A campainha era assim, no grito, quando todos os hamburguenses viviam em casas. Se não era no grito, era batendo palmas na frente da residência que as pessoas tentavam chamar a atenção do morador, fosse para pedir emprestada uma ferramenta, algum insumo que faltara na cozinha, para se informar de alguma ocorrência ou saber a opinião do vizinho sobre qualquer assunto.

Essa lembrança me veio quando comecei a disparar um novo questionário para clientes, amigos, leitores e os hamburguenses com quem tenho alguma possibilidade de contato digital. Gastei bons minutos me deliciando com as fotografias mentais daqueles tempos longínquos e me divertindo com o comparativo de épocas. Imagine ir de porta em porta, chamando ou batendo as mãos para ouvir a opinião dos vizinhos hoje.
O nosso modo de vida mudou! Mas é interessante como algumas características originais, por assim dizer, marcam diferentes culturas, cada qual com suas particularidades. Meu estudo, como os anteriores que realizei, não tem caráter científico, obviamente. Colho informações e formulo minhas percepções para orientar meu trabalho de consultoria imobiliária e para inspirar histórias ou compartilhar informações aqui no blog, na Revista Expansão e no espaço do associado da ACI. Você deve estar se perguntando: mas que particularidade foi essa que se destacou tanto? Eu digo: mantém-se entre nós, um apreço muito grande por viver numa casa.
Recentemente, conversei com a Jacqueline Schneider, psicóloga, pois queria que ela fizesse uma reflexão sobre a nossa realidade atual, envolvidos por uma pandemia que jamais pensávamos viver. Ali o assunto já se insinuou, mas por outro viés. Palavras dela: “Esse lugar onde eu vivo, ele realmente me representa? Me acolhe? Me satisfaz?
Um contingente significativo de moradores de Novo Hamburgo continua dando valor a residir em casas. Penso que esta opção também tenha se fortalecido novamente, pela melhoria de um indicador importante: a segurança. Houve uma diminuição considerável de citações dos participantes com esta preocupação e um crescimento de menções às residências.
Outro fator que se destacou foi a satisfação de mais de 50% dos respondentes com os bairros em que vivem. Percebia isso nas conversas com empresários para o “Empreendendo nos Bairros”, entrevistas do blog com representantes da nossa economia. Particularmente, considero isso muito positivo, pois este tipo de relação com o ambiente físico faz com que, naturalmente, as pessoas dediquem maior atenção aos passeios públicos, à limpeza, arborização e benfeitorias outras que afetam diretamente o dia a dia de cada morador. Quem gosta, cuida.
A relação com o patrimônio histórico, aos poucos, vai ganhando relevância. Com percentual ainda distante de lembrança, ao menos já aparece alguma preocupação em relação a essa herança tão importante e representativa da nossa sociedade. Poucas cidades têm uma riqueza histórica tão expressiva como a que temos e é fundamental que se preserve e se proteja todo esse legado.

A todas e todos que participaram deste estudo, gostaria de deixar meus sinceros agradecimentos. É muito gratificante encontrar apoio e participação da comunidade da gente numa iniciativa assim, que não tem pretensões além daquelas destacadas lá no início desta matéria. Das respostas compiladas, 94,20% evidenciaram 7 pontos em comum. A grande maioria, portanto, mostrou que está pensando a cidade sob o mesmo prisma. Ao menos é o que se depreende quando o conjunto de preocupações aponta para os mesmos fundamentos. Nas próximas edições vou me dedicar a explorar cada um deles, entrevistando as pessoas que respondem diretamente por cada assunto. Espero ter a sua companhia.
Sim, eu mesmo já fiz isto bater palmas ou gritar ô de casa, e se conhecia cada morador pelo nome ,hoje e claro que mudou com toda a tecnologia basta digitar.
Muito interessante esta abordagem uma vez que nos dias atuais as “palmas “, “ô de casa” acontecem seguindo a evolução da era digital,voltei ao passado e me deu saudade…