UMA KITINETE PARA CINCO

Chico Dalla Costa, o José Artur Dalla Costa na certidão de nascimento, tem um passado que daria um livro. Natural de Encantado, veio para Novo Hamburgo atrás de um amor. A moça havia mudado-se para cá para cursar Educação Física na Feevale, uma faculdade de grande destaque na época. Jovem e apaixonado, encheu- se de coragem, pegou as duas melhores peças de roupa que dispunha e veio atrás dela. Hoje ele está à frente da JM Contabilidade, mas, entre uma história e outra, quanta emoção.

Chico se considera uma pessoa abençoada, pois sempre teve o objetivo de construir algo.

“Sou hambuguense de coração por causa dela, que me atraiu para a cidade. Falava que a região  tinha muitos empregos e, quando percebi, já estava aqui.” Só que o Chico não tinha contabilizado o tamanha das despesas para  sobreviver. Pagar aluguel, luz, comida, roupa, transporte não era fácil. Como poderia impressionar a namorada sem nada de dinheiro no bolso? O bicho era bem mais feio do que sequer poderia imaginar. Com os pobres pais, não podia contar. Mas guerreiro é guerreiro e quem trabalhara num frigorifico em Encantado não tinha que se abater frente a umas dificuldadezinhas.

“Novo Hamburgo, no início, foi muito difícil para mim. Não conhecia ninguém e tinha que me virar sozinho.” O jeito foi dividir uma casa. Com dez pessoas! “Todos ganhavam pouco e rachar o aluguel com mais gente era uma necessidade”, conta. Trabalho, casa. Casa, trabalho. Por muito tempo a rotina do Chico foi essa. E foi assim, dando duro, que o rapaz conseguiu mudar-se para um kitinete. Com 5 pessoas! Se não fosse o amor, teria voltado para Encantado. Talvez, para o emprego no frigorífico. Lá tinha amigos, família, conhecia quase todo mundo na pequena cidade.

Os departamentos são divididos nos 395 m² de área construída.

Quando chegava o final de semana a saudade batia forte e o desejo de ir para Encantado tomava conta dele. Mesmo depois de casado. “Durante 5 anos, quando tínhamos dinheiro, toda sexta-feira à noite pegávamos o Centralão até a Scharlau e, de lá, o Expresso Azul, que ia até Encantado. Mas geralmente não tínhamos dinheiro.”

No aperto, só o que resolve é a criatividade. E era com ela que o casal ia aos sábados, bem cedo, tentar carona. Levavam prontas várias plaquinhas com os nomes das cidades (Montenegro, Santa Cruz, Lajeado, Estrela, Arroio do Meio). Quando demorava muito aparecer carona para Encantado, iam tentando cidades que ficavam no caminho. “Nos revezávamos para segurar as plaquinhas. Algumas vezes, saíamos de casa às seis da manhã para chegar ao nosso destino às 17hrs.”

A história do Chico Dalla Costa mostra que “Deus ajuda quem cedo madruga.” Estudando à noite, formou-se em contabilidade em 1984. Em Novo Hamburgo, trabalhou em algumas empresas – na área administrativa e contabilidade. Em março de 1991, ele e um colega de trabalho fundaram a JM Contabilidade.” “Começamos com um amigo que emprestou a sala, telefone, toda a estrutura e, ainda, nos passou alguns clientes pequenos. Como contrapartida, fazíamos a contabilidade dos outros clientes do escritório dele.” Foi assim por dois anos.  Quando conseguiram um cliente que dava sustentação ao negócio, seguiram vida própria e, em 2000, dissolveram a sociedade e cada um, hoje, tem seu escritório.

Inaugurada em 2016, a nova sede da JM Assessoria Contábil está localizada no bairro Operário.

Em 2016, foi construída a nova sede, no bairro Operário, com uma estrutura de excelência. “Qualifiquei o quadro de colaboradores e fiz tudo isso no meio de mais uma das tantas crises que o país já  enfrentou.” O Chico sempre quis instalar o escritório no Operário. “Vejo há muito tempo que o bairro tem potencial para crescer. É próximo do centro, tem acesso fácil para quem vem de fora. Pra ele, só o que faz falta é uma agência bancária. Mas nada é perfeito.

Fotos: Divulgação

 

 

 

 

 

 

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