NÓS, DENTRO DE NÓS

Como serão as relações pós-pandemia? Negócios, amores, amizades serão afetados? Sei que estas questões não têm respostas prontas, nem definitivas, mas como olhar o mundo a nossa volta a partir deste ponto em que estamos? Pelas tecnologias que nos amparam nesta hora, me socorri da Jacqueline Schneider, psicóloga, para fazer uma reflexão sobre a realidade que jamais pensávamos viver.

Jacqueline Schneider, psicóloga.

“A rapidez e o impacto dos acontecimentos igualou a todos na surpresa”, afirma Jacqueline. “Para muitos, a reação inicial foi a compulsão. Compulsão por notícias, estatísticas, compras de papel higiênico, álcool gel, mantimentos, tudo para diminuir a ansiedade causada pelo possível enfrentamento de algo catastrófico. O efeito? Pessoas descontroladas, deixando-se inundar pela ansiedade, alimentando-a mais ainda.”

“Findado o momento de correr às compras e fazer da casa uma trincheira, passamos a nos comunicar freneticamente pelas redes sociais, trocando mensagens, vídeos, notícias – nem todas reais, nem todas verdadeiras, algumas mais desinformando do que informando – num contínuo alimentar da ansiedade.”

“O isolamento vai gerar descobertas”, diz a psicóloga. Obrigado a ficar em casa, o ser humano precisa encontrar outras formas de trabalhar, de se ocupar, de se relacionar. “Eu acho que, de um modo geral, nada mais vai ser o mesmo. ” Uma situação nova causa mudanças naturalmente. Mas o medo muda as coisas de lugar, altera percepções e comportamentos. E já mudou nossa rotina.

“Eu sinto que nesta turbulência muitos têm parado para pensar sobre o ritmo com que vinham levando a vida. Quantos compromissos assumidos no trabalho e nos relacionamentos sociais, quanto desgaste com coisas com as quais não há nenhuma afinidade? Que valor isto tem numa hora dessas?”

“O isolamento fez com que as pessoas tomassem contato com vários aspectos seus e da suas relações que, talvez, mude sim, até a forma como vão se relacionar. Estamos percebendo que o relacionamento apenas através das mídias sociais não é satisfatório. Pai, mãe, filho, avós, todos queriam agora dar ou receber um abraço, mas não podem. A tecnologia pode ser algo muito bom, as mídias sociais podem ser muito boas, dependendo de como e para que a gente usa elas.”

Jacqueline considera que as mutações provocadas chegarão também ao setor imobiliário. “Esse lugar onde eu vivo, ele realmente me representa? Me acolhe? Me satisfaz? Ou escolhi morar aqui porque achei que me traria prestígio, valorização pessoal!”

“Eu mesma invejei as pessoas que, nesse período, moram numa casa com pátio, que podiam sair, cuidar do jardim, levar seu animalzinho para fora, pegar um sol na hora que quisessem, olhar para o céu.”

Para Jacqueline, uma das maiores lições que podemos tirar desse momento é o respeito pelas diferenças, mas reconhecendo e preservando o coletivo, que hoje pede, dramaticamente, nosso olhar solidário.

Foto: Divulgação

 

 

 

5 thoughts on “NÓS, DENTRO DE NÓS”

  1. Minha admiração pela Jaque vem de muito tempo! Quando naturalmente valorizamos e temos carinho por uma pessoa especial, já existe uma pré disposição para concordar com seus pontos de vista. Ao ler colocações tão reais, com sabedoria e esclarecimentos, todos equilibrados entre sentimentos e reações, confirmo a confiança e carinho por esta pessoa linda!
    Espero sinceramente que ocorram estas mudanças que a muito tempo se fazem necessárias. Que diminua o egoísmo, já que parece impossível que ele desapareça, uma vez que mesmo com uma situação tão delicada, muitos surfam nesta onda em benefício próprio. Estupidez total!
    Como sou entusiasmada pela vida, prefiro acreditar que o ser humano pode evoluir e transformar as energias e que possamos ser felizes com o mais importante. Fé, Amor e Paz! Grande beijo Jaque e Jorge!

  2. Jaque, querida. Concordo contigo.
    Este momento abriu espaço para (re)pensar-se, pensar-se de novo , dar um novo sentido ao que se vinha fazendo.
    Paramos com os movimentos que faziamos fora e nos voltamos para dentro, para “nós “.
    Que temos para aprender com isto?
    E será que vamos dar conta desta aprendizagem?

  3. Muito boa matéria,temos muito que aprender e que neste momento de incertezas possamos ter mais amor, fé e melhorarmos como pessoas.

  4. No meu caso vou sair,se sair descontrolada,separada,acho que até sem sentimentos,esta sendo a pior experiencia de minha vida.Acho que não terei vida.

  5. Jaque concordo contigo e acho que as coisas nunca mais serão as mesmas pra mim, mas infelizmente acho que as pessoas que antes só viam seus proprios umbigos continuarão assim. Elas não têm esse medo que nos apavora e nos faz mudar.

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