Esta receita que para muitos pode parecer exótica, virou uma sensação gastronômica de época nas icônicas bancas de Novo Hamburgo. Mais precisamente na Banca 8, hoje comandada pela Sra. Ruth Erna Petry e seu filho Claudio.

“Em 55/56 o Cláudio, meu falecido marido, introduziu o famoso salsichão com pão, chimia e nata, acompanhado de café com leite. Isso não existia, mas era uma coisa de origem alemã que logo pegou, virou sucesso”, lembra dona Ruth.
Em 1949 a rodoviária de Novo Hamburgo era na Pedro Adams Filho e, próximo dela. Os comerciantes queriam suprir as necessidades dos viajantes que por ali transitavam, embarcando e desembarcando num vai e vem frenético para a época.
O Centro já tinha bastante movimento e havia o cinema, os bailes e as reuniões dançantes que aconteciam na antiga sede social da Ginástica, onde está o Calçadão e, hoje, é o Espaço Cultural Albano Hartz. Muita gente circulava por ali e lá no início dos anos 50, as bancas já trabalhavam 24 horas por dia.
“Eu pegava o ônibus na antiga rodoviária, mas nem olhava para os lados. Assim, também não percebia que o Cláudio estava de olho em mim”, conta dona Ruth. “Ele teve coragem e veio conversar comigo. Em 1956 começamos a namorar, noivamos e casamos em 1957.”

Sr.Danilo, ex-sócio da Banca e amigo da família lembra que naquela época o comércio era atendido basicamente por homens. “A mulher ainda era mais voltada para o lar. A Ruth foi uma das pioneiras.”
Um fato muito interessante: quando as bancas foram criadas, os proprietários combinaram e determinaram o que cada um poderia vender. O objetivo era um não atrapalhar os negócios dos outros. Na Banca 8 era só café e refrigerante. A 7 era a banca da maçã, dos sorvetes e batidas. Eles tinham um fornecedor de maçãs que vinham da Argentina, eram acondicionadas nuns saquinhos tipo uma rendinha vermelha e o pessoal vinha comprar ali, porque nem se encontrava maçã no supermercado naqueles tempos. Na banca 6, vendia-se revistas, jornais, vitaminas e sucos. Na banca 1 eram loterias…
Outra situação que muitos ainda devem trazer na lembrança é a presença de certas figuras pitorescas que frequentavam as bancas. Dona Ruth relembra: “tinha o Macuco, o Medonho, o seu Bruxel, que era um homem muito culto que vivia na rua. O Macuco tinha uma memória incrível. Vendia bilhetes de loteria e, também por isso, gostava de memorizar as placas dos carros. Acabava sendo uma estratégia de venda, pois ele já separava os bilhetes com os números das placas de quem ele conhecia e sabia para qual cliente oferecer.”
Mas o Sr.Danilo faz questão de dizer: “Eles sempre passavam por aqui, mas não incomodavam, não seguravam lugar, entende? Andavam pra cima e pra baixo, de bairro em bairro até cansar e depois iam embora. Não ficavam azedando por aí, não sujavam, não desrespeitavam ninguém.”
As bancas viraram um ponto de encontro, uma referência na cidade, não por acaso. Dona Ruth conta que os desfiles de 7 de setembro, o carnaval na avenida eram emocionantes. “As famílias inteiras vinham trazendo cadeiras e iam se acomodando atrás do cordão de isolamento. Era muito legal.”

A revitalização e a instalação dos novos equipamentos deve devolver as bancas ao centro das atenções, pois são um cartão de apresentação, um ponto de referência da cidade. As bancas são um legado da história de Novo Hamburgo, um patrimônio público da cidade. No futuro, quem sabe, não sejam transformadas em patrimônio cultural.
Fotos: Divulgação
Que ótima lembrança.
Da Banca 1, Banca Rudi e seus filhos Siegle. E da rodoviária que existia, num frondoso sobrado. Na parte superior era a sede dos Estudantes. E defronte daqueles locais eu fiz o juramento à bandeira, para os dispensados do exército das classes 43 e 44. Quantas lembranças boas.
Muito bom mesmo , pão, nata chimia e salsichão, comia seguidamente e Acompanhado de ótimo café , parabéns ao pessoal e muito sucesso.
Boa matéria Jorge!
As bancas são icônicas, sim
Mas tenho uma dúvida…
A nata,a chimia e o salsichão eram colocados juntos no pão???
João Dario! Precisei me socorrer com o Cláudio Filho,para poder responder.. Segue: A nata e a chimia sempre foi servida juntas no pão ( sempre a nata por cima da chimia) e o salsichão fatiado junto no prato, exatamente como servimos hoje.
Um abraço,
Que viagem no tempo, Jorge!!
Lembranças do Macuco, que ao ver meu pai, relacionava para ele não somente a placa do carro que ele estava, mas todas as placas dos carros anteriores. Ele tinha uma memória incrível!
O medonho que não representava nenhum perigo. As batidas de morango com sorvete, da banca 5 onde trabalhava meu tio Ildefonso, que o chamavam de bigode.
As esperas pelo ônibus, porque antigamente era terminal de ônibus para os bairros.
Obrigada Jorge! Sempre impecável nas matérias e conteúdos que nos remetem ao passado, onde as lembranças nos aproximam de uma realidade vivida a tão pouco tempo mas com tantas riquezas e tantas situações e valores que ficaram para trás, mas gostaríamos de manter no presente e que certamente fariam diferença no futuro!
Grande abraço amigo querido! Parabéns !! 👏👏👏👏👏