TIC-TAC, TIC-TAC

Criador do relógio no sentido anti-horário, hamburguense nascido em Rolante, colono-relojoeiro, Remi Scheffler, representante da terceira geração da joalheria batizada com o sobrenome da família, além dos títulos inusitados, é formado com excelência pela Escola Suíça de Relógios e em administração de empresas.

“Meu avô era um colono em Rolante e reparava tudo. Ele tinha esse dom de consertar. Era funileiro, relojoeiro, arrumava guarda-chuva e o que mais aparecesse. Com o passar do tempo, envelhecido, foi tendo dificuldade para enxergar. Como via talento no meu pai, que o acompanhava sempre, apelou para que o ajudasse na montagem de coisas mais delicadas.”

Muita paciência e conhecimento fazem do relojoeiro uma profissão mágica.

Em 1953, Waldo Scheffler, pai do Remi, e o irmão dele, resolveram empreender e constituíram a empresa. O negócio deu muito certo em Rolante e os dois, então, vislumbraram a possibilidade de crescimento, desde que tivesse um mercado maior e mais atraente para conserto e venda de relógios e joias. Foi assim que vieram parar em Novo Hamburgo e foi assim que Remi tornou-se hamburguense de coração. “ Isso foi em 12 de abril de 1962”, recorda. Até hoje, a Joalheria Scheffler está no mesmo endereço, na Rua Bento Gonçalves, 2236.

O tic-tac dos ponteiros pontuam a vida deste relojoeiro desde a barriga da progenitora. “Minha mãe atendia o balcão enquanto o pai consertava os relógios e joias.” O guri cresceu dentro da loja. Via os relógios chegarem esfacelados e ficarem novos em folha depois de passarem pelas mãos talentosas, pela paciência e conhecimento do pai e aquilo o encantava. “Isso tudo eu achava uma coisa muito mágica.”

O certificado de relojoeiro de excelência no estado do Rio Grande do Sul, pela Escola Suíça de Relógios, é um dos orgulhos do Remi. Eram poucos alunos que podiam participar, pois o curso, na época, tinha o custo de um Fusca. Foi ministrado em Porto Alegre por uma equipe vinda da Suíça, somente para quem já era relojoeiro, e teve a duração de meio ano. Era um curso para afinar, lapidar o conhecimento.

O relógio anti-horário? “Certa vez, em 1985, sentado numa barbearia, pensei: – Vou inventar um relógio que, se tu colocar contra o espelho, ele vai andar certo. O cara achou engraçado. E eu me dediquei e fiz.. Lógico, hoje se tornou de domínio público, tudo mundo faz, mas em 85 eu fiz esse relógio. Esse relógio girou o mundo. Fez muito sucesso. Eu vendi muito para tudo que é lugar. Até uma matéria ao vivo saiu na TV Record, em rede nacional. Um hamburguense que é o criador do relógio anti-horário.

Pai e filha: um trabalho sincronizado visando oferecer o melhor para seus clientes.

Remi ainda vê muito futuro para a Joalheria Scheffler. A filha, Aline, não conserta relógios, brinca. Mas é uma empreendedora. “Temos muitos projetos pela frente. Em breve devemos apresentar uma surpresa para a comunidade de Novo Hamburgo, audaciosa, diferenciada. Além disso, um dos meus projetos é ministrar cursos para relojoeiros.”

Atenção, rapaziada! Relojoeiro, por parecer uma profissão em extinção, ficou muito valorizada. O empresário me confidenciou que quando procura um profissional encontra dificuldades. Os que existem estão empregados, são muito bem pagos e não saem do seu emprego. E a maioria dos jovens não têm se interessado. Fiquem de olho, portanto, porque Remi Scheffler deve lançar, em breve, um curso de relojoaria em Novo Hamburgo.

Pergunto se empreender no centro é negócio. “Eu incentivo todas as pessoas que pensam em empreender, em abrir seu próprio negócio, que se animem e façam. No centro ou onde julgarem melhor em Novo Hamburgo. Hoje 62% da arrecadação de tributos do município vem do comércio varejista. O que mais precisamos fazer é a economia girar.”

Fotos: Divulgação

 

 

 

 

 

 

 

5 thoughts on “TIC-TAC, TIC-TAC”

  1. Admiro muito o Remi.O pai dele era amigo do meu pai…
    Como cliente da loja,desejo sucesso.Muito interessante conhecer a trajetória da família Scheffler dos idos tempos até os dias de hoje.

  2. Boa noite Jorge, obrigada por nos inspirar com as histórias dos hamburguenses! A gente não imagina quão minuciosa é a profissão do Remi até ler a tua descrição aqui no Blog. Parabéns!

  3. Mais uma história bacana, Jorge! Sou cliente da relojoaria pela seriedade e pelo ótimo atendimento. Saber destes detalhes me faz admira-los ainda mais!
    Também gostei muito da tua chamada publicitária ao final!
    Abração!

  4. Fui colega da irma do Remi, fizemos trabalhos juntas e dormi muitas vezes na casa deles. Uma familia muito querida.
    Nao conhecia a historia deles que realmente é bem interessante e inspiradora.
    Obrigada , Jorge, por compartilhar mais uma bela historia vivida por pessoas que “conhecemos ” e sabemos tão pouco.
    Abraço

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