PENSANDO A CIDADE NO FUTURO DO PASSADO

Miguel Schmitz comandou Novo Hamburgo num período crucial do nosso desenvolvimento e  deu contribuições fundamentais para a expansão e amadurecimento do município. Ele assumiu a prefeitura de Novo Hamburgo em 31 de janeiro de 1973, num período em que surgia a exportação de calçados por aqui, gerando um processo de forte migração para a cidade e, consequentemente, um nível de dificuldades enormes para a administração num período muito curto.

Miguel Schmitz, atuação permanente na comunidade.

A população saltou de 80 mil para 120 mil habitantes e cabia ao prefeito a responsabilidade de proporcioar infraestrutura para a população. Este ponto estrutural acabou sendo um dos seus grandes legados. Foi a visão de futuro dele que nos permitiu, hoje, ter essa série de avenidas na cidade. Como não podia fazer tudo que era necessário, pensou que poderia facilitar os deslocamentos e a logística na cidade. Construiu Av. Victor Hugo Kuntz, Cel. Travassos, Guia Lopes, Sete de Setembro, Cel. Frederico Link – que estava destruída – Eng. Jorge Schury e a estrada para Lomba Grande, entre outras.

Conseguiu realizar uma série de obras de infraestrutura que hoje são praticamente a espinha dorsal de Novo Hamburgo. Seu Miguel, como prefeito, também transformou a Fenac de um embrião comunitário em uma empresa pública que teve e ainda tem um papel de destaque no cenário econômico da cidade.

Uma realização que lhe orgulhava muito foi a Galeria de Artes. Nas saudosas palavras dele: “Isso é uma boa história! Estava no gabinete no dia 8 de outubro de 1973. Entra o Alceu Feijó, que era o meu assessor de imprensa, com um papelzinho na mão… – Miguel, tu tens que telefonar para esse cidadão aqui. Ele está radicado há anos na cidade de Florença, na Itália. Está de aniversário hoje. E nós teremos o Sesquicentenário da imigração alemã no próximo ano.”

Continuou: “Eu nunca tinha ouvido falar do cidadão… Peguei o telefone, disquei… Scheffel, aqui é Miguel Schmitz, prefeito de Novo Hamburgo. Não nos conhecemos, mas quero te parabenizar pelo aniversário e também te formular um convite: assistir aos festejos do Sesquicentenário da Imigração Alemã. Tivemos a felicidade de fazer com que o extraordinário artista Ernesto Frederico Scheffel viesse, na condição de convidado de honra, participar das comemorações.”

Com a presença do artista na cidade, surgiu a ideia de criação da Galeria de Artes Ernesto Frederico Scheffel, em prédio histórico por ele escolhido, que o então prefeito desapropriou para que recebesse a galeria. Restaurado, o imóvel acolheu o maravilhoso acervo de suas obras, doadas ainda em vida.

A cultura teve um papel de destaque na administração de Miguel Schmitz. Aconteceram diversos festivais de teatro e não havia um centro de cultura. Num dos festivais conseguiram trazer um grande nome que, mais adiante, foi homenageado e será sempre lembrado através do Centro de Cultura Paschoal Carlos Magno. Festivais de corais também aconteciam com inúmeras representações, não só do Estado, mas do Uruguai, da Argentina, e o palco era o Cine Lumière, que ficava onde hoje é o Calçadão.

Seu Miguel sempre pensou o futuro de Novo Hamburgo como uma cidade obreira, desenvolvida e de destaque no cenário estadual e nacional, e tinha a emancipação da cidade como o momento mais marcante da nossa gente. Disse-me ele: “Os habitantes caracterizam-se pelo empreendorismo. É um povo organizado, trabalhador, honesto e receptivo, que conserva algumas tradições de seus antepassados.” Acreditava, como também acredito, que isto faz toda a diferença.

Fotos: Divulgação

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