E pensar que hoje ele, o sorvete, está em todo lugar, durante o ano todo. Até em farmácias já tem para vender. Claro que não o da Sorveteria Rei, o mais tradicional da cidade, o primeiro a ser vendido por aqui nos meses de frio e o que melhor representa a capacidade realizadora da nossa gente. Quem conta essa história para o “Empreendendo nos Bairros” é Gabriel Reinheimer, que há mais de 40 anos comanda o negócio no centro, numa dobradinha com Zélia, sua esposa.

Natural de Rolante, Gabriel cursava o eletro-técnico em Taquara e, aos finais de semana, fazia um bico numa sorveteria local. Em 1974, os donos abriram a Rei na Pedro Adams Filho. Três anos depois, convidaram o Gabriel para assumir a administração da loja e a partir daí, ele e sua esposa se dividiram nesta tarefa até concluírem o curso de Direito e o de Belas Artes, respectivamente.
Em 1982, mesmo ano em que terminou sua graduação, surgiu a oportunidade para comprar a sorveteria de Novo Hamburgo. E, assim, os dois puderam continuar construindo essa história que também é um pouco de todos nós. Duvido que exista viva alma daquele tempo que não lembre do significado e da importância da Sorveteria Rei para a sociedade.
“O pessoal gostava de sair do Cine Avenida e tomar um sorvete. Tinha uma época que jovens do movimento religioso do Centro vinham nos domingos à noite, colocavam as cadeiras na calçada e cantavam ao som de violão. Muitos deles, hoje, são professores, médicos e empresários da nossa cidade.”
Antes, todavia, o sorvete não era um produto fácil de se encontrar por aqui. Alguns poucos bares e as bancas tinham para vender, no verão! Era uma ousadia quase que impensável investir num negócio com a sazonalidade que o produto apresentava na época.
“Antigamente as pessoas tinham o costume de só consumir sorvete quando estava muito quente. A sorveteria funcionava de setembro até maio e encerrava totalmente as atividades, voltando a abrir só 4 meses depois. Fomos pioneiros em trabalhar exclusivamente com sorvetes.”

Em 1983, Gabriel botou na cabeça que precisava criar alguma alternativa para enfrentar o inverno. Foi atrás de uma parceria que lhe possibilitasse ofertar algo diferente para poder manter a loja aberta no período de baixa. “Estava muito na moda o chocolate caseiro de Gramado e investimos nisso”, lembra. Novamente, a Sorveteria Rei foi pioneira com sua estratégia de negócio.
“Nisso, fui surpreendido. O que mais vendemos no inverno com a loja aberta foi justamente o sorvete”. O casal descobriu que se não havia sorveteria aberta no inverno, lógico, não tinha sorvete e, portanto, as pessoas não tinham alternativa de escolha. Outra descoberta deles a partir da situação criada: não precisavam de chocolate para manter a operação. E, assim, o negócio passou a funcionar o ano todo.
Em 1994 montaram seu primeiro buffet de sorvetes e aí as vendas deslancharam para valer. “Opções como a cobertura de chocolate, a parte seca, que não é gelada, e os doces que passaram a ser ofertados como acompanhamento quebram o gelo do sorvete e isso agradou muito”, comenta Gabriel.Os anos passaram e chegou o tempo em que ele pensou que já era hora para o descanso do guerreiro. No seu caso, do sorveteiro. Ledo engano. Havia mais trabalho a ser feito. O novo desafio: colocar o conceito de sorvete artesanal que a Rei sempre teve num produto industrializado. Era 2013/2014 e ele resolveu deixar a aposentadoria para depois, e, talvez, quem sabe, um dia desses. Por enquanto, eles têm uma fábrica para tocar e franquias para administrar. O Sorvetes Rei distribui seus produtos por diversos pontos do varejo e nas suas franqueadas, que já estão até no centro-oeste do país.

O que representa a sorveteria para estes dois batalhadores incansáveis? O Gabriel não tem dúvidas: “A sorveteria é um programa de família, continua sendo um hábito saudável, reunindo em algumas oportunidades até 3 gerações. Um local sem venda de bebida alcóolica. De celebração da vida.”
E sobre o Centro, eu pergunto. O que tens a dizer? “Vejo o centro de Novo Hamburgo com saudosismo, pois era mais humanizado. Tínhamos 3 salas de cinema, o Café Avenida… Espero que a revitalização traga mais vida, famílias caminhando com segurança e que Novo Hamburgo se transforme em uma cidade diferente como sempre foi. Uma cidade que receba bem, trate bem dos seus, ande para frente, nos orgulhe de ser hamburguenses.”
A Rei, mantém um tênue vínculo em nossa memória, daqueles tempos do Cine Avenida, aquela loja de revistas que tinha ali do lado onde eu comprava a Mad (primeiro a americana e depois nacionalizada), a Casa Rubens onde a gente comprava a chuteira Club Sul, o Xis Ki-Kão do Selmar, o Cine Lumiére, o Saionara (tinha aquela sessão da meia-noite). O Sr. Bodo ficava só cuidando os guris querendo se passar de maiores de idade prá assistir filmes proibidos. Show de bola.
Parabéns pela matéria Jorge !
Muito bacana . 👏👏👏
Muito boa matéria, ela traz muitas lembranças boas da época, em que a sorveteria Rei já era top para aqueles anos.
Mais um interessante trecho biográfico de nossa cidade! Gosto desse jeito de contar sobre um empreendimento, deixando visível o que há de esforço, sentimento e outros aspectos humanos ao longo de sua história. Inspirador!
E faço coro à esperança do Gabriel: tomara que o centro se torne mais atraente e que haja um movimento, de todos nós, para humaniza-lo.
A Rei marcou minha infância,quando era ponto de parada obrigatória para uma casquinha de flocos logo após o matine de domingo. Hoje tem presença semanal em nossa casa, encontra-se fácil em potes pra levar pra casa, que compro fielmente no mercado Safra. Parabens Jorge, sua ilustração sobre o tema fez passar um filme na minha memória! Continue esse trabalho brilhante!
Parabéns Jorge, pela matéria show de bola! Familia REInheimer, hamburguense de coração e amigos sensacionais. A Sorveteria Rei marcou minha juventude e a infância e juventude de meu filho. Hoje, consigo comprar o sorvete deles perto de minha casa, numa franquia. São percursores na estreia do buffet de sorvetes na cidade. Amei relembrar à história deles. 🍧🍦🍨👏🔝😍
Sim a sorveteria Rei muito boa ,ótimos sorvetes e muitos encontros com amigos. Parabens pela materia.
Lendo a matéria voltei no tempo..fazia parte do grupo de jovens que cantava na frente da sorveteria. Periodo muito bom.
Vivemos e fortalecemos nossa fé e laços de amizade de forma saudável.
O sorvete de abacaxi francês e meu preferido e este casal inigualável para nos atender.
Obrigada pela bela viagem pela minha adolescência.
Parabéns Jorge! !…Nossa revivi minha infância! Costumava ir com frequência na sorveteria Rei com amigas e o sorvete de melão sempre imbatível! Amei a repotagem!Bons tempos q deixaram saudades! …outros estão por vir…amo nossa cidade !Grata