NÃO, NÃO E NÃO

As vezes é o sonho, noutras é a necessidade que não nos deixa desistir. No caso da Leal Casa Limpa, a alternativa correta foi mesmo a segunda. A necessidade fez a empresa nascer e foi responsável, também, por não deixar ela desaparecer. A história do empresário Valdemir Leal, é uma lição de como o trabalho, as vezes mais que a sorte, a inteligência ou o talento, faz o mundo dar voltas.

Leal transformou as dificuldades em reais oportunidades de negócio.

“Com 16 anos meus pais foram morar em Flores da Cunha. Venderam a casa e eu fiquei sozinho na cidade. Precisei dormir durante um bom tempo no depósito do supermercado, mas dali acabei chegando a gerente”, conta. A vida nunca foi fácil para o Leal. Chegou em Novo Hamburgo aos 8 anos, vindo de Tenente Portela. Com 13 anos já estava trabalhando no calçado, passando cola e estudando à noite.

Naqueles tempos, muitos guris ainda tinham o sonho de fazer carreira militar e ele foi para o exército confiante. Mas mesmo tendo sido aprovado nos cursos de cabo e sargento, percebeu que não ganharia “divisa”. Certo dia, porém, viu no mural do quartel um anúncio de formação da Guarda Municipal de Novo Hamburgo, que começaria a operar em março de 1992. Seriam 3 dias de provas na Feevale. “Eu saía correndo do quartel até a BR-116 para pegar carona, pois não tinha dinheiro para o ônibus.”

Os portões fechavam sempre às 14h. No último dia de prova, pediu dispensa para o seu comandante que só o liberou uns 20 minutos antes do horário. “Eu corri até a BR-116, fardado, sem parar. Completamente suado, comecei a bater nos carros, até que um senhor em um Santana novo,  bordô, me abriu a porta. Eu estava aflito e ele quis saber o que estava acontecendo. Falei que iria fazer a última prova para a Guarda Municipal de Novo Hamburgo, mas pelo adiantado da hora, não teria mais chance de participar.”

A Leal Casa Limpa conta com uma mão de obra qualificada, suprindo eficazmente todas as necessidades na zeladoria de condomínios.

Talvez fosse um Anjo da Guarda aquele senhor generoso, dono da Farmácia São Luiz. Ele pisou no acelerador e conseguiu deixá-lo, em cima da hora, na porta da Feevale. Leal foi último a chegar e dos 583 inscritos foi o sétimo colocado. Ficou na Guarda Municipal por 15 anos. “Uma coisa que lamento foi não ter conseguido agradecer a esse senhor. Um dia parei a viatura na frente da farmácia e perguntei por ele… me disseram que tinha morrido.”

Em 2004, Leal foi cedido para a Câmara Municipal como assessor parlamentar e fez amizade com uma mulher que, em 2009, foi responsável pelo empurrarão que o fez empreender.  Ela era síndica de um condomínio e estava com problemas. “Ela começou a plantar aquela sementinha, perguntando por que eu não botava uma empresa de limpeza.”

Era época de pouquíssima grana, a filha ia fazer 15 anos e ele sem nenhum centavo para ajudar a preparar a festa. Não tinha ideia de como abrir uma empresa, muito menos capital para isso. Mas, num novo encontro, essa amiga insistiu. “Eu tinha um compadre, um grande amigo meu, que era contador. Ele me ajudou, deu as coordenadas e quando percebi, já estava providenciando CNPJ. Não tinha endereço, nem tinha sala comercial, não tinha dinheiro para tirar o alvará. Quem pagou a retirada do alvará foi o meu contador.”

Enfim, a empresa estava registrada! “Mas era eu e Deus. Eu era o recepcionista, o patrão, o faz tudo. Abria, fechava, corria atrás de serviço… Levei uns 6 meses até pegar o primeiro contrato de 41 funcionários. Para pegar a licitação, precisei baixar muito o preço. Fui fazer as contas para pagar, não sobrava salário para mim.”

O Leal recebeu mesmo foi muito não. Sem experiência, com uma empresa sem histórico, o cenário era crítico. Chegou a colocar pessoas para trabalharem de graça num consultório e numa matrizaria, só para poder comprovar que tinha clientes. “Comprei crachá na livraria, escrevi o nome com caneta, dei um uniforme branco. Nunca vou esquecer de quando me disseram: é fraco o teu serviço! Mas a gente gostou de ti. Vamos te dar o serviço. Foi a glória.”

Novo Hamburgo: é onde acontece toda a gestão administrativa, o que facilita a uniformidade nas decisões.

Em 2014, depois de 7 anos de serviço, ele conseguiu um contato com o Grupo Herval e aí sua história começou a mudar. Fechou contrato com as Lojas TaQi para fazer limpeza e segurança em 36 lojas, em 25 cidades. No terceiro ano a TaQi passou todas as lojas para a Leal. Eram 87 cidades e 209 lojas. “Com esse portfólio, facilitou muito minha expansão para atender os condomínios residenciais.”

Quis saber se, na sua opinião, o bairro Guarani é um bom lugar para empreender.

“Eu sou um apaixonado pelo bairro, estou há 8 anos com a minha empresa aqui. Fui muito bem recebido. Acho um bairro limpo, seguro, arborizado, próximo ao centro e de fácil acesso.

Fotos: Divulgação

 

 

 

 

 

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