UM FERREIRO PARA FAZER SAPATOS

Pedro José Schwab é natural de linha Marechal Floriano, mais conhecida como  Arroio Augusta Alta, no município de Roca Sales/RS. Sonhava ser padre e nisso teve apoio do pároco local, que o trouxe para o seminário São João Maria Vianey, em  Bom Princípio, onde fez o primeiro ano ginasial, concluindo o ginásio no seminário Colégio São José, em Gravataí. Com 10 anos de idade ele fez o exame de admissão. Cursou até a quarta série ginasial e desistiu. Não queria mais ser padre.

Pedro Schwab: quando se tem um objetivo, deve-se ir à luta.

“Voltei pra casa e disse que desejava fazer o científico e ser engenheiro. O pai não discordou: – Vai à luta, consegue tua vaga!” Com 14 para 15 anos, Pedro ingressou no Colégio Estadual Castelo Branco, em Lajeado, para perseguir seu sonho.

O pai, conta ele, era um agricultor próspero para a época, mas dinheiro não tinha, não. Só quando vendia uma chiqueirada de porco, uma safra de soja, aí ganhava um bom dinheiro, mas este precisava durar o ano inteiro. Fora isso, faziam escambo, tipo de comércio natural naqueles tempos.

“Eu ia na venda, levava ovos e trazia açúcar. Levava queijo, trazia erva-mate.  Acabou que precisei procurar serviço.” O primeiro trabalho foi de cobrador de rua. Auxiliava um senhor que cobrava os clientes devedores das lojas. Rapaz tranquilo, interessado, Pedro fazia amizades com facilidade e, com jeito, conseguia cobrar valores que já eram dados como perdidos pelos comerciantes.

Num dia de inverno, enquanto tomava um café, alguém puxou conversa: – Tu não és o Pedro, que faz as cobranças? Tenho visto que estás trabalhando bem. Não quer trabalhar comigo? Era o dono da loja ao lado da cafeteria, que continuou: – Além de fazer cobranças, vais ser balconista, ajudar a entregar refrigerador, instalar antena… Tu vais fazer de tudo, nós vamos te ensinar. “Era o que eu mais queria.”

Foi o primeiro emprego com carteira assinada, na única loja que vendia Brastemp na região, um diferencial e tanto. “Tinha sempre muito serviço e logo passei a vender muitas geladeiras. Quando concluí o científico, entretanto, precisava sair, porque ainda não havia faculdade em Lajeado.”

Veio prestar vestibular na Unisinos, passou e então foi morar em Porto Alegre, na casa de um tio. Para se manter, tentou emprego num grande banco, patrocinador de um programa de rádio que gostava de ouvir desde sempre, o Repórter Bradesco. “Eu pensava comigo… Um dia vou trabalhar nesse banco.”

Tinha o curso de datilografia, competência fundamental e indispensável, que a maioria dos leitores deve bem lembrar. Só que pra atrapalhar, tinha também a idade de prestar o serviço militar. Mesmo assim, foi até a agência do centro, onde o dispensaram de cara.

Telefonou então para o pai e perguntou: – Como está essa história de ir para o exército? “Ele disse para eu não me preocupar, que não iria servir. No outro dia, botei uma gravata cor de rosa, uma jaqueta de veludo vermelha, pois não tinha paletó, calça boca de sino para impressionar e voltei na agência do banco.”

Não é que conseguiu o emprego? Trabalhou muito, relembra, até ser indicado para chefe de departamento. E aí aconteceu de novo. Descobriu que não era o que desejava. “Eu queria a minha engenharia mecânica, que estava cursando na Unisinos.” Saiu do banco.

Em 1976, já morando em São Leopoldo, Pedro recebeu um  telegrama da namorada – hoje esposa. Ela pedia que viesse com urgência para Novo  Hamburgo. Tinha um emprego para  ele na Calçados Guilherme Ludwig, que ficava na Joaquim Nabuco, onde atualmente é o Itaú. “Eu não sabia fazer sapato, mas dominava a organização industrial. Na época, todo  mundo me olhava atravessado, como se viesse um ferreiro para fazer sapatos.”

Astucioso, conta que aliou-se ao programador da fábrica, conhecedor do processo sapateiro, para juntos organizarem a fábrica. “Conseguimos fazer o melhor ano produtivo da história da empresa.” A vida transcorreu, ele acabou indo para a Azaleia, mas quando a empresa definiu fechar a unidade de Novo Hamburgo, o desejo dele era permanecer na cidade. “Me deram a escolha: Parobé ou São Sebastião do Caí. Foi quando minha esposa me acordou: – Por que tu não abre uma coisa para ti?”

Nascia ali a Maguibeth. “Meu primeiro produto foi estojo para óculos. Passaram-se dois anos quando comecei a produzir para a Mundial, cliente há 22 anos.”

Para o Sr Pedro José Schwab o bairro Ideal é especial. “É um bairro maravilhoso, poderia ter ido para qualquer outro bairro, mas aqui estou perto de tudo! É onde me sinto seguro.”

 

 

 

11 thoughts on “UM FERREIRO PARA FAZER SAPATOS”

  1. Bela história…mostrando q nada caí do céu.
    Deus sempre ajuda, mas é preciso cada fazer sua parte.
    Obrigada , Jorge, por compartilhar conosco mais um relato de alguém q conquistou seu espaço.
    Parabéns, Sr. Pedro por escolher acreditar q é possível. Um bom exemplo!

  2. A leitura desta HISTORIA, É atrativa. Trata-se da CONSTRUÇÃO DE UMA VIDA.
    PRESUMO, pela feição do rosto que é uma pessoa FELIZ e REALIZADA.
    SÃO EXEMPLOS DE VIDA AUTENTICA.
    JORGE, PARABÉNS em mostrar esta lição de vida.

  3. História de vida incrível de uma pessoa que acreditou no seu sonho e lutou correu atrás e obteve o sucesso …
    Parabéns a esse grande homem e empresário 👏👏👏

  4. Parabéns Pedro!!! Adorei tua história! Pois conhecia apenas uma parte!! Linda História mto Orgulho!! Parabéns tbm Bete q cfe relato mto contribuiu!! Bjnho pra Vcs SUCE$$O SEMPRE

  5. Mais uma inspiradora história de vida, registrada com maestria! Parabéns ao Pedro por sua persistência e perspicácia. Parabéns Jorge por pesquisares e perceberes a beleza em cada trajetória – e aí também há um tanto de persistência e perspicácia!
    Acabei igualmente curiosa pela escolha do nome Maguibeth…🤔

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