Fabiane Jubett, mãe do Gabriel, nasceu e vive no centro de Novo Hamburgo até hoje. Mudou de endereço, mas não de bairro. Como diz ela, criou-se subindo lomba. Primeiro a da Joaquim Nabuco e, depois, a da Augusto Jung. Hoje, ainda não mudaria para qualquer outro lugar, mas se isso acontecesse, privilegiaria a segurança e iluminação como algo determinante.
Para muitas pessoas, morar no centro é algo impensável. No inconsciente coletivo, a imagem da área central é a de um lugar inabitável. Muita gente, muita poluição orgânica e visual, barulho, desleixo e criminalidade, para começar. Nunca tivemos tal nível de degradação aqui e, no mundo inteiro, os governos municipais acabaram encontrando justamente aí, a oportunidade de se reinventar como cidade.

“Sempre tive facilidade de me locomover, subindo lombas, é verdade. Mas onde resido atualmente tudo é mais cômodo. Não precisamos de carro para chegar até os bancos, o comércio… A facilidade do ir e vir eu valorizo muito. E usando só as pernas, chego ao trem rapidinho. Tenho um filho pré-adolescente, que quando adulto, poderá estudar ou trabalhar na capital. Ter uma estação de trem perto facilitará imensamente a vida dele.”
Lembro da polêmica que antecedeu a chegada do Trensurb. Alguns não queriam, porque ele dividiria a cidade, como Canoas. Outros temiam o barulho, a desvalorização dos imóveis nas proximidades. “Diferente do que era imaginado, o barulho do trem é insignificante comparado ao dos carros. Além disso, vai só até um determinado horário”, afirma Fabiane. E não é necessário eu dizer o que todo mundo vê: só houve valorização imobiliária.

“Sou uma pessoa que acorda cedo e o movimento do trem já é parte da minha rotina. Me traz à mente a movimentação de gente, e isso me faz levantar com positividade, sabendo que um novo dia e uma nova oportunidade estão nascendo. Não só eu, mas todos os trabalhadores com seus problemas, suas dificuldades, suas razões e emoções estão vivos, tomando as ruas e a cidade. É a vida acontecendo e eu quero participar. Pulo da cama.”
Com as obras no centro, Fabiane afirma que é natural a confusão. “É como qualquer reforma que tu vais fazer dentro da tua casa. Dá stress. Imagina mudar uma área grande. É obvio que vai dar transtorno nas ruas, no movimento, mas é consequência, o preço que se paga para deixar a cidade mais bonita. Já vistes as calçadas que estão prontas como estão lindas? E a Casa das Artes?”Hoje, o que a moradora sente falta é de um mercado mais próximo. Uma loja menor, que suprisse as necessidades básicas do dia a dia e que a desobrigasse de se locomover até um dos mercados maiores. E diz que na sua rua existem alguns imóveis abandonados que acabam atraindo viciados e pessoas que causam insegurança. No mais, é só alegria.
Sobra, entretanto, críticas para quem faz uso do centro e não respeita. “Eu escuto muita gente reclamar do centro, principalmente em dias de chuva, creditando toda a responsabilidade para o poder público. Acho errado vir para cá trabalhar, se abastecer, se divertir e jogar entulhos nas ruas. Com a chuva, vão ser levados para as bocas de lobo. É lógico que depois vai entupir, vai alagar.”

Pergunto o que faria o bairro valorizar ainda mais? ” Não sei como está a situação da antiga sede do clube social Atiradores, mas é um espaço que poderia ser muito bem aproveitado para sequenciar a zona nobre da Mauricio Cardoso, com enorme valorização imobiliária para o entorno. Ficaria um luxo. Imaginem algo diferenciado ali! Eu já imagino”.
Fotos: Marcos Quintana
Foto Fabiane Jubett: Arquivo pessoal
Tudo tem seu lado positivo. Importante ter bom senso e valorizar os pontos favoráveis. Com bom humor se encontra soluções e se vive muito melhor!
Atualmente moradora do centro, concordo totalmente com Fabiane. Inclusive quanto à antiga sede social do Atiradores, que permanece fechada e se deteriorando…
Admirável o posicionamento dela, na contramão do de outras pessoas, que só se queixam a respeito de tudo. Qualquer mudança encontra resistências e antipatias, mas sem alguma dificuldade, não há crescimento. Isso vale para as obras do centro e para questões pessoais.
Podemos amenizar as coisas para nós mesmos, tentando olhar e valorizar os aspectos positivos, ao invés de constantemente nos queixarmos de forma rançosa e, pior, sem nunca sugerir uma solução melhor para aquilo que nos incomoda.
Bela e construtiva mensagem nessa matéria, Jorge! Parabéns!
Boa tarde Jacqueline, gosto de valorizar o lugar que moro e vivo desde que nasci , acreditando sempre em melhoras, todos temos problemas, mas se supervalorizar o que não for bom não teremos retorno do que é bom. A mente se ocupa tanto em criticar que acaba bloqueando o olhar para as coisas bonitas !!
Boa noite! Realmente obras dão transtornos , mas quando organizadas e muito bem executadas trás um enorme benefício a nossa Cidade, e morar no centro é tudo de bom.