Águas dançantes, carnaval na avenida e lambaris no arroio. Há 40 anos, o centro de Novo Hamburgo era outro

Há cerca de 40 anos, as famílias saíam de suas casas nos bairros aos finais de semana para passear no centro de Novo Hamburgo. À noite, as pedras que pavimentavam a Pedro Adams Filho reluziam de alegria ao receber tanta gente. As pessoas vinham ver o movimento, as águas dançantes, tomar sorvete e ir ao cinema. Marcelo Clark, empresário formado em administração, ex-presidente da ACI, habitava o centro naquela época e ainda vive no coração da cidade.

As áreas centrais valorizaram imensamente nas cidades que as revitalizaram

Marcelo veio de Porto Alegre para Novo Hamburgo quando tinha 5, 6 anos de idade. Sua família foi morar perto de onde, hoje, fica o shopping. Depois, na Av Pedro Adams Filho, ao lado da antiga Droga Rio.

– Minha vida é aqui – afirma ele. – Eu brincava com meus amigos dentro do arroio Luís Rau, de tão limpa que era a água, acreditas? O pessoal pescava lambari mais para frente. Adoro o centro, suas histórias e minhas recordações.

Saudosismo e confiança no futuro na entrevista do empresário

O empresário se considera um hamburguense e o centro é sua paixão. Conta que divertiu-se muito por estas bandas. Quando tinha entre 10 e 15 anos, assistia ao carnaval na Av. Pedro Adams Filho, que na época acontecia ali e atraía muita gente. Estamos falando de quatro décadas, o que nem é tanto tempo assim! Seu pai, comenta, trabalhava na Exatoria, onde ficava o antigo Banco do Brasil.

Novo Hamburgo se modificou, evoluiu. Mas essas lembranças são marcantes e Marcelo recorda que havia a Padaria Stoffel no centro, o mercado Samas, que era o maior supermercado da cidade. Depois veio o Kastelão, que hoje é o Big Walmart. Quando perguntado sobre o que mais lhe encantava na cidade que já fomos, o empresário afirma sem pestanejar:

– O chafariz da Praça do Imigrante! A gente ia ali assistir as águas dançantes. Era um espetáculo. Havia música e as águas jorravam ao ritmo dela, com luzes coloridas acompanhando. A prefeitura, agora, está reformando aquele espaço e resgatando algumas coisas do passado. O bairro foi mudando e continua mudando.

Na visão do empresário as perspectivas são muito boas para o futuro próximo. Ele acredita que a revitalização que está acontecendo vai fazer a comunidade ver o bairro com outros olhos e que as pessoas voltem a passear no centro, olhar as vitrines, tomar um sorvete à noite… Para isso, diz ele, é preciso revitalizar, iluminar, ter atrações e segurança. A Casa das Artes é uma grande notícia também, lembra ele.

– Várias cidades que revitalizaram as áreas centrais viram elas se valorizarem imensamente.

A cidade está voltada para o futuro. Em 40 anos, a evolução é visível

As características fundamentais do bairro para o Marcelo é que tem tudo perto: mercados, lojas, shopping, restaurantes, bancos. A mobilidade no centro, diz ele, é até melhor, menos crítica do que na Maurício Cardoso, por exemplo. Ele também vê uma diminuição de pessoas morando nas ruas. Mas afirma que sempre vai existir alguma coisa para melhorar.

– O centro é um lugar de grande fluxo, trabalho, comércio. Precisa de mais alternativas de mobilidade. Não temos uma ciclovia legal na área. Os ônibus de bairro poderiam levar para algum lugar que distribuísse melhor as linhas.

Como de costume, quis saber do Marcelo quais são os valores que ele vê no centro para atrair investimentos imobiliários. Ele me disse que é um bairro que gira em torno do sistema financeiro, tem as entidades que representam segmentos importantes da economia local. Na sua percepção, hoje, o grande negócio é ir trabalhar de manhã e não precisar de carro pra ir almoçar, voltar para o escritório. Isso o centro proporciona, conclui.

Foto Marcelo Clark: Arquivo pessoal

Fotos: Marcos Quintana

5 thoughts on “Águas dançantes, carnaval na avenida e lambaris no arroio. Há 40 anos, o centro de Novo Hamburgo era outro”

  1. A matéria de hoje me trouxe muitas lembranças boas! Também sou do tempo em que ia com minha família ao centro, para passear e ver o chafariz, ficar ali no entorno. Passei pelas obras atuais nesta semana, que obviamente são necessárias, mas lamentei não ver a estrutura do chafariz…
    Parabéns pela matéria, mais uma vez, Jorge! Em poucas linhas consegues dar um panorama e trazer dados interessantes de cada local.

  2. Nasci em Novo Hamburgo e nos passeios em familia, tinhamos muito orgulho das águas dançantes! Pesquei muito lambari perto de casa e fiz ginástica nos paralelepípedos da Pedro Adams, quando desfilávamos com a Banda do Santa! Parace que foi ontem! 😍
    Obrigada Jorge!

  3. Boa tarde, sim realmente era no centro da cidade de NH que era um ponto de encontro das famílias, eu inclusive cheguei a frequentar e assistir as águas dançantes, muito muito legal.

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