CHAVE DE FENDA E MARTELO ERAM SEUS BRINQUEDOS

Os carrinhos que ganhava de presente ele logo desmontava, para descobrir como eram feitos. Curioso desde guri, Renan Rodrigues Lima, da Installux, veio de Camaquã quando o pai, bancário, foi transferido para uma agência do Vale dos Sinos. Contava 10 anos de idade, mas já era um apaixonado pelos trabalhos técnicos.

A segurança no trabalho realizado, faz a Installux ser reconhecida no mercado.

“Minhas brincadeiras eram com chave de fenda, martelo… Nós tínhamos uma oficina em casa com equipamentos diversos, compressor, furadeira, e eu passei toda a minha infância brincando com isso. Eu consertava as minhas bicicletas, ia no ferro velho buscar rolamento, enquanto o meu irmão mais velho ficava lendo e assistindo televisão.”

Antes da família desembarcar em Novo Hamburgo, moraram em Estância Velha. Foi lá que o irrequieto Renan conheceu, através de um colega de escotismo, os encantos da eletrônica. “Nós comprávamos revistas nas bancas e ali a gente ia aprendendo eletrônica. Eu comprava as peças e montava os dispositivos. As vezes não funcionava, daí tinha que escrever uma carta, mandar para o departamento técnico da revista em São Paulo, esperar 2, 3 meses até vir a resposta.”

A eletrônica, conta Renan, sempre foi muito latente nele, e com os experimentos que fazia, foi aprendendo e se qualificando. Conseguiu ingressar na Escola Técnica Liberato e formou-se lá em 1989, na primeira turma. Ele lembra com orgulho: “Fui o primeiro aluno da Liberato a fazer estágio na VARIG.” Mais tarde, voltou a trabalhar lá, ganhando 4 vezes menos do que ganhava numa empresa de equipamentos eletrônicos de Campo Bom. “Queria ter a experiência de trabalhar numa empresa de porte internacional, conhecer os métodos empregados, como eram os equipamentos. Já cursava inglês e tinha vontade de dar um passo à frente.”

Quando o Polo Petroquímico abriu um processo seletivo ele se inscreveu. “Eram 2.125 candidatos para 17 vagas, o processo durou 5 meses e, na etapa final, estava eu entre os 17.” Depois de deixar o Polo, iniciou a faculdade de Licenciatura Plena em Eletrônica, claro.  O curso estava começando na Unisinos e ele queria voltar a estudar e por a prova o conhecimento acumulado.

“Eu já conhecia o Alexandre, meu sócio. Como o curso era noturno, resolvemos empreender e montar a Installux. Muitos colegas criticaram: – Bah, tu fez curso técnico, estás te formando na faculdade para ficar aí subindo escada, fazendo instalações? Mas sabíamos que poderíamos fazer um trabalho diferenciado.”

Renan diverte-se com lembranças da época. “As pessoas que faziam as instalações elétricas eram os práticos, tinham um nível de escolaridade baixa e iam aprendendo de forma empírica. Tínhamos que corrigir expressões como descascar fio. A gente retrucava: fio não tem casca, tem capa. Um diferencial que a gente aplicou foi o uso das soldas nas ligações elétricas. Até então, todo mundo emendava os fios de qualquer jeito, passava uma fita isolante e essa era a instalação elétrica.”

O objetivo dos sócios era oferecer um serviço que ninguém fazia. Como Renan tinha conhecido um nível diferenciado de equipamentos nas empresas pelas quais passara, sabia onde encontrá-los. Não tinha internet. “Eu lembro que queria comprar uma escada que não tinha aqui. Precisei ir lá na Companhia Telefônica CRT, que ficava no Calçadão, buscar a empresa nas Páginas Amarelas, descobrir o telefone e ligar para lá. Os caras mandavam um fax com o modelo do equipamento, eu fazia uma transferência bancária, enviava também por fax e esperava a transportadora. Isso foi ali, em 1992.”

“Fomos trabalhando com o propósito de dar segurança naquilo que era realizado e isso fez com que a Installux se tornasse reconhecida pelo mercado. No dia 12 de setembro completamos 30 anos, sempre no bairro Centro. Hoje vivenciamos uma situação muito gratificante. Vários clientes que começaram a contratar nossos serviços no início da empresa, casaram os filhos e estes tornaram-se nossos clientes também. Temos algumas famílias que nós atendemos o avô, o pai e os filhos.”

 

 

 

 

6 thoughts on “CHAVE DE FENDA E MARTELO ERAM SEUS BRINQUEDOS”

  1. Ótima entrevista. E saber a trajetória que esses grandes empreendedores percorreram até chegarem ao sucesso e reconhecimento, é um grande incentivo para novos empreendedores.

  2. Sempre interessante e estimulante conhecer a história de quem empreendeu e aprendeu ao longo de seu caminho de vida. Não basta haver oportunidades: é necessário saber o que se quer para reconhece-las e aproveita-las. Objetivos, escolhas e persistência podem nos levar longe!
    Parabéns pela coleta e registro desta bela história!

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