Faz quase um ano, fui assistir um recital de piano de Fabio Luz (Brasil/Itália) na Fundação Ernesto Frederico Scheffel. Era uma terça-feira, 10 de outubro. O recital, emocionante, teve a participação especial da mezzo-soprano Angela Diel.
Mas e o que dizer do casarão em estilo neoclássico onde funciona a Fundação Scheffel, e que serviu à comunidade de diferentes formas? Foi residência, escola, local de eventos culturais, casa comercial e até hospital. Fiquei comovido só de olhar a edificação, construída no ano de 1890, por Adão Adolfo Schmitt.

De repente, envolvido naquele clima de romantismo cultural, me peguei absorto viajando no tempo, e passeando mentalmente pelo bairro histórico que deu origem à cidade e ainda conserva razoável parte de seu patrimônio relativo à imigração alemã.
Revi o Museu Comunitário Casa Schmitt-Presser, construído em técnica enxaimel e tombado pelo patrimônio histórico; a Igreja Evangélica Luterana dos Reis Magos e a Igreja Nossa Senhora da Piedade, ambas restauradas e contando com belíssimos vitrais. Os dois cemitérios, o Luterano e o Católico, com diversas lápides executadas por volta 1890, e esculpidas com detalhes góticos e com epitáfios em alemão.
Que espetáculo é este bairro Hamburgo Velho, pensei com meus botões. Há várias outras casas em estilo eclético, com características da imigração alemã, com frontão recortado e telhado com inclinação acentuada. Ruelas que nos levam de volta no tempo e prédios que nos colocam de volta ao mundo de hoje.
O bairro abriga o Hospital Regina, o Campus I da Universidade Feevale, o Techpark, o hotel Swan Tower, lojas sofisticadas e modernos espigões. Morar em Hamburgo Velho é um privilégio, sob vários aspectos.