson Rorato
– O determinante na hora de escolher é conhecer bem o fornecedor, seja ele sob medida ou planejado, desde o tipo de atendimento até a entrega e a assistência no pós-venda. Não há como garantir que tudo vá acontecer exatamente como o previsto, isto não existe. Faz-se todo o esforço, nos dedicamos intensamente, mas uma parede com um desnível já vai exigir uma intervenção que não estava nos planos. Existem variáveis, como em todo negócio.
Comprar, vender, trocar de casa ou apartamento continuará fazendo parte da vida das pessoas. Mas como será a relação das novas gerações com este investimento que é necessidade e reserva patrimonial ao mesmo tempo? Se tudo está se metamorfoseando, certamente os negócios imobiliários também sofrerão mudanças, visto que já são outros os cenários, os contextos, as percepções e o modo de vida da população. Estamos no meio do caminho na transição entre os antigos e os futuros proprietários do mundo e, do ponto em que nos encontramos podemos, no máximo, fazer algumas projeções a partir dos perfis comportamentais, por exemplo. O que não é pouca coisa. Tampouco é simples. Por isso, procurei o Dr. Jefferson Escobar, psiquiatra com longa trajetória profissional em Novo Hamburgo, para um bate-papo sobre o assunto. A seguir, alguns norteadores.
Dr. Jefferson Escobar – Psiquiatra.
É possível imaginar o futuro da relação das pessoas com os imóveis a partir de uma perspectiva psicossocial?
Nós vivemos num mundo em que o aparentar ter significa muito. Demonstrar que tens condições de morar no endereço tal preenche muitas pessoas de uma maneira bastante significativa e elas acabam apresentando aquilo como um cartão de visitas da sua história. Não de quem são, mas daquilo que elas têm. Isto vem se reforçando junto às novas gerações. O prazer imediato é muito disseminado, e fica mais claro ainda quando se observa o abuso de drogas, o físico muito valorizado, a anorexia nervosa, a vigorexia se espalhando, um abuso de hormônios esteroides. São sinais bastante preocupantes. Muitas pessoas consideram que vale mais a casca do que a essência.
Casarões e apartamentos grandiosos ainda serão sonho de consumo?
É difícil afirmar algo neste sentido, mas esta é uma realidade bem brasileira e bem hamburguense também. Ainda que não necessitem de uma casa com dez dormitórios, as pessoas acabam utilizando isso como uma coisa narcísica, de mostrar para o outro que está em condições de manter aquela estrutura palaciana. Na nossa região a gente percebe muito isso. Guardadas as proporções, é mais difícil o mercado imobiliário daqui absorver um apartamento de 30,00 m² do que um de 200,00 m², não é? Em São Paulo, em Paris e em outras grandes cidades do mundo já é inviável. O investimento por metro quadrado nestas metrópoles é muito alto, mas não é o único fator determinante. Tem a questão da autoafirmação. Em São Paulo, tenho um casal de amigos que reside num apartamento de 40,00 m², 1 dormitório, mais uma sala extremamente confortável, com toda tecnologia que tu possas imaginar, uma cozinha gourmet com alta tecnologia… Vivem felizes assim.
A cultura germânica hamburguense influencia o modo de vida? Ter um imóvel, pra eles, sempre foi importante…
Ter um imóvel, acredito, continuará sendo importante não apenas para os descendentes de alemães. As pessoas precisam morar. Mas precisam viver conforme suas condições. Eu fui herdeiro de um mausoléu. A casa que os meus pais me deixaram de herança era muito maior do que a minha família necessitava e que podia administrar. Acabamos nos mudando, após uma pesquisa em várias regiões da cidade, para um prédio antigo, mais com a nossa cara. Não tenho a necessidade de mostrar, temos outras prioridades na nossa vida familiar. Claro, cada um obedecendo aos seus critérios, seus desejos, suas convicções. O que me referi antes foi em relação a necessidade de mostrar o que se tem para ser alguém. E a vida não pode ser assim.
Olhando para a geração dos teus pais, a dos adultos de hoje e a dos que estão chegando, quais as diferenças?
Nós saímos de uma sociedade patriarcal, onde o pai era o provedor da casa, a mãe não tinha muita voz ativa, não tinha um papel econômico significativo. A geração dos baby boomers, que vai da segunda guerra até 1964. Depois vem a geração X, onde estes pais começam a perder seu emprego, geralmente em grandes corporações e passam a ter uma condição financeira menos favorável. Há um aumento do consumo e as mulheres precisam sair para trabalhar e, assim, ajudar a manter a família e aquela estrutura social proposta. A mulher começa a ser muito mais independente. Vem o advento da pílula anticoncepcional e ela passa a definir se quer ou não quer ter filhos.
O homem e a mulher passam a dividir o papel financeiro…
Exatamente. A família passa a se dividir entre quem provinha e quem não provinha, cabendo ao homem, ainda, um papel um pouco maior, mas com a mulher já tendo uma grande participação nesta nova estrutura. O mundo passa por transformações e o eixo de consumo muda. Esse casal que cuidava dos filhos passa a responsabilidade para outros cuidadores. E ao mesmo tempo desvaloriza esses cuidadores. A escola, que deveria ter um papel importante fica aprisionada. Cria-se uma consciência de que “se eu não consigo dar limites aos meus filhos, então a escola também não pode ter esse poder”.
Explique um pouco melhor Dr Jefferson.
Passamos de uma sociedade patriarcal para uma sociedade fraternal. O pai não olha mais para o filho de cima para baixo, com superioridade. Ele praticamente iguala os dois e isso é temerário, assustador inclusive para os pais. A criança e o adolescente precisam de limites, precisam do abraço, da orientação de quais caminhos podem seguir ou não, e isso a gente perdeu muito. Aí vem a culpa, que está na base da sociedade judaico-cristã. Os pais saem de casa, vão pro mundo resolver suas vidas e acham que abandonaram os filhos. Tentam, então, suprir esta ausência com presentes, jogos eletrônicos, panaceias, ao invés do carinho, do afeto e da educação. Não trabalham mais com a qualidade das relações, mas a quantidade dos bens. Estas mudanças sutis fizeram uma alteração enorme na sociedade e daí surge o errôneo pensamento do tipo: “- Bem, eu me separei da tua mãe, então, vou te dar um apartamento.
O que deveria ser levado em conta na escolha de um imóvel, na sua opinião?
Mais do que tudo se autoconhecer. E a partir disso, poder se perguntar: eu preciso de uma sala de 40m2 ou de uma sala com uma boa iluminação, com recursos tecnológicos, onde eu possa ver meus filmes, minhas séries, ler meus livros, receber um grupo de amigos? Cada um tem que entender o que é relevante para si. Ter um carrão de luxo ou viajar, fazer um curso de línguas?
Pra encerrar, por que o senhor gosta de viver Novo Hamburgo?
Gosto de morar em NH, porque é uma cidade grande com opções de lazer e perto de cidades interessantes, além de me proporcionar fácil acesso a diversos locais. Além disso, acho uma cidade bonita, que me acolheu profissionalmente. Ainda temos qualidade de vida
Investir no litoral tem seus encantos e desencantos
Vem chegando o verão e quase todos nós voltamos nosso pensamento para a praia. Também pudera. É muito bom tirar umas férias na beira do mar, mudar de horários, de hábitos, se estirar na areia sob o sol, com a cabeça cheia apenas de vento. Mas muita gente me pergunta o seguinte: é negócio ter casa na praia? Lembro que na década de 70/80, quando o calçado estava em alta, os hamburguenses viam com bons olhos ter casa na praia. Até porque, naquele tempo, as mulheres não estavam tão envolvidas com o mercado de trabalho como agora e, logo após o Natal, saíam com os filhos para a praia para só retornar no início das aulas. Sem dúvida, ter uma casa no litoral era tudo de bom. Não é mais? Depende, pois tudo na vida tem dois lados. Um imóvel de veraneio é um bom negócio sim, desde que esteja de acordo com as características culturais e comportamentais do indivíduo ou grupo familiar. Por exemplo, para aquelas famílias à la italiana, como a do filme Casamento Grego em que avôs e avós, tios e tias, primos e primas, sobrinhos e sobrinhas, filhos e filhas, netos e netas, cachorros, papagaios, todos participam e gostam de estar sempre juntos o investimento vale. Não dá para reunir facilmente a turma toda num resort na Bahia. Quanto custaria só o transporte? Para as pessoas que não gostam de sair da rotina, desbravar o mundo, enfrentar aeroportos, traslados e todo tipo de surpresas que vêm agregadas ao “pacote de viagem” seguir para a velha e boa casa de praia também é mais jogo.
Bom dia, mar, sol e areia.
Há que se considerar, entretanto, que existem aborrecimentos: depredações feitas por vândalos, por frequentadores ou locatários; manutenção constante nos jardins e nos sistemas de elétrica e hidráulica, despesas mensais com IPTU e condomínio, além da conservação e limpeza permanente. Ou seja, tem que usar o imóvel para valer e, importantíssimo, escolher algo adequado ao seu perfil. Não gosta de cuidar do jardim? Opte por um apartamento. Não quer se aborrecer com manutenção tão cedo? Escolha um imóvel novo ou reformado. Por outro lado, há quem afirme fervorosamente que ter um imóvel na praia é um verdadeiro pesadelo. “Duas alegrias, uma quando se compra e outra quando se vende”, diria um cliente e amigo meu, que prefere viajar o Brasil e, de preferência, não repetir a mesma praia. É um ponto de vista e, novamente, fica evidente a importância de pensar bem e avaliar o que lhe traz mais compensação emocional e física. Para alguns, vale mais a pena pegar o dinheiro (referente ao valor do imóvel) e investir, pois com os rendimentos dá para viajar e se hospedar bem, além de não ter as preocupações que comentei. Essa conta fecha para uma família pequena, de casal sem filhos, ou com no máximo um filho. O principal nesta decisão é o seguinte: não faça negócios “emocionado”! Pare e pense. Faça contas e as confira repetidamente! E se a matemática fechar… faça bom proveito do seu imóvel na praia.
Miguel Schmitz comandou Novo Hamburgo num período crucial do nosso desenvolvimento e deu contribuições fundamentais para a expansão e amadurecimento do município. Ele assumiu a prefeitura de Novo Hamburgo em 31 de janeiro de 1973, num período em que surgia a exportação de calçados por aqui, gerando um processo de forte migração para a cidade e, consequentemente, um nível de dificuldades enormes para a administração num período muito curto.
Miguel Schmitz, atuação permanente na comunidade.
A população saltou de 80 mil para 120 mil habitantes e cabia ao prefeito a responsabilidade de proporcioar infraestrutura para a população. Este ponto estrutural acabou sendo um dos seus grandes legados. Foi a visão de futuro dele que nos permitiu, hoje, ter essa série de avenidas na cidade. Como não podia fazer tudo que era necessário, pensou que poderia facilitar os deslocamentos e a logística na cidade. Construiu Av. Victor Hugo Kuntz, Cel. Travassos, Guia Lopes, Sete de Setembro, Cel. Frederico Link – que estava destruída – Eng. Jorge Schury e a estrada para Lomba Grande, entre outras.
Conseguiu realizar uma série de obras de infraestrutura que hoje são praticamente a espinha dorsal de Novo Hamburgo. Seu Miguel, como prefeito, também transformou a Fenac de um embrião comunitário em uma empresa pública que teve e ainda tem um papel de destaque no cenário econômico da cidade.
Uma realização que lhe orgulhava muito foi a Galeria de Artes. Nas saudosas palavras dele: “Isso é uma boa história! Estava no gabinete no dia 8 de outubro de 1973. Entra o Alceu Feijó, que era o meu assessor de imprensa, com um papelzinho na mão… – Miguel, tu tens que telefonar para esse cidadão aqui. Ele está radicado há anos na cidade de Florença, na Itália. Está de aniversário hoje. E nós teremos o Sesquicentenário da imigração alemã no próximo ano.”
Continuou: “Eu nunca tinha ouvido falar do cidadão… Peguei o telefone, disquei… Scheffel, aqui é Miguel Schmitz, prefeito de Novo Hamburgo. Não nos conhecemos, mas quero te parabenizar pelo aniversário e também te formular um convite: assistir aos festejos do Sesquicentenário da Imigração Alemã. Tivemos a felicidade de fazer com que o extraordinário artista Ernesto Frederico Scheffel viesse, na condição de convidado de honra, participar das comemorações.”
Com a presença do artista na cidade, surgiu a ideia de criação da Galeria de Artes Ernesto Frederico Scheffel, em prédio histórico por ele escolhido, que o então prefeito desapropriou para que recebesse a galeria. Restaurado, o imóvel acolheu o maravilhoso acervo de suas obras, doadas ainda em vida.
A cultura teve um papel de destaque na administração de Miguel Schmitz. Aconteceram diversos festivais de teatro e não havia um centro de cultura. Num dos festivais conseguiram trazer um grande nome que, mais adiante, foi homenageado e será sempre lembrado através do Centro de Cultura Paschoal Carlos Magno. Festivais de corais também aconteciam com inúmeras representações, não só do Estado, mas do Uruguai, da Argentina, e o palco era o Cine Lumière, que ficava onde hoje é o Calçadão.
Seu Miguel sempre pensou o futuro de Novo Hamburgo como uma cidade obreira, desenvolvida e de destaque no cenário estadual e nacional, e tinha a emancipação da cidade como o momento mais marcante da nossa gente. Disse-me ele: “Os habitantes caracterizam-se pelo empreendorismo. É um povo organizado, trabalhador, honesto e receptivo, que conserva algumas tradições de seus antepassados.” Acreditava, como também acredito, que isto faz toda a diferença.
Outubro faz desabrochar na mente da Therezinha lembranças de mais de 40 anos e que compõem sua história de empreendedorismo. Mulher aguerrida, virou empresária quando percebeu que o ramo do marido, a alfaiataria, perdia espaço para as lojas de vestuário que pipocavam por Novo Hamburgo lá em 1979.
Therezinha Chassot é a fundadora da floricultura mais tradicional de Novo Hamburgo: a Rosinha Decorações. Em 79, vendo o movimento de renovação no comércio do vestuário, área de atuação do esposo, preocupou-se logo com o bem-estar da família e passou a pensar num jeito de ajudar a garantir o orçamento. As flores lhe mostraram o caminho.
Para as empreendedoras, a criatividade é saber misturar tudo o que se ama e inovar com novos serviços.
“Na região que habitávamos não tinha muita coisa, mas sabia que os vizinhos gostavam de enfeitar as casas, presentear as pessoas… Aí pensei: – Com uma loja de flores poderia facilitar a vida deles e isso poderia ser bom para nós também. Me associei com uma sobrinha e combinei com o Rafael, meu marido, que trabalharia meio ano. Se desse certo, continuaria. Se não desse, encerrava o negócio.”
O ponto de partida foi sua própria casa. Na véspera da inauguração, as flores estavam chegando e com elas, chegou também o representante de uma funerária que ficava próxima. Encomendou, de pronto, 3 coroas. “Quando a gente abriu, no dia seguinte, as vizinhas vieram logo. As pessoas que frequentavam a casa mortuária também viam que no outro lado da rua tinha uma floricultura e isso ajudou a disseminar o nome. Ficou bem visitada a nossa casa.”
Naquela época, as flores mais nobres eram as rosas e os cravos, e as mais comuns, os crisântemos. Na inauguração, lembra Therezinha, foram vendidas quase todas as flores da loja para vizinhos e velórios. As salas mortuárias ficavam onde, atualmente, é o Centro Clínico Regina. Um ano e quatro meses depois, Kátia, sua filha, ingressou como sócia na empresa e ajudando no seu desenvolvimento institucional e comercial.
A Rosinha Decorações orgulha-se de manter um conceito de inovação em produtos, com buquês e arranjos com design sempre atuais e uma participação destacada em decorações de eventos pela região. Ela foi precursora no serviço de Assinatura de Flores no Vale dos Sinos.
Para Kátia Schu, Hamburgo Velho é um bom lugar para empreender. “É um bom bairro, com grande fluxo de pessoas, economicamente diversificado, com comércio durante o dia e entretenimento à noite. Escolas no seu entorno, referências na área de saúde. Tudo isso, garante uma boa circulação de público.”
Em termos imobiliários, Kátia diz que vale a pena investir. “A valorização dos prédios, terrenos, residências e comércio é crescente e tem potencial para mais”, afirma.
A trajetória de Sérgio Jost, empresário que está à frente da revista Expansão há mais de 20 anos ao lado da esposa Ana, continua trabalhando muito, sorrindo sempre e acordando cedo. Aproveita para caminhar pela cidade e pensar.
“Minha responsabilidade começou cedo. Nossa família era bem humilde, bem pobre.” O pai trabalhava numa indústria fumageira, a mãe também. O casal, sozinho, não dava conta deles e dos filhos. Trabalhar, portanto, não era nem uma escolha, era uma necessidade para manter-se vivo, disse-me o Sérgio.
Aos 9 anos de idade, sem alternativas, foi ser engraxate. Aos 12 anos virou chapa de caminhão, aquele ajudante de carga e descarga. Trabalho duro para um homem feito, imagine para um menino. Mas não pensava nisso, eram outros tempos e comprar os cadernos, um lanche no colégio quando dava, era algo que, normalmente, dependia dele mesmo. Tinha que dar conta sozinho. E tinha consciência disso.
Aos 17 anos, cobrador de ônibus, viu sua linha envolvida num acidente violento de trânsito. Sérgio fez a cobertura da ocorrência e mandou para o jornal da cidade. Eles gostaram e o convidaram para ingressar no jornalismo. Ele já estava fazendo reportagens na rádio Santa Cruz.
Sérgio e Ana, o casal que lidera a Revista Expansão.
“Comecei como o cara que espichava os fios nos gramados de futebol. Depois entrei como repórter.” Ele trabalhou em vários veículos do interior, dirigiu outros e fundou o primeiro jornal de Vera Cruz, em 1986: o Vera-cruzense.” A primeira edição da revista circulou em 20 de dezembro de 1999.
Nas suas caminhadas, Sérgio viu de perto a revitalização do Centro, todas as dificuldades que os comerciantes sofreram no início. E percebeu, também, que a preocupação com revitalizar, pintar os seus prédios, dar uma nova característica para a cidade é valorizar. E para o poder público ele sugere: coloquem sempre muitas lixeiras. Eu caminho cedo e vejo ainda muito lixo jogado no chão: garrafas plásticas, latinhas, papel. Talvez com uma lixeira logo a frente…
Fabiane Jubett nasceu e vive no centro de Novo Hamburgo até hoje. Criou-se subindo lombas. Primeiro a da Joaquim Nabuco e, depois, a da Augusto Jung. Mudou de endereço, mas não de bairro.
Para muitas pessoas, morar no centro ainda é algo impensável. Mas há comodidades: “Não precisamos de carro para chegar até os bancos, o comércio… A facilidade do ir e vir eu valorizo muito. E usando só as pernas, chego ao trem rapidinho.”
“Também houveram as transformações que causaram transtornos na área central, muita reclamação, como qualquer reforma que tu vais fazer dentro da tua casa, deu stress. Mas agora o que havia de degradação virou calçadas lindas, com recursos de acessibilidade; tem novos atrativos, como a Casa das Artes.”
Casa das Artes: o Centro ganhou novos atrativos.
Fabiane lembra da polêmica que antecedeu a chegada do Trensurb. Alguns não queriam, porque ele dividiria a cidade, como Canoas. Outros temiam o barulho, a desvalorização dos imóveis nas proximidades. “Diferente do que era imaginado, o barulho do trem é insignificante comparado ao dos carros. Além disso, vai só até um determinado horário”, afirma Fabiane. E não é necessário eu dizer o que todo mundo vê: só houve valorização imobiliária.
“Sou uma pessoa que acorda cedo e o movimento do trem já é parte da minha rotina. Me traz à mente a movimentação de gente, e isso me faz levantar com positividade, sabendo que um novo dia e uma nova oportunidade estão nascendo. Não só eu, mas todos os trabalhadores com seus problemas, suas dificuldades, suas razões e emoções estão vivos, tomando as ruas e a cidade. É a vida acontecendo e eu quero participar. Pulo da cama. Todo novo dia é uma oportunidade a ser celebrada.”
Fabiane e seu filho Gabriel: a paixão em morar no Centro já é dos dois.
O que faria o bairro valorizar ainda mais? ” Não sei como está a situação da antiga sede do clube social Atiradores, mas é um espaço que poderia ser muito bem aproveitado para sequenciar a zona nobre da Mauricio Cardoso, com enorme valorização imobiliária para o entorno. Ficaria um luxo. Imaginem algo diferenciado ali! Eu já imagino”.
Há cerca de 40 anos, as famílias saíam de suas casas nos bairros aos finais de semana para passear no centro de Novo Hamburgo. À noite, as pedras que pavimentavam a Pedro Adams Filho reluziam de alegria ao receber tanta gente.
As pessoas vinham ver o movimento, as águas dançantes, tomar sorvete e ir ao cinema. Marcelo Clark, empresário formado em administração, ex-presidente da ACI, habitava o centro naquela época e ainda vive no coração da cidade.
As áreas centrais valorizaram imensamente nas cidades que as revitalizaram.
Marcelo veio de Porto Alegre para Novo Hamburgo quando tinha 5, 6 anos de idade. Sua família foi morar perto de onde, hoje, fica o shopping. Depois, na Av Pedro Adams Filho, ao lado da antiga Droga Rio.
– Minha vida é aqui – afirma ele. – Eu brincava com meus amigos dentro do arroio Luís Rau, de tão limpa que era a água, acreditas? O pessoal pescava lambari mais para frente. Adoro o centro, suas histórias e minhas recordações.
O empresário se considera um hamburguense e o centro é sua paixão. Conta que divertiu-se muito por estas bandas. Quando tinha entre 10 e 15 anos, assistia ao carnaval na Av. Pedro Adams Filho, que na época acontecia ali e atraía muita gente. Estamos falando de quatro décadas, o que nem é tanto tempo assim! Seu pai, comenta, trabalhava na Exatoria, onde ficava o antigo Banco do Brasil.
Novo Hamburgo se modificou, evoluiu. Mas essas lembranças são marcantes e Marcelo recorda que havia a Padaria Stoffel no centro, o mercado Samas, que era o maior supermercado da cidade. Depois veio o Kastelão, que hoje é o Big Walmart. Quando perguntado sobre o que mais lhe encantava na cidade que já fomos, o empresário afirma sem pestanejar:
– O chafariz da Praça do Imigrante! A gente ia ali assistir as águas dançantes. Era um espetáculo. Havia música e as águas jorravam ao ritmo dela, com luzes coloridas acompanhando. A prefeitura reformou aquele espaço e resgatou algumas coisas do passado de muitos de nós.
Saudosismo e confiança no futuro na entrevista do empresário.
Clark é um empresário que vê boas perspectivas para o futuro próximo. Ele acredita que a revitalização que iniciou pelo centro e está se expandindo de várias formas e em muitos bairros vai fazer a comunidade ver Novo Hamburgo com outros olhos.
– Várias cidades que revitalizaram as áreas centrais viram elas se valorizarem imensamente.
As características fundamentais do bairro para o Marcelo é que tem tudo perto: mercados, lojas, shopping, restaurantes, bancos. A mobilidade no centro, diz ele, é até melhor, menos crítica do que na Maurício Cardoso, por exemplo. Mas afirma que sempre vai existir alguma coisa para melhorar.
– O centro é um lugar de grande fluxo, trabalho, comércio. Precisa de mais alternativas de mobilidade. Não temos uma ciclovia legal na área. Os ônibus de bairro poderiam levar para algum lugar que distribuísse melhor as linhas.
Como de costume, quis saber do Marcelo quais são os valores que ele vê no centro para atrair investimentos imobiliários. Ele me disse que é um bairro que gira em torno do sistema financeiro, tem as entidades que representam segmentos importantes da economia local. Na sua percepção, hoje, o grande negócio é ir trabalhar de manhã e não precisar de carro pra ir almoçar, voltar para o escritório. Isso o centro proporciona, conclui.